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- Publicada em 01 de Agosto de 2016 às 20:19

A 'misoginia' de Dilma

Em entrevista publicada pela revista estadunidense Time, que circulou no fim de semana, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) classificou como "misógino" o processo de impeachment a que está sendo submetida. A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta, se ela considerava o impedimento como um processo sexista. "O fato de uma mulher ter se tornado a primeira presidente da República do Brasil dá origem a uma avaliação muito estereotipada, em que é dito que as mulheres são histéricas, ou quando não são isso, são insensíveis, frias e sem coração", disse ela.
Em entrevista publicada pela revista estadunidense Time, que circulou no fim de semana, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) classificou como "misógino" o processo de impeachment a que está sendo submetida. A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta, se ela considerava o impedimento como um processo sexista. "O fato de uma mulher ter se tornado a primeira presidente da República do Brasil dá origem a uma avaliação muito estereotipada, em que é dito que as mulheres são histéricas, ou quando não são isso, são insensíveis, frias e sem coração", disse ela.
Como o repórter se surpreendeu com a resposta, Dilma seguiu tentando explicar: "Eu fui pintada como uma pessoa fria, dura e insensível, em um lado. E pelo outro lado, fui pintada como uma pessoa histérica". Disse também que está sendo "julgada por um não crime - e o que está acontecendo no Brasil não é um golpe militar, mas é um golpe parlamentar".
Misógino - expressão pouco usada no idioma português - é a condição de quem pratica a misoginia; esta é definida nos dicionários como "desprezo e/ou aversão pelas mulheres".
 

A propósito

O surgimento do "misógino" foi, agora, um momento que bisou 2015, ano em que a presidente Dilma Rousseff abusou das frases longas e confusas, engatadas umas nas outras. Trata-se de uma retórica que já originou um idioma chamado, em Brasília, de "dilmês". Em seu constante conflito com os microfones, a lógica e a língua portuguesa, ela conseguiu, ao longo dos últimos 18 meses, produzir pérolas que vão da saudação à mandioca à análise da impossibilidade de estocar vento.
Sem esquecer, também, que "aeroporto é uma outra forma de transporte". Ah, teve também a saudação à "mulher sapiens". E por aí...
 

Lá vai ele...

Com a certeza de que o impeachment será votado nos últimos dias de agosto, Michel Temer (PMDB) já está de viagem marcada ao exterior: vai à China no dia 2 de setembro; será sua primeira viagem internacional, com 10 dias de duração. Toda a programação oficial já está feita, com a certeza de que Dilma Rousseff será defenestrada no julgamento político pelo Senado.
Na conjunção, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), será presidente do Brasil. Nada mal para quem, dois meses atrás, perdeu uma eleição para líder do governo Temer. O mundo anda.
 

Tartarugas supremas

Nos últimos 10 anos, o Supremo Tribunal Federal demorou, em média, 662 dias para analisar uma acusação criminal contra autoridades com foro privilegiado como são deputados, senadores e ministros. Nos casos em que a denúncia foi aceita e aberta a ação penal, o Supremo levou mais 945 dias até a absolvição ou condenação definitiva do réu. E - segundo levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Rio - estes prazos estão aumentando.
 

Uma longa defesa

As razões finais de Dilma Rousseff foram entregues na quinta-feira passada: são longas 536 páginas. Nelas, a palavra "golpe" aparece 98 vezes. É a demonstração de que os argumentos defensivos seguem a mesma linha seguida até agora.
 

Corte de supérfluos

Nos últimos 10 meses, Sky e Net perderam cerca de 800 mil assinantes. Eles são gente sobretudo das classes C e D. Além do notório aperto financeiro que atinge muitos bolsos, há outros fatores a considerar: o crescimento da Netflix, já com 4,8 milhões de usuários pagantes; e a chegada, ao mercado, do Google Play e do Amazon Prime Vídeo.
Oxalá sejam os consumidores os grandes vitoriosos, na guerra que, entre si, as empresas terão que travar, disputando o encolhido mercado. É de esperar, também, que Net e Sky melhorem seus serviços de atendimento ao consumidor.
 

Lula advogado!...

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que quer estudar Direito, "porque a advocacia está dando dinheiro por causa da Lava Jato". Ele falou assim no seminário Sistema Financeiro e Sociedade, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, da CUT, em São Paulo. Ah! Lula não falou em fazer vestibular.
 

Detalhes novos

A Editora Record lança em novembro a nova biografia de Roberto Carlos escrita por Paulo César de Araújo. Não será o mesmo texto de "Roberto Carlos em detalhes", lançado em 2006 pelo mesmo autor e censurado pela Justiça, a pedido do cantor, no ano seguinte.
Os novos originais estão prontos: Araújo reescreveu a biografia anterior e acrescentou histórias e minúcias atualizadas até a década atual. O livro anterior parava na década de 1990.
 

Esquiva panamenha

O Panamá, um dos principais paraísos fiscais do mundo, não colabora com as investigações da Operação Lava Jato. Os procuradores federais em Curitiba tentaram, nos últimos meses, ter acesso à íntegra de uma conta da Odebrecht no país, mas as autoridades panamenhas se recusaram a entregar os dados.
Elas consideram que os números relatariam também pagamentos a pessoas politicamente expostas do próprio Panamá, onde a Odebrecht tem diversas obras. Ajudar o Brasil a pegar brasileiros safados significaria enrolar nomes panamenhos. E lá não tem Lava Jato.
 

Distância dos voos comerciais

Sem mais direito aos mordômicos e gratuitos jatinhos da FAB, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - para escapar de prováveis constrangimentos em voos de carreira - tem viajado entre Brasília e Rio de Janeiro a bordo de um jato bimotor da Embraer, que é táxi-aéreo. Ninguém sabe qual o cartão de crédito que paga a conta.
 

Ponto final

No dia 28 de julho, Lula reclamou, na ONU, contra o suposto "abuso de poder" do juiz Sérgio Moro. A reação da magistratura brasileira veio em imediatos rastilhos em defesa do juiz paranaense, feitos por Ajufe, AMB e outras entidades de classe. Coincidência ou não, um dia depois, Lula virou réu em outra ação penal, por decisão do juiz federal Ricardo Leite, que trabalha a 1.366 quilômetros de distância da "república de Curitiba". Ora, as ideias de Moro estão, em boa hora, espalhadas por toda a magistratura nacional. A propósito, quando chegará o momento de alguém mandar recolher Lula a um?... Bem, deixem para algum juiz decidir.
 

Romance forense: Sentenças da vida

 Charge Vital

Charge Vital


REPRODUÇÃO/JC
Em um coquetel promocional do lançamento de um novo produto de argentário banco, um homem - notoriamente conhecido entre seus amigos por sua falta de memória - toma mais um drinque enquanto conversa, modo enrolado, com os circunstantes. De repente surge um cidadão bem vestido, nariz empinado, puxando assunto:
Olá! A festa está boa, não é mesmo?
Sim, muito boa mesmo, responde o primeiro, sem muito interesse.
Mas o recém-chegado à roda prossegue a conversa:
Muito prazer, eu sou o doutor Menezes, magistrado aposentado.
Olá, Menezes, eu sou o Souza, responde o homem comum.
Eu me aproximei, porque, profissionalmente, a sua feição me parece meio familiar. Acho que já o vi antes. Talvez tenhamos nos encontrado em alguma audiência, ou julgamento.
Não, não sou advogado!
Então, quem sabe, o senhor compareceu como autor ou réu de algum processo. Será que dei uma sentença que lhe foi favorável ou desfavorável?
Nada disso, detesto fóruns, audiências, juízes, promotores, advogados. Sou apenas o sério gerente financeiro de uma empresa de telefonia.
O doutor Menezes então pensa alguns instantes e dispara:
Espera aí, Souza... Você por acaso era casado com a Helena Guilhermina Gonçalves de Souza?
O homem se espanta:
Era, sim! Mas nós nos separamos em 2007! Por que o senhor está me perguntando isso?
E o doutor responde:
Ah... Eu estava mesmo com a sensação que já tinha dado alguma sentença contra você!... É que eu me casei com ela. Desculpe.
E de fininho sai da roda.