Ricardo Gruner

Sete amigos comemoram, no mesmo palco, quatro décadas de carreira: o espetáculo Encontro marcado reúne Flávio Venturini, Sá & Guarabyra e o grupo 14 Bis. Com um histórico cheio de coincidências, os artistas apresentam sucessos de suas carreiras a partir das 21h de sábado. O show acontece no Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685) e tem ingressos por valores de R$ 100,00 a R$ 180,00 - disponíveis pelo site www.ingressorapido.com.br.

A trajetória dos colegas está ligada desde os anos 1970. Na época, Sá & Guarabyra convidaram Flávio Venturini para participar das gravações de Nunca, o primeiro registro que realizaram sem o parceiro Zé Rodrix. A mesma oportunidade também pavimentou o encontro do mineiro com o grupo O Terço - uma espécie de embrião do 14 Bis, formado por Sérgio Magrão, Vermelho, Hely Rodrigues e Cláudio Venturini, irmão de Flávio, que também fez parte da equipe.

O percurso trilhado pelo coletivo desde então inclui uma série de colaborações. Famosa na voz de Milton Nascimento, Caçador de mim é uma composição de Sá e Sérgio Magrão, por exemplo. A canção aparece no repertório do espetáculo deste fim de semana ao lado de trabalhos como Mestre Jonas, Espanhola, Todo azul do mar e Nave de prata.

Conforme Venturini, o setlist traz o material mais significativo da carreira de cada um, e a própria montagem tem uma vantagem em relação a encontros anteriores protagonizados pelos músicos. Dessa vez, não há banda de apoio, explica ele, em alusão ao fato dos sete músicos ficarem no palco durante todo show.

Devido a esse tom de coletividade, as faixas são relembradas através de releituras. Em algumas os arranjos são alterados; em outras segue-se as ideias das gravações, mas com a adição de novas vozes e instrumentos. E, a título de curiosidade, há também momentos nos quais os convidados contam histórias dos bastidores por trás das composições entoadas.

Por parte de Sá & Guarabyra, o público pode esperar alguns exemplares do estilo que ficou conhecido como "rock rural", com elementos do folk e do country. O pó da estrada e Me faça um favor representam o gênero, conforme Sá, que cita uma confusão a respeito da obra dupla. "Apesar de nosso trabalho ter se distanciado daqueles 'rocks rurais' originais em muitos aspectos, acabamos adotando o rótulo, que transformou-se em uma denominação genérica que abrange nossas quatro décadas de composição", destaca ele, cuja carreira inclui até o tema da novela Roque Santeiro. Para o futuro, a dupla aponta a ideia de lançar um novo registro - em 2017, senão um CD ou um DVD, pelo menos alguns singles através das redes sociais ("um filão ainda mal explorado por nós", nas palavras do músico.)

O próximo ano de Flávio Venturini também deve ser cheio de compromissos. Atualmente, o mineiro se divide entre shows com duas orquestras e preparativos para um álbum - cuja primeira faixa, Mantra de São João, já está disponível nos principais sites de streaming e lojas virtuais. Além do lançamento deste registro, está em seus planos a pré-produção de um disco inédito d'O Terço, o primeiro com a formação da fase áurea da banda em 40 anos.

Em comum, Sá & Guarabyra, 14 Bis e Venturini seguem com o Encontro marcado - projeto que pode se prolongar, já que o circuito pelo qual o espetáculo passou é limitado. "Ainda não sabemos por quanto tempo esse show continuará, mas está sendo tão prazeroso (...)", descreve o último, sobre estar tocando e cantando com os companheiros novamente.

Não à toa, Canção da América - em que Fernando Brandt escreveu que "Amigo é coisa pra ser guardar do lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam 'não'" - é a única música do repertório que não tem composição de nenhum dos sete participantes.