Caroline da Silva

Entre as atrações culturais da semana está a realização, pela terceira vez consecutiva, de mais uma 8½ Festa do Cinema Italiano. O evento traz à Capital o que de melhor e mais ousado tem sido produzido no audiovisual contemporâneo, com todas sessões à noite no Espaço Itaú de Cinema (Túlio de Rose, 80), de 25 a 31 de agosto. A seleção traz sete títulos para a mostra: Loucas de alegria, As confissões, Meu nome é Jeeg Robot, Amor eterno, Não seja mau, Paro quando quero e As consequências do amor. Detalhes em www.festadocinemaitaliano.com.br.

Realizado há nove anos em Portugal, a terceira edição no Brasil amplia o circuito para São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis. O festival é organizado no País pela Associação Il Sorpasso em colaboração com Mottironi Editore, com o apoio institucional da Embaixada da Itália em Brasília, dos Institutos Italianos de Cultura de São Paulo e Rio de Janeiro, do Consolato Generale d'Italia de Porto Alegre e do Ministério da Cultura Italiana.

A abertura oficial será amanhã, com o Cine-Jantar Pasta Garofalo. Marcado para as 19h, haverá exibição especial e exclusiva da versão restaurada do filme 8 - Oito e Meio, de Federico Fellini. Após, às 21h30min, acontece a refeição temática no Ristorante Tartoni, que fica no mesmo piso do cinema no shopping Bourbon Country. Informações e reservas pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (51) 8114-2710 e 9449-8994.

Para abrir a programação, na quinta-feira, foi escolhido Loucas de alegria, de Paolo Virzì, em caráter de pré-estreia. Distribuído pela Imovision, o título estreia no Brasil em 1 de setembro. Atualmente, o diretor está nos Estados Unidos rodando seu novo longa, uma produção da Indiana Films, o primeiro totalmente falado em inglês.

O italiano respondeu à entrevista diretamente de Atlanta, mas não revelou muitos detalhes sobre a narrativa - só adiantou os astros que farão parte: "É um grande desafio, muito animador. Desta vez, tudo se passa aqui. Vou trabalhar com dois atores incríveis, Helen Mirren e Donald Sutherland, vai ser uma responsabilidade. Espero estar à altura deles".

Virzì também opinou sobre a produção cinematográfica italiana atual e suas dificuldades: "Ainda que a nossa indústria nacional esteja passando por uma crise crônica, todos os anos há uma nova safra interessante. A seleção da 8 Festa do Cinema Italiano traz bons exemplos". Ele cita duas estreias: Paro quando quero, de Sydney Sibilia, e Me chamo Jeeg Robot, de Gabriele Mainetti. "São surpreendentes. Fizeram sucesso de crítica e também de público. Revelam muito de como pensa e age a nova geração de italianos e de cineastas do país", comenta.

Para o realizador, fazer cinema em sua pátria ainda é uma aventura. "Mas acompanho o trabalho dos colegas com interesse. E vejo este nosso novo cinema com otimismo, apesar de tudo", completa. Este espírito aventureiro pode ser reconhecido em Loucas de alegria, que traz duas mulheres com traumas do passado partindo em uma espécie de road movie em busca de um pouco de felicidade, mesmo que passageira.

No enredo, destaque para a excelência de Valeria Bruni Tedeschi e Micaela Ramazzotti (esposa do diretor) nos papéis principais, Beatrice e Donatella: "São ótimas atrizes. Eu sempre quis fazer um filme com as duas. E Valeria traz, assim como Micaela, a capacidade de unir a tragédia e a comédia, a dor e a alegria. Para mim, encontrar este equilíbrio tanto nos meus filmes quanto na atuação delas é crucial. Não só no cinema, diria, mas na vida, este equilíbrio é preciso".

O cineasta avalia que, em toda a sua obra, trata dos dramas de quem não se ajusta, "de quem é muito humano" (seu longa anterior, Capital humano, fez parte do festival no ano passado). A história do filme desta edição é sobre não ter vergonha, não esconder problemas mentais, mas falar disso abertamente.

"Em Loucas de alegria, há o caso de quem é até afastado do convívio social, por sentença judicial - mas que não deixa de ter vontade de ser feliz, de se curar. Essas duas mulheres, por mais que suas origens sociais sejam diferentes, desenvolvem uma grande amizade, se entendem e fazem bem uma à outra", conta Virzì.