As paralisações nas montadoras em julho e agosto podem voltar a afetar os resultados da produção industrial no País e prolongar o ajuste no pessoal ocupado na atividade, segundo especialistas. Pelo menos seis fábricas de montadoras estão com as atividades suspensas. O segmento de veículos automotores responde por cerca de 10% de toda a atividade industrial brasileira, mas também influencia outros setores da cadeia produtiva.
"Mais importante do que o peso em si da atividade de veículos é o encadeamento com outros setores industriais, como os segmentos de outros produtos químicos; borracha e material plástico; metalurgia; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos; e até móveis, por causa dos assentos", enumerou André Macedo, gerente da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Portanto, qualquer movimento no setor se reflete nos resultados da indústria no País, ressaltou Macedo. "O setor de veículos automotores tem um encadeamento importante com outras atividades. Quando tem comportamento positivo, ele influencia positivamente. Mas o contrário também é verdadeiro."
Apesar da melhora recente na produção, com avanço nos últimos quatro meses, a indústria ainda mantém a política de cortes de funcionários e foi responsável pela extinção de 61 mil vagas apenas no segundo trimestre, de acordo com informações do IBGE. Em relação ao segundo trimestre 2015, foram extintas 1,440 milhão de vagas na indústria. O fechamento e a paralisação recentes de fábricas do setor automotivo podem tanto agravar a situação do emprego quanto postergar a recuperação da produção nas próximas leituras de indicadores do setor.