Fundada em 2001, a Uergs foi concebida para ser uma universidade voltada à inovação e ao desenvolvimento regional. Como tal, deveria romper o paradigma dominante no Ensino Superior brasileiro, organizado em torno do ensino de graduação, para ser uma universidade organizada a partir de prioridades de pesquisa voltadas às necessidades do desenvolvimento do Estado, prioridades estas que também organizariam o ensino.
Sua implantação, no entanto, obedeceu a uma lógica diametralmente oposta: disseminação de cursos de graduação espalhados em mais de duas dezenas de municípios gaúchos, em condições que mal permitiam a reprodução da velha prática do cuspe e giz, organizados segundo um projeto pedagógico reprodutor dos atavismos culturais de uma sociedade que ainda traz, dentro de si, fortes resistências à modernidade.
A universidade amadureceu. Em seus 15 anos de vida apresenta cicatrizes que não condizem com a idade, mas a perda precoce do frescor da adolescência foi recompensada pelo duro realismo de quem amadurece percebendo que os que lhe pareciam generosos na verdade lhe preparavam a tumba.
É hora, portanto, da virada. Não se trata apenas de "recuperar o projeto original". Trata-se de preparar o caminho para que a Uergs seja uma universidade de primeiríssima linha, uma universidade "top".
Para tanto, ela deve, de um lado, centralizar toda a política de pesquisa e difusão técnico-cultural do Estado, hoje dispersas numa multitude de órgãos em variados graus de inadimplência em face dos compromissos para os quais foram constituídos.
Estas transformações não serão fáceis. Elas certamente despertarão resistências dentro e fora da universidade, pois implicarão em mudanças na estrutura de algumas instituições do Estado, que passarão a integrar a estrutura da Uergs.
Secretário estadual adjunto do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia