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Saneamento

- Publicada em 12 de Julho de 2016 às 22:16

Gosto ruim na água da Capital se deve à poluição, afirma microbiologista da Ufrgs

Informações obtidas em reunião serão encaminhadas à Promotoria

Informações obtidas em reunião serão encaminhadas à Promotoria


ANTONIO PAZ/JC
A água de Porto Alegre é bem tratada, mas o lugar de onde ela é coletada, o Guaíba, é poluído. Segundo a microbiologista e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Sueli Van Der Sand, no momento em que a água é extraída de um ambiente altamente poluído, bactérias se proliferam, devido à alta concentração de matéria orgânica. "O tratamento da água, por si só, não retira o odor, apenas torna a água potável. O problema não é o tratamento, e sim a péssima qualidade da água que coletamos", explica.
A água de Porto Alegre é bem tratada, mas o lugar de onde ela é coletada, o Guaíba, é poluído. Segundo a microbiologista e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Sueli Van Der Sand, no momento em que a água é extraída de um ambiente altamente poluído, bactérias se proliferam, devido à alta concentração de matéria orgânica. "O tratamento da água, por si só, não retira o odor, apenas torna a água potável. O problema não é o tratamento, e sim a péssima qualidade da água que coletamos", explica.
A provável causadora do gosto e do cheiro ruins sentidos desde maio na água da torneira da Capital é a bactéria actinomiceto, encontrada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) na semana passada em alta quantidade na Casa de Bombeamento nº 5 do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Conforme Sueli, o ser humano tem sensibilidade para sentir alteração no gosto quando há concentração de 10 nanogramas de bactéria por litro d'água. No Guaíba, há mais de mil nanogramas por litro. O tratamento para o gosto e o odor da água, através de aplicação de ozônio ou nanofiltração, por exemplo, são "inviáveis", de acordo com a profissional.
"Sempre teremos material orgânico na água, mas não em concentração tão alta. Aí, quando temos períodos de baixa quantidade de chuva, a concentração da matéria orgânica fica maior, o que propicia a eutrofização, o aumento da população microbiana, e ocorrem esses problemas", aponta a microbiologista. Se o esgoto expelido para o Guaíba fosse tratado, a concentração seria muito menor.
Sueli foi uma das participantes de reunião ontem da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara de Vereadores. O encontro reuniu pesquisadores, ativistas da causa ambiental e representantes da Vigilância Sanitária municipal e do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). A Fepam, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) foram convidadas, mas não enviaram representantes.
 

Maioria das reclamações registradas pelo telefone 156 é do Centro e da Zona Norte

A Cosmam organizou dois mapas de Porto Alegre sobre o gosto da água - um a partir de enquete nas redes sociais e outro segundo reclamações no telefone 156. Nos últimos 90 dias, foram 1.003 protocolos sobre o assunto. A maioria dos problemas foi registrada no Centro e Norte da Capital. No Extremo-Sul, o maior problema é a coloração turva da água.
A presidente da comissão, vereadora Lourdes Sprenger (PMDB), informou que encaminhará as informações para a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, que tem investigado a situação. "Lamentamos que o Dmae não compareceu. Com isso, está dando as costas para a sociedade. Lamentamos, também, que a falta de pessoal e equipamentos nos órgãos de fiscalização ambientais tenha causado a necessidade de enviar o material para ser analisado em laboratório em São Paulo. Se tivéssemos infraestrutura mais moderna e eficiente, o município não precisaria aguardar tanto tempo por uma solução", destaca.
O engenheiro químico Rogério Balestrin, da Vigilância em Saúde, conta que foram verificadas alterações na água em maio na Zona Norte. "Não tinha havido nenhuma alteração no tratamento, e percebemos que o cheiro vinha da água bruta, ou seja, a alteração era manancial. Como todas as análises apresentaram normalidade e não havia presença de toxicidades, concluímos que não havia risco iminente", relata. As análises finais devem ser entregues na semana que vem.