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Economia

- Publicada em 12 de Julho de 2016 às 22:09

Para Getschko, internet tem que seguir sem fronteiras

 Demi Getschko Divulgação CGI.br

Demi Getschko Divulgação CGI.br


CGI.BR /DIVULGAÇÃO/JC
Patricia Knebel
Tolerância e diversidade, segurança, direitos e Internet das Coisas (IoT) estiveram no centro das discussões nesta semana em Porto Alegre durante a 6ª edição do Fórum da Internet no Brasil. O evento, promovido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e que se encerra hoje, no Centro de Eventos da Fiergs, trouxe para a Capital grandes nomes da rede mundial, como Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e considerado um dos pais da internet brasileira. Formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), ele foi o responsável pela primeira conexão TCP/IP brasileira, realizada em 1991. Getschko defende o Marco Civil, diz que a internet deve continuar livre e afirma que o caminho é educar os usuários e não tentar tutelar a rede.
Tolerância e diversidade, segurança, direitos e Internet das Coisas (IoT) estiveram no centro das discussões nesta semana em Porto Alegre durante a 6ª edição do Fórum da Internet no Brasil. O evento, promovido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e que se encerra hoje, no Centro de Eventos da Fiergs, trouxe para a Capital grandes nomes da rede mundial, como Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e considerado um dos pais da internet brasileira. Formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), ele foi o responsável pela primeira conexão TCP/IP brasileira, realizada em 1991. Getschko defende o Marco Civil, diz que a internet deve continuar livre e afirma que o caminho é educar os usuários e não tentar tutelar a rede.
Jornal do Comércio - O Marco Civil mal se estabeleceu, e já existem vários projetos tramitando para tentar endurecer as regras vigentes. O senhor vê algum risco para essa legislação?
Demi Getschko - O Marco Civil é a mais avançada legislação de internet do mundo. É uma lei que coloca limites para tentar proteger a privacidade das pessoas, definindo, por exemplo, que um serviço que se alimente dos seus dados deixe isso claro e lhe dê a opção de aceitar ou não. Essa legislação também coloca a Justiça no papel de definir se um texto publicado deve ser retirado, não impondo essa responsabilidade para os provedores. Justamente por ser uma lei muito boa e por proteger a rede, hoje existem iniciativas do Legislativo, do Executivo e da sociedade organizada, com boa ou má intenção, de tentar colocar freios, amarras na abertura da internet. Sem falar que essa tecnologia afeta modelos de negócios tradicionais, o que tem feito com que vários players tentem enquadrá-la ao cenário que estavam confortáveis antes. Sob a égide de melhorar a segurança, a privacidade e outros pontos, acreditam que é preciso endurecer as regras. Essa é uma reação típica de quem se vê afetado pelas rupturas que a internet traz.
JC - Qual o melhor caminho para equilibrar questões como direitos individuais, privacidade e liberdade de expressão na rede mundial?
Getschko - Estamos em fase de aprendizagem de como tudo isso vai funcionar. Gosto do modelo aberto. A internet trouxe um mundo novo, e entendo que isso traz alguma complexidade, mas não adianta enquadrar, temos que repensar as coisas. Quem viu a internet surgir com toda a sua exuberância e acompanha a evolução até os dias de hoje sabe da grande mudança que essa tecnologia é capaz de causar na economia, no comportamento das pessoas e também na forma de aplicar as leis. Isso acontece, porque estamos falando de algo que rompe padrões estabelecidos.
JC - Como o senhor, defensor da internet livre, encara os projetos que propõem censurar o que é dito na internet?
Getschko - Um lado altamente positivo da web é justamente o de colocar as pessoas a participar e a debater. Por outro lado, isso pode fazer com que os usuários embarquem em canoas furadas, como ao apoiar causas que não sabem exatamente se são verdade ou não, dentro do conceito de efeito de multidão. Todo mundo passou a falar o que acha ou deixa de achar, e isso causa precipitação em diálogos de maior profundidade. Esses aspectos positivos e negativos, às vezes por boas ou más intenções, fazem com que surjam medidas para que se estabeleçam limites ao que é dito, que nada mais é do que uma tentativa de impor censura. A minha posição é que devemos manter a internet nas suas características originais, sem fronteiras, ampla e aberta. É melhor educar os usuários e esperar pela sua maturidade do que tutelar a rede.
JC - Com a IoT, corremos o riscos de perder o controle sobre o que os nossos objetos comunicam?
Getschko - A Internet das Coisas (IoT) é uma realidade hoje. Na medida em que colocamos eletrônica embarcada em televisores, geladeiras e carros - e adicionamos a isso uma rede -, criamos a base para que esses dispositivos passem a se comunicar. Eu posso programar o meu celular para ele falar com o ar-condicionado e avisar quando eu estiver chegando em casa e, assim, preparar o melhor ambiente. Se formos pensar, isso é extremamente confortável; mas, ao mesmo tempo, deixamos de ser o centro de controle dos processos. Ou seja, as coisas podem começar a transmitir entre si informações que talvez o usuário não queria. O fato de poder avisar remotamente a sua casa que você está chegando é bom, mas, se você estiver sendo sequestrado, o ladrão vai entrar junto. Outra situação é o aparelho de pressão avisar o médico que a sua pressão está alta, o que seria ótimo. Mas e se ele comunicar também o seu empregador e você for prejudicado por isso? Isso pode acontecer tanto se um hacker passar a acessar os seus dispositivos ou até mesmo alguém que esteja autorizado. A IoT é muito interessante, mas traz uma coleção de novos riscos à privacidade e à segurança, e isso precisa ser debatido, senão passaremos a ser objeto, e não sujeito dos processos.
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