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Economia

- Publicada em 11 de Julho de 2016 às 16:43

Recuperação judicial da Oi desestigmatiza mecanismo, diz especialista

Franco avalia que nível elevado de processos deve continuar até 2018

Franco avalia que nível elevado de processos deve continuar até 2018


Itamar Aguiar/Agencia Freelancer/JC
Apesar de ter surpreendido o mundo corporativo brasileiro, o pedido de recuperação judicial da Oi pode até ser terapêutico. O advogado e presidente da Turnaround Management Association, Renato Franco, avalia que o processo, aberto há duas semanas e já aceito pela Justiça, pode ajudar a desestigmatizar o recurso.
Apesar de ter surpreendido o mundo corporativo brasileiro, o pedido de recuperação judicial da Oi pode até ser terapêutico. O advogado e presidente da Turnaround Management Association, Renato Franco, avalia que o processo, aberto há duas semanas e já aceito pela Justiça, pode ajudar a desestigmatizar o recurso.
Com passivo de mais de R$ 65 bilhões, a companhia de telefonia movimenta o maior volume de débitos desde que a lei entrou em vigor, em 2005. Os pedidos de recuperação judicial dispararam 87,6% de janeiro a junho deste ano ante igual período de 2015, atingindo o recorde de 923 ocorrências, segundo a Serasa Experian. Apenas em junho, mesmo mês em que a Oi entrou coma medida, a alta foi de 60%, com 168 pedidos.
"Muitos empresários são céticos sobre a recuperação judicial, mas quando veem uma gigante neste processo começam a repensar o mecanismo e podem concluir que não é tão ruim", justifica o advogado, que veio a Porto Alegre para destrinchar a pauta no Meeting Jurídico da Federasul. O receio de potenciais candidatos a buscar a saída seria atrelado a dúvidas sobre o sucesso e o alto custo do instrumento.
"Eles (empresários) consideram que há baixo êxito e alto custo, mas ninguém entra porque quer, mas porque precisa", ressalta o presidente da Turnaround Management Association. Sobre a escalada de negócios que têm buscado o recurso, Franco espera que continue nos níveis atuais. "Mesmo que a economia mostre sinais de ponto de inflexão para cima, as empresas não saem dos problemas de liquidez da noite para o dia. Precisam de capital de giro, e este ainda é escasso", justifica o especialista.
O cenário de pedidos ainda crescente deve se manter no período de um ano e meio a dois anos. Um dos motivos está ligado à derrocada de projetos e investimentos da Petrobras, que leva junto um grupo de companhias que se dedicaram aio setor de óleo e gás. "A estatal não está pagando, e isso mantém em nível muito alto as dificuldades e a geração de caixa das empresas."
Segundo ele, o instrumento da recuperação se mostra eficaz, mas tudo vai depender da aplicação pelos gestores. Os dois anos de carência para retomar o pagamento de dívidas são um dos fatores mais decisivos para ajudar um negócio a se reerguer. "Os dois anos são o prazo para o empreendedor poder voltar a crescer e se recompor", vincula o advogado.
Alguns casos de operações de setores da economia que já sofrem com baixa competitividade acabam enfrentando mais adversidade, observa o especialista. "Nestes casos, nem o melhor gestor ou administrador vai resolver." O problema é estrutural e envolve mudanças que precisam ocorrer em uma cadeia produtiva.
Quando se trata de dificuldades associadas ao período de recessão, que atinge em cheio o caixa, a viabilidade os planos de recuperação é mais factível. Os desempenhos ruins, diz o dirigente, também são reforçados pela dificuldade de confirmar planos e projeções em prazos maiores. "O que foi vislumbrado em 2012 em variáveis como câmbio, juros não se sustentou com a realidade do ano passado", exemplificou.
Franco aponta que o êxito da recuperação dependerá da condução do pleno pelas áreas financeira e operacional. "O que a companhia precisa fazer para se reerguer depende desses dois setores."
Com pouco mais de uma década em vigor, a lei precisa ser revista em aspectos relacionados a temas fiscais e de créditos obtidos após a abertura do processo, defende o presidente da Turnaround Management Association. Um dos itens que necessitam de maior insegurança jurídica é a prioridade nos pagamentos de créditos extraconcursais. A lei já acolhe esta condição, estabelecendo que têm prioridade de pagamento.
"Mas não há segurança na aplicação", atesta o advogado. O efeito desse ambiente é a redução das chances de uma empresa que precisa de dinheiro novo para se reerguer conseguir as linhas de crédito.
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