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conjuntura internacional

- Publicada em 03 de Julho de 2016 às 20:13

Brexit dará liberdade para UE fazer reformas, diz chefe do FMI

Para Lagarde, projetos antes rejeitados têm mais chance de serem implementados

Para Lagarde, projetos antes rejeitados têm mais chance de serem implementados


MANDEL NGAN/AFP/JC
O movimento de separação do Reino Unido e da União Europeia (Brexit) dará mais liberdade para o bloco para implementar reformas e projetos que os britânicos se opunham no passado, de acordo com informações da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. Em um tom otimista, Lagarde também teria dito que o Reino Unido sairá da crise "no topo". Os comentários foram feitos em uma conferência de negócios em Aix-en-Provence, no Sul da França.
O movimento de separação do Reino Unido e da União Europeia (Brexit) dará mais liberdade para o bloco para implementar reformas e projetos que os britânicos se opunham no passado, de acordo com informações da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. Em um tom otimista,
Lagarde também teria dito que o Reino Unido sairá da crise "no topo". Os comentários foram feitos em uma conferência de negócios em Aix-en-Provence, no Sul da França.
Recentemente, o FMI alertou que o Brexit poderia desencadear um "período prolongado de incertezas". Mas, na visão de Lagarde, "talvez hajam coisas que os comissários europeus poderiam considerar fazer, agora que os britânicos não estão mais à mesa de negociações".
Mais cedo, o membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), Benoît Coeuré, afirmou que ainda é muito cedo para decidir sobre como responder à decisão do Reino Unido de sair da UE, dada a atual incerteza econômica e política. Os comentários indicam que o BCE vai esperar um tempo para avaliar como os bancos e as empresas da zona do euro estão reagindo ao choque antes de tomar quaisquer medidas de estímulo adicionais. Economistas especulavam que o BCE poderia agir já em setembro para reforçar a economia do bloco. "Há coisas que podemos fazer, mas é muito cedo para decidir se o Brexit pede ação do banco central", disse Coeuré.
Pierre Moscovici, o comissário da União Europeia para assuntos econômicos, declarou ontem que o Brexit pode ser uma boa oportunidade para o bloco. "Não devemos apenas aturar o Brexit. Devemos olhar para frente. Isso pode ser uma boa oportunidade", afirmou. Na sexta-feira, o ministro das Finanças da França, Michel Sapin, reiterou que o voto dos britânicos deve ser respeitado. "Não devemos adotar uma posição de rivalidade. Eu acho que isso seria totalmente impróprio e prejudicial."

Osborne planeja corte em impostos corporativos

O chefe do Tesouro do Reino Unido, George Osborne, planeja cortar os impostos corporativos do país para apenas 15%, em um esforço para atrair investimentos, após o impacto da decisão dos britânicos de se separarem da União Europeia.
Osborne anunciou a nova meta de impostos em uma entrevista publicada ontem. A atual taxa é de 20%, e a autoridade já havia planejado reduzi-la para 17% até 2020, o que faria dos impostos corporativos do Reino Unido os mais baixos entre o grupo das 20 nações mais industrializadas e desenvolvidas.
O corte de impostos é parte de um plano mais amplo para impulsionar a economia do país na esteira do Brexit, de acordo com Osborne. O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) disponibilizou 250 bilhões de libras
(US$ 333 bilhões) em um montante de emergência para os bancos que podem ter de lidar com problemas de financiamento, e o presidente do BC, Mark Carney, sinalizou que a autoridade monetária pode cortar as taxas de juros nos próximos meses.

Argentina muda estratégia e incentiva consumo reajustando valor das aposentadorias

Após seis meses sem ver resultados positivos na economia, o governo argentino de Mauricio Macri começou a mudar de estratégia, adotando medidas para incentivar o consumo. O projeto inicial de Macri era ganhar a confiança das empresas normalizando a economia, que sofria distorções - como vários tipos de câmbio - deixadas pela antecessora, Cristina Kirchner.
Com a regularização, esperava-se que as companhias investissem e impulsionassem o crescimento do país. Macri, no entanto, cansou da lentidão das empresas para retirarem os projetos do papel e, pressionado pelo descontentamento da população, resolveu apostar no consumo.
As eleições legislativas de 2017 também influenciaram a mudança de rumo, segundo o economista Daniel Artana, da consultoria Fiel. "Não foi necessariamente uma decisão do governo fomentar o consumo, mas uma necessidade política (de melhorar a situação dos argentinos e de acelerar a economia)", diz ele.
Entre as medidas adotadas, a que mais repercutiu foi um reajuste na aposentadoria que acarretará em um aumento no consumo, mas também em uma alta anual de 75 bilhões de pesos (R$ 16 bilhões) nos gastos públicos. O governo ainda ampliou a isenção do Imposto de Renda - o que já era previsto no projeto inicial - e criou uma lei para devolver até 15% do IVA (equivalente ao ICMS) de alimentos à população carente e a aposentados.
Essa nova estratégia, porém, não ajudará o governo a reduzir o déficit público como planejado. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, já houve um aumento de 5,2% no indicador ante o mesmo período de 2015. Em janeiro, o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, havia anunciado que o déficit primário (déficit sem contar o pagamento dos juros da dívida) deveria ser de 4,8% do PIB neste ano, após o governo de Cristina ter finalizado 2015 com 6,1%.
Economistas mais otimistas, no entanto, preveem uma manutenção do patamar do ano passado. Outros projetam que supere os 7%. Os poucos que acreditam em um recuo neste ano estimam uma alta para 2017.
"Não interessa mais o déficit. O governo mudou (a política econômica) por causa do fracasso para atrair investimentos", diz Aldo Pignanelli, presidente do banco central em 2002 e economista da equipe de Sergio Massa (terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2015). Pignanelli estima um avanço de um ponto percentual no déficit.