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Política

- Publicada em 26 de Junho de 2016 às 20:38

"Nosso sistema político acabou", sentencia Fernando Henrique Cardoso

FHC foi uma das atrações do Expert 2016, voltado a profissionais de investimento

FHC foi uma das atrações do Expert 2016, voltado a profissionais de investimento


XP INVESTIMENTOS/DIVULGAÇÃO/JC
"Nosso sistema político acabou”, sacramentou o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, participante mais aclamado do Expert 2016, evento voltado a profissionais de investimento realizado pela XP Investimentos, em Atibaia, interior de São Paulo, neste fim de semana.
"Nosso sistema político acabou”, sacramentou o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, participante mais aclamado do Expert 2016, evento voltado a profissionais de investimento realizado pela XP Investimentos, em Atibaia, interior de São Paulo, neste fim de semana.
A presença de FHC, nesse sábado (25), sempre foi requisitada no encontro, que é realizado anualmente desde 2012. O nome do ex-presidente na consulta com os participantes sempre foi colocado em primeiro, porém, só nesta edição a presença do sociólogo foi possível. A expectativa para a fala do “eterno presidente”, como o chamaram, era grande e foi satisfeita com análises longas sobre o momento político brasileiro e internacional.
Cardoso demonstrou que o mundo vive um período de revisão do modelo globalizado, com uma crise de refugiados, por um lado, e um crescimento de ideologias políticas mais extremas.
“Há uma incerteza quanto ao futuro”, sinalizou. “Há uma certa desagregação social e política, que talvez não fosse previsível, mas que é possível analisar o que levou a isso, e um sentimento contra a ordem estabelecida. São forças de desagregação.” Para FHC, esse movimento pode chegar ao Brasil, ainda que seja pouco provável. “De fato, temos, por outras razões, a desagregação do nosso sistema político e uma insatisfação grande, que tem a ver com múltiplos fatores.”

A tutela da Constituição de 1988

Por cerca de uma hora, o ex-presidente falou um pouco sobre tudo que engloba o cenário socioeconômico. Na questão brasileira, culpou a “Constituição de 1988 e as interpretações que foram dadas a ela” pelo fracasso do nosso sistema político. Ele recobrou que, por ter horror ao regime autoritário, a carta de 1988 não limitou a criação de partidos, o que levou a um congresso “pulverizado”.
“O maior partido é o PMDB, que tem 66 deputados, sobre um total de 513. Não é nada. O segundo é o PT, que tem 62, e o terceiro, o PSDB”, elencou. “Somando esses três que não se somam, como é que você governa?” Por outro lado, exaltou o avanço de instituições democráticas, graças à Constituição, que “definiu o Ministério Público como um órgão independente”.
Exemplo disso são os procuradores, delegados da Polícia Federal e juízes. “Vemos que é uma outra geração. Há também a imprensa, que é livre, e a sociedade que sabe mais das coisas e quer participar. As forças renovadoras colocaram em xeque o sistema político, mas corrigir tudo isso leva tempo.”

Acertos e falhas dos governos recentes

Enquanto esse tempo não se completa, FHC prevê que a política brasileira ainda vai sofrer muitos reveses em função das operações de combate à corrupção. “A Lava Jato está ditando o ritmo da política”, sublinhou, citando que a ação é inevitável e prosseguirá, podendo, eventualmente, derrubar ainda mais integrantes do Governo Temer.
Sobre os últimos governos, o sociólogo descreveu que o principal equívoco foi a adoção da Nova Matriz Econômica. “Quando estourou a crise mundial, o governo fez a política correta, anticíclica.” O problema, avalia, é que “acharam que sabiam como manter o crescimento: aumentando o crédito público e o consumo”. Foi um erro, constatou, citando que o equívoco foi apoiado pela sociedade.
“É de se lamentar que tenha demorado tanto para se deter esse processo. Por isso, disse, houve aplausos da sociedade brasileira. Todos acham que estavam bem e não viam as vozes críticas."
Ao final de sua participação, FHC foi indagado sobre uma possível candidatura a presidente. Antes que pudesse responder, a plateia em coro clamava: “volta, volta, volta”. Mas ele declinou. Disse que se fosse 10 anos mais jovem, talvez, encararia a empreitada. “Tenho 85 anos, voltar é abreviar a minha vida.”
De qualquer maneira, ele deixou uma mensagem positiva, mostrando que o País tem potencial para viver uma renovação. “Temos um dinamismo brutal, somos capazes de ter uma agricultura fantástica. Somos o único país da América Latina que tem indústria. Podem ter saqueado a Petrobras, mas ela ainda é uma grande empresa.” Fernando Henrique Cardoso ainda reforçou que irá “apoiar com energia quem me pareça que tem pinta para avançar”.
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