Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

- Publicada em 27 de Junho de 2016 às 17:41

Manter a Lava Jato até as últimas consequências

Se um delator da Justiça coloca um político contra a parede, o melhor é encampar a proposta para se mudar a lei da delação premiada. Se um procurador pede sua prisão, dá-se o aviso que cinco pedidos de impeachment do magistrado serão analisados. E se alguém disser que não há isenção para fazer essa análise, cria-se um fato e se diz que três procuradores do grupo de trabalho da Operação Lava Jato não têm condições de investigar o caso, por isso, também deveriam se declarar impedidos.
Se um delator da Justiça coloca um político contra a parede, o melhor é encampar a proposta para se mudar a lei da delação premiada. Se um procurador pede sua prisão, dá-se o aviso que cinco pedidos de impeachment do magistrado serão analisados. E se alguém disser que não há isenção para fazer essa análise, cria-se um fato e se diz que três procuradores do grupo de trabalho da Operação Lava Jato não têm condições de investigar o caso, por isso, também deveriam se declarar impedidos.
Esta foi a maneira que um dos investigados no esquema criminoso levantado pela força tarefa reagiu às últimas denúncias feitas pelo hoje notório delator do esquema, o ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
As reações de alguns citados por Sérgio Machado foram de negativa até o desconhecimento do que foi divulgado nas delações dele. Um tom de como se nada tivesse ocorrido. Aliás, esta tem sido a defesa, pífia, de muitos dos citados.
Na semana passada, a Polícia Federal prendeu o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo (PT), que atuou nos governos de Dilma Rousseff (PT) e Lula (PT), e é marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Com a detenção do ex-ministro, com citações a Marina da Silva (Rede) e ao ministro José Serra (PSDB), a Lava Jato ampliou a atmosfera de suspeita e o medo em alguns círculos políticos brasilienses.
A ofensiva da Lava Jato não para, apesar da desastrada afirmação do ministro-chefe da Casa Civil, o gaúcho Eliseu Padilha (PMDB), pedindo que a operação programasse um fim, algo repudiado de pleno pela opinião pública, salvo se o trabalho tenha, realmente, terminado. Os desvios bilionários na Petrobras têm que ser totalmente esclarecidos.
Atualmente, oito projetos tramitam no Legislativo pedindo alterações na atual lei da delação premiada, legislação aprovada pelo Congresso em 2013, e que, após garantir ao menos 50 acordos de colaboração, deixou alguns políticos em desespero.
Os principais pontos reclamados pelos projetos dizem respeito ao que réu preso não poderia fazer delação, e de que se o termo de colaboração vazasse, ele seria anulado. A lógica de quem defende a mudança é a de que, no desespero, o delator envolve a tudo e a todos.
Levantamento feito pelo Ministério Público Federal lembrou que menos de 30% das delações premiadas são firmadas por réus encarcerados. Ainda assim, o grupo que luta pela aprovação da mudança nas regras de colaboração diz que esse número causa uma falsa sensação de Justiça.
Os restantes 70% dos delatores seriam pessoas com menor grau de influência no esquema criminoso. Ou seja, seriam os familiares ou secretários dos graúdos do esquema, os empreiteiros, executivos da Petrobras, políticos e doleiros que teriam sido presos antes de assinarem o termo de delação.
É imperioso salientar que Sérgio Machado em nenhum momento esteve detido pela polícia, antes de ter delatado muitos políticos. As possíveis mudanças na legislação deixaram o Ministério Público em alerta. "Há meros três anos o Brasil passou a ter essa lei da delação. Não há razão para mudar a lei que é tão recente. Quem quer mudá-la só pensa na hipótese dos crimes de colarinho branco e se esquece que ela também vale para os casos clássicos de mafiosos. Como um matador, membro de uma quadrilha, iria delatar o chefe se não houvesse garantia para ele?", questiona o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalnho Cavalcanti. Tem muita razão.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO