Sócios contam suas experiências, desafios e gratificações do trabalho em conjunto

Prós e contras de quem decide empreender em sociedade


Sócios contam suas experiências, desafios e gratificações do trabalho em conjunto

Carolina Fasolo, 28 anos, e Letícia Paludo, 27, são mais do que sócias. São amigas. Estudaram juntas desde a pré-escola até a formatura do Ensino Médio, em Erechim. Na Capital, optaram pela mesma graduação, Arquitetura, o que fortaleceu ainda mais a relação da dupla. Hoje, elas são donas da Soul Arquitetura. "Ao invés de concorrentes, escolhemos ser sócias", diz Carolina.
Carolina Fasolo, 28 anos, e Letícia Paludo, 27, são mais do que sócias. São amigas. Estudaram juntas desde a pré-escola até a formatura do Ensino Médio, em Erechim. Na Capital, optaram pela mesma graduação, Arquitetura, o que fortaleceu ainda mais a relação da dupla. Hoje, elas são donas da Soul Arquitetura. "Ao invés de concorrentes, escolhemos ser sócias", diz Carolina.
Elas reconhecem que a convivência profissional é intensa, pois envolve o próprio sustento e muita responsabilidade. Acreditam, porém, que a intimidade ajuda. "Como somos quase irmãs, não tem problema em brigar, puxar a orelha da outra. Se vemos que precisa, nós fazemos, e daqui a pouco está tudo bem de novo", explica Letícia.
O que mais deu trabalho foi encontrar um sistema que funcionasse para ambas, pois a Carolina é metódica e organizada. "Eu gosto de fazer no meu tempo. No começo, ela se irritava comigo porque eu não fazia do jeito dela, e eu me irritava porque ela me cobrava", conta Letícia. Após quase três anos juntas na Soul, resolveram que cada uma deve trabalhar da sua forma, desde que entreguem o que foi solicitado no prazo estabelecido. Está dando certo.
Elas acreditam que se não fossem tão próximas talvez não tivessem paciência para manter a sintonia. E se para outros sócios a tendência é desfazer a parceria quando há problemas, para amigos isso é mais um reforço na união. A modalidade acaba tendo impacto até na vida pessoal.
"Nós dividimos as preocupações, discutimos ideias e isso só ajuda na melhora dos projetos. Uma motiva a outra nas horas de desânimo", declara Letícia. E Carolina completa: "Momentos bons sempre foram infinitamente maiores do que os ruins".

A sociedade se desfez, mas a parceria não

O  engenheiro civil, Frederico Peixoto, 39 anos, e o arquiteto de Santana do Livramento, Cláudio Righi, 34, se conheceram em um curso de desenvolvimento pessoal voltado ao empreendedorismo (Empretec, do Sebrae) há mais de uma década. Cinco anos depois, resolveram abrir uma sociedade, que durou até o fim de 2014.
Righi e Peixoto a desfizeram porque almejavam horizontes diferentes para o negócio, além de possuírem ritmos distintos de trabalho. A ruptura foi madura e consciente, tanto que o processo demorou um ano (seis meses para tomarem a decisão e mais seis para planejarem os detalhes práticos e burocráticos).
Eles afirmam que o término não foi negativo para a amizade e não os afastou definitivamente. Hoje, encontraram o próprio caminho do meio: nem tão perto nem tão longe, realizando projetos em conjunto, mas cada um em sua empresa. "Antes, era dia a dia. Hoje, fazemos uma reunião a cada 15 dias, e é muito mais produtivo. Cada um também toca outros projetos que tem afinidade", explica Righi.
Os dois admitem que o tempo que estiveram em sociedade foi importante para o amadurecimento profissional e pessoal. "Nos ajudamos e nos tornamos fortes juntos, até para entendermos qual o rumo que queremos caminhar sozinhos", afirma Peixoto.

De funcionário a sócio: sem limites para o crescimento

A primeira função do paulista Tiago Tadano, 32 anos, no restaurante japonês Temari, de Porto Alegre, foi de atendente. Após quatro meses, já estava na cozinha, auxiliando e aprendendo a arte da culinária com o então único proprietário, Maguil Koroguy, 43. Logo depois dessa aproximação, há quatro anos, a dupla virou sócia na unidade do campus da Ulbra, em Canoas.
O dono preferiu propor sociedade ao funcionário em vez de um cargo de gerência, pois acredita que a primeira gera maior comprometimento e não limita o crescimento. Admite, porém, que é difícil encontrar alguém que queira largar a segurança do salário fixo por responsabilidades frente à incerteza.
Para o paulista, sua experiência de trabalho no Japão, onde morou por 11 anos, foi essencial para o desenvolvimento de tais características. "Lá, não tem as leis trabalhistas daqui. Se eles querem te demitir de um dia para o outro, eles fazem. Então, só fica no trabalho quem é realmente bom, e isso fez com que eu sempre buscasse me superar e crescer."
Hoje, dividindo tarefas e preocupações, Koroguy reforça que a parceria dá certo graças à "cumplicidade, mesmo nas discordâncias". Já Tadano salienta a importância do distanciamento entre o pessoal e o profissional. "Aqui, não tem essa de se magoar. Se um não concorda com o outro, entramos em um consenso. Somos maduros." Aos risos, confessam que a única parte ruim é a divisão do faturamento.

Quatro dicas para a união dar certo

1 Escolha bem o sócio. Independentemente do grau de afinidade, deve ser uma pessoa que agregue no negócio. É interessante alguém que tenha opiniões diversas às suas, para que possa trazer um novo ponto de vista.
2 Como um casamento, uma sociedade exige que ambos almejem o mesmo horizonte para a empresa, e que coloquem a mesma energia para alcançá-lo. Para isso, é necessário cumplicidade, responsabilidade, transparência e uma boa comunicação entre as partes.
3 Principalmente em casos de sócios que são amigos ou casais, é necessária maturidade para conseguir separar ambas relações. Isso evita que os problemas de uma interfiram na outra.
4 Maturidade e paciência são importantes nos momentos de desacordo. A melhor saída sempre é entrar em um consenso racional e analisar todos os pontos de vista.
Fontes: Roberto Salazar, diretor do curso de Administração da ESPM-Sul, e os demais entrevistados desta página.

Dez tipos societários mais utilizados

Conforme o advogado e consultor jurídico na Pactum, Fábio Raimundi, "na nossa legislação, existe um tipo de sociedade para cada tipo de negócio". Com ajuda do especialista, preparamos uma relação com os dez tipos mais utilizados, apontando as características e usabilidades de cada um.