Em 9 de maio de 2013, foi atingida a maior concentração de dióxido de carbono na atmosfera já registrada até então: 400.03 partes por milhão (ppm), dado confirmado pela agência de ciências oceânicas e atmosféricas dos Estados Unidos (NOOA). Desde então, o que era um símbolo do fracasso coletivo em controlar o aquecimento global transformou-se na média mundial, com reflexos graves sobre a temperatura do planeta. Dos 10 anos mais quentes registrados desde 1880, nove são posteriores a 2001.
"Temos quebrado os recordes de registros de calor, mês após mês. Isso é um indício inegável de um grande problema", diz Osvaldo Soliano Pereira, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e sócio-fundador do Centro Brasileiro de Energia e Mudança do Clima (Cbem). Ele participou do 7º Fórum Internacional de Resíduos Sólidos com a palestra "A contribuição dos resíduos sólidos nas mudanças climáticas", na qual discutiu a emissão de dióxido de carbono e metano na atmosfera terrestre e o que está sendo feito, no Brasil e no mundo, para enfrentar o aquecimento global.
O Acordo de Paris, assinado por líderes mundiais em abril deste ano, prevê o fim de subsídios a combustíveis fósseis, buscando a completa suspensão de seu uso até a metade do século. Além disso, está prevista a cobrança de impostos sobre as emissões de carbono. Com essas medidas, o objetivo é reduzir dramaticamente a taxa de crescimento da temperatura global, limitando-a a 1,5 grau Celsius neste século.
A partir dessa meta coletiva, os países participantes do acordo, incluindo o Brasil, estabeleceram um compromisso chamado INDC (sigla em inglês para Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada). No caso brasileiro, o INDC prevê reduzir, até 2030, 43% da emissão de gases do efeito estufa no comparativo com 2005. Esse compromisso ainda precisa ser ratificado no parlamento brasileiro.
Para contribuir na luta contra esse quadro, a sociedade precisa estar disposta a pagar o preço, defende Soliano. "Os lixões não deveriam existir no Brasil, os aterros deveriam receber apenas rejeitos que não podem mais ser reaproveitados de maneira alguma. Mas nossa realidade é que em 2020 ainda teremos pessoas sem energia elétrica, em 2030 ainda podemos ter lixões. Estamos três passos atrás nesse aspecto. Temos que fazer um esforço, e isso impacta custos na sociedade", afirma.