Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Conjuntura

- Publicada em 28 de Junho de 2016 às 18:55

Banco Central nega meta ajustada de inflação

Goldfajn mostrou maior preocupação com preços agrícolas no atacado

Goldfajn mostrou maior preocupação com preços agrícolas no atacado


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
A possibilidade de o Banco Central adotar um ajuste da meta de inflação do ano que vem foi descartada pelo presidente da instituição monetária, Ilan Gold- fajn. Pouco depois da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), ele repetiu trechos de seu discurso de posse para deixar claro que não havia cogitado essa possibilidade e fez questão de enfatizar que o objetivo do BC é atingir o centro da meta de inflação de 4,5% em 2017. Segundo o presidente, o centro da meta em 2017 é "ambicioso e crível ao mesmo tempo".
A possibilidade de o Banco Central adotar um ajuste da meta de inflação do ano que vem foi descartada pelo presidente da instituição monetária, Ilan Gold-
fajn. Pouco depois da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), ele repetiu trechos de seu discurso de posse para deixar claro que não havia cogitado essa possibilidade e fez questão de enfatizar que o objetivo do BC é atingir o centro da meta de inflação de 4,5% em 2017. Segundo o presidente, o centro da meta em 2017 é "ambicioso e crível ao mesmo tempo".
Goldfajn enfatizou que a meta é ambiciosa porque o País vem de uma inflação de quase 11% em 2015, mais do que o dobro da meta. "Temos condições de atingir o centro da meta em 2017, em 18 meses", garantiu. Ele disse que muito se falou os últimos dias de metas ajustadas. "No passado, já as adotamos, e foram úteis para dar transparência, além de ajudar a ancorar as expectativas, mas não parece ser este caso no momento", declarou.
O presidente informou que as expectativas do BC para a inflação estão em torno da meta em 2017. Ele considerou que alguns analistas acreditam que pode ser um pouco acima disso. "Mesmo neste caso, a magnitude do desvio não necessita ajustar a meta. Para deixar claro: a meta de 4,5% em 2017 é o nosso objetivo."
Ao repetir parte do discurso de posse, Goldfajn disse que, no regime de metas de inflação, o objetivo é cumprir plenamente a meta do Conselho Monetário Nacional (CMN), mirando seu ponto central. Ele também afirmou que os limites de tolerância servem para abrigar choques inesperados quando não se permite a volta rápida dos preços e que é fundamental o gerenciamento das expectativas no sistema de metas. Para ele, este é um "fator-chave". "É importante que as expectativas indiquem no presente a trajetória de convergência para a meta em um futuro não muito distante", reforçou, nesta terça-feira, novamente.
Goldfajn voltou a acrescentar que o único alvo é o centro da meta e ressaltou a importância do adequado gerenciamento de expectativas que possam vir a levar a inflação para fora do intervalo de confiança da meta, como em 2015. O presidente do Banco Central explicou que a diferença entre as projeções para a inflação de 2017 no relatório de ontem e na ata da última da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) se deve a mudanças nas estimativas para este ano, que serão carregadas para o próximo. Na ata publicada há 12 dias, o Copom informou que o cenário de referência do BC para 2017 previa a inflação chegando ao centro da meta de 4,5%, mas o documento mostra que o cenário agora prevê a taxa em 4,7% ao fim do próximo ano e 6,9% em 2016.
"Estamos com uma preocupação um pouco maior com os preços agrícolas no atacado. Acreditamos que pode demorar um pouco mais para esses preços voltarem (ao patamar anterior). Isso faz com que a projeção de 2016 suba e com que 2017 tenha uma elevação marginal", disse Goldfajn.
O presidente do BC destacou ainda que a alteração de projeções também ocorre em função do aumento da estimativa de alta dos preços administrados em 2016 (de 6,1% para 6,7%) e em 2017 (de 5% para 5,3%). "As projeções são vistas, são revistas, e vão continuar a ser feitas desse jeito. Esse é o nosso trabalho contínuo", afirmou.

Cenário global tornou-se desafiador após vitória do Brexit no Reino Unido

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, voltou a dizer que o cenário global é desafiador, conforme descrito no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Ele citou especialmente a decisão do Reino Unido em deixar a União Europeia após referendo na última sexta-feira, no chamado Brexit. "Vamos enfrentar volatilidade e choques ao longo dos próximos anos", afirmou.
Segundo ele, o Brexit terá implicações para a economia global, principalmente para o comércio e crescimento da atividade no mundo, com reflexos no Brasil. "Ainda não estão completamente mapeadas as consequências para o futuro, o que produz incertezas para frente com as quais vamos ter que conviver. Sabemos que é um impacto que deve reduzir de alguma forma o crescimento global e deve influenciar o crescimento no Brasil, mas não sabemos a magnitude", acrescentou.
Goldfajn reforçou que, caso seja necessário, o BC adotará medidas adequadas para o bom funcionamento do mercado financeiro no País. Ele lembrou que o Brasil tem condições para enfrentar essa volatilidade, como o saldo das reservas internacionais, o regime de câmbio flutuante e um sistema financeiro sólido e com baixa exposição internacional.

Instituição quer reduzir sua exposição de swaps cambiais

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, voltou a repetir parte do seu discurso de posse quando abordou o tema "regime de câmbio flutuante". Mais uma vez, ele também enfatizou que a instituição pretende reduzir sua exposição de swaps cambiais. "O BC aprecia o regime de câmbio flutuante dentro do tripé da macroeconomia: responsabilidade fiscal, meta de inflação e câmbio flutuante. O câmbio tem que flutuar", salientou.
O BC, de acordo com Goldfajn, poderá utilizar todas as ferramentas disponíveis, mas sempre com "parcimônia" e sem interferir no regime de câmbio flutuante. Ele reafirmou que poderá reduzir a exposição em swaps "em ritmo compatível com o do mercado".

Ociosidade da indústria permite ocupação sem pressão de preços

O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Altamir Lopes, destacou, ao comentar o relatório do BC, que o nível de ociosidade na indústria ainda é elevado. Portanto, qualquer retomada da produção e da ocupação do parque industrial não traria pressões de preços. Ao mesmo tempo, ele destacou que a produção industrial está em processo de estabilidade, tendendo à recuperação.
Lopes afirmou que, do ponto de vista da demanda, o consumo continua moderado, em linha com o ajuste pelo qual passa a economia brasileira. "O consumo das famílias segue em queda", resumiu.
Já com relação à contínua distensão do mercado de trabalho, ele chamou a atenção para o fato do aumento da taxa de desemprego já resultar em uma queda no rendimento nominal dos trabalhadores. Até então, o BC identificava uma redução nos rendimentos reais.