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A mais nova embarcação da Navegação Aliança, o Juan Rassmuss, teve o seu batismo e lançamento celebrado ontem, no estaleiro da Intecnial, em Triunfo. A previsão é que o navio comece a operação comercial a partir de 15 de julho. Até esta data, serão feitos alguns acabamentos.
A embarcação terá como foco atender à movimentação de celulose da planta da CMPC Celulose Riograndense, que fica em Guaíba. O Juan Rassmuss transportará a carga da Região Metropolitana de Porto Alegre, pelo lago Guaíba e a Lagoa dos Patos, até Rio Grande. No porto da Metade Sul, o produto será colocado em navios maiores para, através do mar, seguir para o destino final.
O diretor da Navegação Aliança Ático Scherer comenta que, inicialmente, a embarcação apenas levará celulose para Rio Grande, voltando para Guaíba vazia. No entanto, em breve, o navio aproveitará o retorno para trazer madeira do porto de Pelotas. O diretor comercial da CMPC Celulose Riograndense, Sergio Kilpp, antecipa que o transporte das toras deve se iniciar entre setembro e outubro. De acordo com informações repassadas pela empresa, a expectativa é que o volume de celulose a ser transferido a Rio Grande pelo modal hidroviário em 2016 seja de 1,7 milhões de toneladas. Com o início da movimentação de madeira a partir de Pelotas, a perspectiva é embarcar 1,2 mil toneladas de toras ao ano.
Com o Juan Rassmuss, serão quatro navios destinados a atender à demanda da CMPC, com uma embarcação de reserva em caso de necessidade. O mais recente navio da Navegação Aliança é resultado de um investimento de R$ 25 milhões e tem 101 metros de comprimento e 15,5 metros de largura, com capacidade de carga de 4,7 mil toneladas. O nome Juan Rassmuss é uma homenagem a um acionista da Trevisa (controladora da Navegação Aliança), falecido em março.
Durante o batismo de ontem, que teve como madrinha Maria Alice Dutra Pacheco, representando a CMPC, o presidente do Conselho de Administração da Trevisa, Fernando Ferreira Becker, recordou que a Navegação Aliança lançou quatro navios nos últimos 10 anos. Em 2006, foi o Germano Becker; em 2010, o Frederico Madörin; em 2014, o João Mallmann; e, agora, o Juan Rassmuss. O evento contou ainda com a presença do governador José Ivo Sartori, que comemorou o investimento e salientou que o modal hidroviário gaúcho pode e deve ser melhor aproveitado.
Sobre a construção do Juan Rassmuss, o diretor-superintendente da Intecnial, Airton José Folador, diz que o empreendimento foi implementado ao longo de 15 meses. O processo, considerando os trabalhos realizados no estaleiro de Triunfo e na unidade da empresa em Erechim, gerou cerca de 150 empregos diretos. Como não há encomendas de novos navios feitas atualmente ou a possibilidade imediata de isso acontecer, o executivo adianta que, para não deixar o estaleiro ocioso, a meta é fazer adaptações em embarcações antigas, que lidavam com granéis ou líquidos, para movimentar contêineres. O complexo também deve ser aproveitado para reformas e reparos. No momento, com a retração da construção naval, devido a questões como financiamentos muito caros, Folador argumenta que a ideia da Intecnial de expandir o estaleiro em Triunfo terá que esperar.
Intecnial apresentará seu plano de recuperação até meados de agosto
Barco da Navegação Aliança terá como foco atender à movimentação de celulose da CMPC em Guaíba
JONATHAN HECKLER/JC
Com o processo de recuperação judicial em andamento há cerca de 30 dias, a Intecnial almeja melhorar sua saúde financeira. O diretor-superintendente da empresa, Airton José Folador, revela que, até a metade de agosto, a companhia pretende apresentar o plano da recuperação judicial, que visa o saneamento definitivo do grupo e a perpetuação no mercado.
Folador explica que, entre outras situações, o que levou a empresa a chegar neste ponto foi o mercado financeiro, que, nos últimos anos, mostrou-se extremamente conservador, reduzindo a concessão de empréstimos e mecanismos que as companhias, eventualmente, utilizam para regularizar o fluxo de caixa. O segundo fator, de acordo com o executivo, foi que, devido às incertezas econômicas e circunstâncias de mercado, dois grandes contratos fechados ao final de 2015 foram cancelados pelos clientes. Folador prefere não revelar o nome das empresas envolvidas, mas a soma dos dois acordos totalizava aproximadamente R$ 150 milhões. Agrega-se a esse cenário a postergação de projetos de alguns clientes. "Essa insegurança toda nos levou a tomar as medidas necessárias para proteger os clientes que ainda estão conosco, os empregos, a companhia como um todo, até que a empresa possa equilibrar o seu fluxo de caixa outra vez", diz Folador.
O dirigente enfatiza que a companhia é completamente viável. "A operação da Intecnial sempre foi superavitária, o que nos tirava o resultado eram os custos financeiros", acrescenta. O plano de recuperação irá prever, justamente, a redução dos custos financeiros, alongamento da dívida e busca de oportunidades no mercado externo.
"Tem sido uma constante, da nossa parte, a visita aos nossos principais clientes e fornecedores para explicar o que levou a empresa a tomar uma decisão tão drástica", ressalta Folador. O executivo afirma que essas companhias entenderam a posição da Intecnial e estão apoiando com a manutenção dos contratos firmados. Por causa dessas dificuldades econômicas, em maio, a Intcenial demitiu em torno de 200 funcionários e, atualmente, mantém mais de 1,3 mil trabalhadores.