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- Publicada em 16 de Junho de 2016 às 22:33

Cultura podre e danos do politicamente correto

Para o autor, o Ocidente está atolado por uma cultura de mentira, cegueira voluntária e engano de motivação ideológica

Para o autor, o Ocidente está atolado por uma cultura de mentira, cegueira voluntária e engano de motivação ideológica


É REALIZAÇÕES /DIVULGAÇÃO/JC
Qualquer coisa serve (É Realizações Editora, 272 páginas, R$ 49,90, tradução de Hugo Langone), de Theodore Dalrymple, pseudônimo do médico psiquiatra, escritor e colaborador de jornais e revistas Anthony Daniels, nascido em 1949 em Londres, é, em síntese, uma pausa para reflexão sobre o apodrecimento moral da cultura moderna e o efeito danoso do politicamente correto na sociedade. Para o autor, o Ocidente está atolado por uma cultura de mentira, cegueira voluntária e engano de motivação ideológica.
Qualquer coisa serve (É Realizações Editora, 272 páginas, R$ 49,90, tradução de Hugo Langone), de Theodore Dalrymple, pseudônimo do médico psiquiatra, escritor e colaborador de jornais e revistas Anthony Daniels, nascido em 1949 em Londres, é, em síntese, uma pausa para reflexão sobre o apodrecimento moral da cultura moderna e o efeito danoso do politicamente correto na sociedade. Para o autor, o Ocidente está atolado por uma cultura de mentira, cegueira voluntária e engano de motivação ideológica.
Além de psiquiatra, o autor é ensaísta, trabalhou em quatro continentes e atuou até 2005 no Hospital da Cidade e na Winson Green Prison, ambos em Birmingham, Inglaterra. Escreve para o City Journal; The British Medical Journal; The Times; The Observer; The Daily Telegraph e outros veículos importantes, além de ter publicado, no Brasil, pela É Realizações, os livros A vida na sarjeta; Nossa cultura. Ou o que restou dela; Podres de mimados - As consequências do sentimentalismo tóxico; Em defesa do preconceito - A necessidade de se ter ideias preconcebidas; e O prazer de pensar.
Nessa antologia de ensaios, escritos entre 2005 e 2009 para o New English Review, Dalrymple propõe aos leitores uma reflexão sobre questões sociais, políticas e filosóficas, que fazem alusões a temas como o politicamente correto entre os médicos, as falhas da Organização Mundial da Saúde; as revoltas de jovens nas periferias de Paris; mudança de sexo aos 12 anos de idade; o colapso da bolha econômica e o fracasso da justiça criminal. Tudo parece, infelizmente, remontar à morte da honestidade. O autor não foge de polêmicas. Segundo o Daily Telegraph: "As duras verdades que ele diz são todas mais chocantes, porque a mídia, em geral, rejeita em contá-las". O Standpoint escreve: "Dalrymple não poderia estar mais longe do estereótipo de pequeno inglês conservador...Ele é nosso maior ensaísta vivo". O The Spectator, por sua vez, sentencia: "Uma rara voz de verdade".
Falando em muitos ensaios sobre as muitas facetas do mal, sobre a impossibilidade de o homem vencê-lo em definitivo e, tratando de temas como a racionalidade, a virtude da liberdade, a questão do Islã, doenças e remédios, o triunfo do mal, a bibliofilia, a biblioclastia e outras questões candentes da atualidade, o autor, mesmo sem ser um pensador sistemático e mesmo sem pretender apresentar respostas e soluções, apresenta aos leitores essa pausa para reflexão e, quem sabe, uma inspiração para futuras ações.
Num momento de tanta intolerância, de violência cotidiana e de crises mundiais, a obra de Theodore Dalrymple nos auxilia a entender o mal, ou, pelo menos, a tentar. Não é pouco.

Lançamentos

  • Escrever para não enlouquecer (L&PM Editores, 256 páginas), de Charles Bukowski, editado por Abel Debritto, traz a correspondência do velho safado de 1945 a 1993, com ilustrações do próprio. Bukowski fala de literatura, de Hemingway, de Faulkner e outros escritores, e narra as frustrações do dia a dia.
  • Contos de duendes e folhas secas (Iluminuras, 132 páginas), do escritor, professor e tradutor Sérgio Medeiros, mato-grossense radicado em Florianópolis, com ilustrações de Fê, narra as histórias "folclóricas" imaginadas pelo autor. Saci, Curupira e Boitatá estão juntos com internacionais duendes coroados.
  • Jogo jogado e outras histórias (Libretos, 224 páginas), segundo livro de contos de Guilherme Cassel, traz sete narrativas lancinantes e febris. Crueldade, raiva, humor e dignidade estão nas histórias, que revelam a tragédia ética atual, com desesperança e esperança, com humanismo e sem ele. Bem assim.

O problema não é só o técnico

Antes de sermos cento e tantos milhões de juristas e cientistas políticos no Brasil, como somos hoje, tentando entender as crises federais, muito antes já éramos milhões de técnicos de futebol. Cada um com sua seleção, seus craques, suas táticas e suas dicas de vestiário. No antigo País do Futebol, deitávamos cátedra e botávamos as mãos nos canecos. Noventa, 100 milhões em ação, prá frente Brasil do nosso coração, fomos juntos.
No momento em que escrevo, o Tite está lá na CBF conversando com os dirigentes. Não sei se vai ser contratado ou não. Deram o aviso-prévio indenizado para o Dunga e assessores, que não precisarão mais lidar com a rapaziada custosa da seleção. Na velha tradição do futebol, eu ganho, o time empata e o técnico perde. Quando o treinador perde, por culpa sempre dele, muda-se o técnico e procura-se outro salvador da Pátria de Chuteiras, na esperança de gols, vitórias, faixas no peito e ufanismo. Disso vivemos.
Está meio em cima da hora para pensar em novas estruturas para o futebol, desde os campinhos, as categorias de base, as escolas públicas e privadas, os clubes, até chegar aos altos profissionais da seleção canarinho. Os melhores das categorias de base vão para o exterior e, de vez em quando, pintam para vestir a camisa da seleção, da maneira como estamos vendo, dirigidos e treinados como observamos. Em 2014, consta que uns 4 mil meninos brasileiros jogadores de futebol, menores de idade, foram para o exterior. A grande maioria não deve voltar. Vai jogar na Europa, nos Estados Unidos, África, países do oriente etc.
Tomara que a mudança de técnico e de comissão ajude. Que Deus, Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco, o Padre Cícero, a Irmã Dulce, o Chico Xavier e todos os santos ajudem. Mas a gente sabe que o buraco é mais embaixo. Sabe que, assim como nas políticas municipal, estadual e federal, não basta mudar os caras e esperar que o herói salve a pátria. Desde a República (1889 até 2015), só 11 presidentes dos 18 eleitos diretamente terminaram o mandato. Precisamos mudar muito, trabalhar muito, juntar muito.
Técnicos da Seleção tivemos vários. Nos últimos tempos, a Seleção Brasileira e nosso futebol passaram, de protagonistas, a coadjuvantes no filme do futebol mundial. Baixou o nível. Se bobear, vamos passar a fazer pequenos papéis, pontas ou figurações. Ou então vamos acabar na plateia, assistindo aos espanhóis e ao resto dando olé. Deus queira que a gente se classifique para a Copa de 2018. Ele há de querer. Tomara que Deus continue brasileiro até 2018. E aí ele há de entrar em campo com pé, mão, cabeça e tudo e fazer com que a gente ganhe um Oscar no filme do futebol mundial, estrelando no papel principal. Vai ser nós na fita!
Quem sabe (tomara!), em 2018, tenhamos política, economia e futebol recuperados. Sim, claro, educação, saúde e segurança também melhores.

A propósito...

Profissionalização do futebol, das administrações público-privadas; democratização dos recursos; trabalho desde as escolas, as escolinhas de futebol, as associações de bairro, os centros comunitários, os clubes e times em geral, com base em experiências que deram certo no estrangeiro. Estímulo para os craques ficarem por aqui. São as únicas saídas para recuperarmos nosso brilho no futebol. Mudar de treinador foi bom, normal, mas não basta só isso. Precisamos entender que perdemos, empatamos e ganhamos, no plural. Precisamos entender que somos todos salvadores da pátria. Ou então que a salvação vai ficar difícil.