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Porto Alegre, segunda-feira, 27 de junho de 2016. Atualizado �s 14h43.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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DAN�A

Not�cia da edi��o impressa de 27/06/2016. Alterada em 27/06 �s 14h44min

Grupo Experimental de Dan�a da Cidade: 10 anos de questionamento art�stico

Grupo Experimental de Dan�a celebra 
10 anos

Grupo Experimental de Dan�a celebra 10 anos


CARLOS SILLERO/DIVULGA��O/JC
Michele Rolim
Um dos grandes divisores de águas para o contexto da dança em Porto Alegre é a criação do Grupo Experimental de Dança da Cidade. Iniciativa do Centro Municipal de Dança da prefeitura, o projeto começou a ser pensado em 2006 e, neste ano, forma a sua décima turma, introjetando na Capital o caráter de experimentação e questionamento artístico na cena da dança.
Naquela época havia uma ausência de aulas diárias por um longo período. As atividades oferecidas eram sempre voltadas a um determinado estilo, como balé e jazz, e os preços também não eram convidativos. Além disso, muitos centros de formação importantes tinham fechado ou estavam sumindo, como o Coda, dirigido por Eva Schul, e o Engenho da Dança, dirigido por Jussara Miranda.
Soma-se a isso o fato de que Porto Alegre ainda não possuía um curso superior de dança, nem um centro de ensino que congregasse os diversos profissionais da cena, como o Centro de Formatividade em Dança, que ocorreu no início dos anos 1990.
"Tentamos mapear o que se podia fazer com pouco recursos e era prioridade. Pensamos, então, em um projeto de uma escola livre de dança com cursos de curta duração, programas voltados a profissionais e de formação continuada", afirma Airton Tomazzoni, que esteve na coordenação do projeto desde sua implantação.
O Grupo Experimental surgiu com a proposta de formação gratuita, intensiva e complementar e fizeram (ou fazem) parte do seu corpo docente artistas/professores de peso como Eva Schul, Jussara Miranda, Luciana Paludo, Tatiana da Rosa, Cibele Sastre, Carlos Nunes e Bia Diamante, entre outros. Segundo Tomazzoni, é um espaço no qual é possível estar mais voltado para o processo de experimentar do que para o resultado, tanto que o cronograma de aulas hoje abrange também estudos voltados para a performance.
O projeto-piloto começou em junho de 2007 e resultou na montagem baseada na obra do cineasta italiano Federico Fellini - Follias Fellinianas, sucesso de público e crítica.
Dessa primeira turma saíram talentos como o bailarino Douglas Jung, hoje professor permanente. Durante a experiência no grupo, ele passou em uma audição e ganhou bolsa para estudar na Salzburg Experimental Academy of Dance (Sead), na Áustria, considerada uma das melhores do mundo.
"A escola foi um ponto de transição. A dança passou de secundária na minha vida para prioritária", afirma ele, que retornou de forma permanente à capital em 2013. Jung completa: "Tem um movimento que acontece aqui em Porto Alegre: as pessoas se qualificam, saem da cidade e não voltam mais para devolver o que aprenderam para a cidade. Assim como o grupo fez por mim, senti necessidade de mover coisas nesse sentido e seguir disparando questões", conta Jung.
Um dos diferenciais na abordagem do Grupo Experimental é a pluralidade na seleção do perfil dos alunos. Há desde estudantes vindos de diferentes linguagens da dança até outras áreas de atuação, sem critérios fixos de idade e biotipo. Um desses exemplos é a aluna Ana Maria Vasconcellos, que fez a audição no ano de 2013, com 50 anos. "Para mim, entrar no grupo foi um resgate não só a questão do corpo físico que estava aposentado, mas também da autoestima e confiança que refletem para outras áreas da minha vida. O grupo respeita o corpo, o jeito, o tempo e o resultado de cada um", afirma Ana, que também é psicóloga.
Ao longo dos anos Tomazzoni, também coordenador de dança do município, passou a perceber que não estavam apenas qualificando bailarinos e coreógrafos, mas diversas pessoas e artistas. "Para quem tinha uma meta e foco, o grupo poderia ser esse canal, mas não só isso. Pensar em uma formação de um ser humano mais criativo, mais dono do seu corpo, mais capaz de se relacionar com o outro e com a diferença", sustenta Tomazzoni.
O grupo tem atualmente 68 pessoas divididas em duas turmas que ocupam as salas Rony Leal, no terceiro andar da Usina do Gasômetro, e a Cecy Frank, na Casa de Cultura Mario Quintana. A seleção não exige nenhum pré-requisito técnico.
Constantemente avaliações para o formato do projeto são (re)pensadas, como no ano passado, em que não houve a presença de um coreógrafo ou diretor (sempre um professor do grupo) nas duas apresentações finais, Casula e Ossoroca. A opção foi de direção compartilhada entre os alunos.
"Precisamos, além da informação, gerar autonomia nos alunos e gradualmente fomos encorajando e vendo modos de fazer isso. Queremos que saiam do grupo e gerem coletivos independentes, façam trabalhos artísticos etc.", avisa Tomazzoni. As audições ocorrem todos os anos no mês de fevereiro. Fica o convite.

Uma d�cada de espet�culos

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