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Novo Governo

- Publicada em 23 de Maio de 2016 às 21:26

Jucá se licencia após vazamento de gravações

Romero Jucá volta a ocupar sua cadeira no Senado Federal

Romero Jucá volta a ocupar sua cadeira no Senado Federal


JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO/JC
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou ontem que vai se licenciar do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB), até que o Ministério Público Federal (MPF) se pronuncie sobre a gravação de uma conversa sua com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. A licença começará a valer a partir de hoje.
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou ontem que vai se licenciar do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB), até que o Ministério Público Federal (MPF) se pronuncie sobre a gravação de uma conversa sua com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. A licença começará a valer a partir de hoje.
Temer elogiou Jucá e ressaltou que ele ficará afastado do cargo até que seja esclarecido o conteúdo de gravação revelada pela Folha de S.Paulo.
O anúncio ocorreu no mesmo dia em que o jornal divulgou gravações em que Jucá fala em pacto para deter o avanço da Operação Lava Jato.
Gravados de forma oculta, os diálogos entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e Jucá ocorreram semanas antes da votação na Câmara dos Deputados que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). As conversas somam 1h15min e estão em poder da Procuradoria-Geral da República (PGR).
No lugar do ministro licenciado, entrará Dyogo Oliveira, hoje secretário executivo do Planejamento.
Em uma entrevista conturbada à imprensa, Jucá afirmou que seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, irá protocolar uma ação junto ao Ministério Público para que o órgão indique se houve ou não irregularidade ou crime na conversa. Para Jucá, houve "manipulação das informações" publicadas.
"A partir de amanhã (hoje), eu estou de licença. Reassumo o Senado para fazer o enfrentamento aqui até que o Ministério Público se manifeste quanto às condições da minha fala com Sérgio Machado. Eu sou presidente nacional do PMDB, sou um dos construtores deste novo governo e não quero, de forma nenhuma, deixar que qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo", disse.
Enquanto Jucá falava, um grupo de servidores e deputados gritava "golpista" e "ladrão", o que obrigou Jucá a falar em um tom de voz alto. Ele chamou os manifestantes de "babacas".
A decisão de pedir licença do cargo foi tomada após a divulgação de áudio que desmentiu a versão inicial do ministro de que ele se referia à situação econômica.
Foi acertada a permanência de Oliveira no comando da pasta, em um primeiro momento, uma vez que as soluções caseiras estudadas pelo peemedebista, como o deslocamento para o posto de Moreira Franco e Eliseu Padilha, enfrentaram resistências de ambos.

Dilma diz que Jucá 'escancarou' estratégia para 'deter Lava Jato'

A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (23) que as declarações do ministro Romero Jucá (Planejamento) "escancararam" o que chama de "caráter golpista" de seu impeachment e diz que o processo tinha o "real objetivo" de interromper a Operação Lava Jato.
"A gravação mostra o ministro do Planejamento interino, Romero Jucá, defendendo o meu afastamento como parte integrante e fundamental de um pacto que tinha como objetivo interromper as investigações", disse Dilma durante evento em Brasília com trabalhadores da agricultura familiar.
"Se alguém ainda não tinha certeza de que há um golpe em curso, baseado no desvio de poder e na fraude, as declarações fortemente incriminatórias de Jucá sobre os reais objetivos do impeachment e sobre quem está por trás dele eliminam qualquer dúvida. A gravação escancara o desvio de poder e a fraude do processo de impeachment praticados contra uma pessoa inocente. Revelam o modus operandi do consórcio golpista", completou.
Nesta segunda-feira (23), a Folha de S.Paulo divulgou gravações em que Jucá fala em um pacto para deter o avanço da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras.
Em conversas ocorridas em março deste ano, o ministro do Planejamento sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, ligado ao PMDB, que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Lava Jato, que investiga os dois.
Em discurso de cerca de meia hora diante de uma plateia de 700 pessoas simpáticas a seu governo, Dilma disse que o impeachment "era a melhor estratégia de paralisação da Lava Jato" e, sem citar nomes, disse que "eles diziam que era para continuar [as investigações], mas por trás tomavam todas as medidas para paralisar".
"A frase mais sintética [das gravações] é: 'tem que mudar o governo para estancar a sangria [da Lava Jato]", disse Dilma sob os gritos de "não vai ter golpe" e "fora, Temer".
Sem citar o nome do presidente interino, Michel Temer, Dilma disse que "continuará lutando" para voltar ao cargo e, numa crítica à montagem do ministério do peemedebista, disse que os brasileiros "não elegeram um governo só de homens, brancos, ricos e velhos".
Para Dilma, há uma "grande temor" de que o "governo ilegítimo" cerceie movimentos sociais, por exemplo, para poder "executar suas ações".
CUNHA
Dilma usou mais uma vez da estratégia de colar a imagem de Temer à do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e se utilizou mais uma vez das gravações de Jucá.
"O próprio vice-presidente, como disse Romero Jucá, é tutelado por Eduardo Cunha. Aliás, Jucá diz na gravação uma frase muito pesada: Michel é Eduardo Cunha", afirmou Dilma.
A petista disse que, com isso, "fica evidente o caráter espúrio dessa interinidade".
Durante o evento, Dilma estava acompanhada dos ex-ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), Carlos Gabas (Aviação Civil) e Eleonora Menicucci (Mulheres).

Aliados de Temer elogiam decisão de afastamento de peemedebista

Aliados do governo Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados elogiaram a decisão do ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), de se afastar do cargo. Surpreendidos com o anúncio de Jucá quando ainda davam entrevistas no Salão Verde pedindo sua saída, os líderes partidários admitiram que a gravação entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado causou constrangimento e disseram que agora a crise deixa o Palácio do Planalto.
"A decisão foi acertadíssima e era esperada por todos nós", elogiou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). O tucano disse ainda que a saída dá a oportunidade de Jucá se defender, já que agora o peemedebista tinha se colocado em uma situação de suspeição.
Imbassahy afirmou que a decisão foi boa para o País e para um governo que se inicia em meio a uma crise política, econômica e moral. "Há tantas coisas desagradáveis que tudo que você coloca de negativo sempre acrescenta de uma maneira muito maior", emendou.
O líder disse que não causaram desconforto as menções ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Ele disse que Machado buscou o PSDB por seis vezes consecutivas. "Não tem nada que comprometa o PSDB", declarou.

Ministro José Serra enfrentou protestos na Argentina

O chanceler brasileiro, José Serra (PSDB), encontrou-se ontem com a ministra das Relações Exteriores argentina, Susana Malcorra, em Buenos Aires, em sua primeira viagem no comando do Itamaraty. Em razão de um protesto que uniu brasileiros contrários ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e opositores do argentino Mauricio Macri, Serra entrou ao meio-dia no Palácio San Martín, sede da diplomacia argentina, por uma porta secundária. Ambos governos começam uma reaproximação considerada prioritária pelo brasileiro.
A Argentina foi mencionada por ele entre suas 10 diretrizes para política externa. Crítico do Mercosul, Serra busca uma flexibilização do bloco para facilitar acordos bilaterais.
Os cerca de 150 manifestantes receberam o ministro com gritos de "golpista" e "fora, Serra". Houve tensão com agentes da polícia federal quando Serra, já dentro da chancelaria, foi visto pelos ativistas através das grades do portão principal. Os policiais usaram os escudos para afastar o grupo, enquanto o ministro e a anfitriã ouviam os gritos de protestos, repetidos ao som de tambores de manifestantes kirchneristas.

'Não vou mergulhar no meio dessa confusão que não é minha', diz Cunha

Afastado da Câmara desde o dia 5 de maio, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não quis comentar as declarações do ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), em gravação divulgada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. "Não vou mergulhar no meio dessa confusão que não é minha", justificou Cunha.
Sem se aprofundar no comentário, Cunha ironizou a declaração do colega de partido. "Estou aqui vivo. Morto não escreve", disse por meio de mensagem de texto.
Outro a ironizar o comentário de Jucá foi o líder do P-Sol, Ivan Valente (SP). "O Eduardo Cunha está bem vivo. Ele nomeou André Moura (PSC-SE)", observou Valente, referindo-se à escolha do novo líder do governo na Câmara, que é ligado a Cunha.
O presidente afastado da Câmara esteve no Congresso, na semana passada, para prestar depoimento no Conselho de Ética, onde responde a processo por quebra de decoro parlamentar. Na ocasião, disse que voltaria a frequentar a Casa nesta semana, mas, no dia seguinte, desistiu da ideia com receio de que o Supremo Tribunal Federal entendesse o gesto como desobediência. "Devem ter ponderado por seus advogados que poderia ser decretada sua prisão. Então ele recuou", declarou o líder do P-Sol.
Valente disse que Cunha foi "arrogante", "prepotente" e agiu com um ar desafiador em seu depoimento no conselho.

Para PT, áudio confirma que Dilma não atuou contra Lava Jato

O comando do PT e ex-ministros da gestão Dilma Rousseff (PT) avaliam que a primeira grande crise do governo de Michel Temer (PMDB), com a revelação do diálogo no qual o titular do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), fala na necessidade de "estancar a sangria da Operação Lava Jato", será benéfica para a presidente afastada. Ex-ministros argumentam que as afirmações feitas por Jucá, em diálogo com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, demonstram claramente que o governo Dilma "nada fez para frear" a Lava Jato, ao contrário do que disse o ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (ex-PT-MS), que teve o mandato cassado. A presidente afastada se reuniu com auxiliares, no Alvorada. Seguindo a estratégia da "pronta resposta", Dilma pediu a Ricardo Berzoini, para gravar um vídeo, que foi postado na página dela no Facebook, dando o tom da reação petista.