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Opinião

- Publicada em 06 de Maio de 2016 às 17:29

Sem acesso ao avanço médico

O avanço em medicina deu um salto em qualidade e resultados que é difícil imaginar que a primeira anestesia foi há somente 170 anos. Médico bom era o profissional rápido que operava alguém antes que a dor o matasse. Muito se aprendeu deste então. Drogas com mecanismos de ação elegantes povoam as publicações médicas. Estudos clínicos de grande porte com delineamento complexo fundamentais para separar efeito terapêutico do placebo mostraram resultados até a pouco inimagináveis. Outras tantas promessas falham todo dia, com resultados até deletérios. Esse modelo "blockbuster", no qual drogas de sucesso devem pagar o seu desenvolvimento e cobrir os custos das demais substâncias que não se provaram efetivas, gerou um efeito colateral global: toxicidade econômica! Existem novas drogas realmente inovadoras, assim como existem outras com algum fundamento teórico e pouco impacto real na vida do paciente, e com preços que ultrapassam qualquer condição de financiamento. De pouco adianta qualquer avanço médico se não há acesso a ele. Outro problema tão grave e menos conhecido é o desabastecimento de drogas que não trazem lucros elásticos aos fabricantes. Estamos vivendo, por exemplo, a falta de remédios baratos, como onco-BCG, para câncer de bexiga, e mitomicina, para câncer de canal anal. As eventuais explicações não justificam a tomada de medidas tardias após crise instalada. Vários países têm legislação e regras para minimizar esse cenário, debate que segue patinando no Brasil. Em um sistema de saúde com diferenças abissais entre quem tem saúde privada e a maioria que depende do sistema público, esse é um assunto que interessa a todos. Temos que ser ágeis na escolha de estratégias, alinhados com a epidemiologia, para termos soluções práticas antes de colapsos que ameaçam a vidas das pessoas, mesmo no período da crise - ou melhor dizendo, principalmente por causa da crise, momento que a saúde da população piora. Temos que migrar de preço do remédio para valor da vida.
O avanço em medicina deu um salto em qualidade e resultados que é difícil imaginar que a primeira anestesia foi há somente 170 anos. Médico bom era o profissional rápido que operava alguém antes que a dor o matasse. Muito se aprendeu deste então. Drogas com mecanismos de ação elegantes povoam as publicações médicas. Estudos clínicos de grande porte com delineamento complexo fundamentais para separar efeito terapêutico do placebo mostraram resultados até a pouco inimagináveis. Outras tantas promessas falham todo dia, com resultados até deletérios. Esse modelo "blockbuster", no qual drogas de sucesso devem pagar o seu desenvolvimento e cobrir os custos das demais substâncias que não se provaram efetivas, gerou um efeito colateral global: toxicidade econômica! Existem novas drogas realmente inovadoras, assim como existem outras com algum fundamento teórico e pouco impacto real na vida do paciente, e com preços que ultrapassam qualquer condição de financiamento. De pouco adianta qualquer avanço médico se não há acesso a ele. Outro problema tão grave e menos conhecido é o desabastecimento de drogas que não trazem lucros elásticos aos fabricantes. Estamos vivendo, por exemplo, a falta de remédios baratos, como onco-BCG, para câncer de bexiga, e mitomicina, para câncer de canal anal. As eventuais explicações não justificam a tomada de medidas tardias após crise instalada. Vários países têm legislação e regras para minimizar esse cenário, debate que segue patinando no Brasil. Em um sistema de saúde com diferenças abissais entre quem tem saúde privada e a maioria que depende do sistema público, esse é um assunto que interessa a todos. Temos que ser ágeis na escolha de estratégias, alinhados com a epidemiologia, para termos soluções práticas antes de colapsos que ameaçam a vidas das pessoas, mesmo no período da crise - ou melhor dizendo, principalmente por causa da crise, momento que a saúde da população piora. Temos que migrar de preço do remédio para valor da vida.
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