Antes de assumir a prefeitura, Nestor Tissot foi vereador e vice-prefeito de Gramado Antes de assumir a prefeitura, Nestor Tissot foi vereador e vice-prefeito de Gramado Foto: JONATHAN HECKLER/JC

O prefeito mais empreendedor do Pa�s

Gramado foi eleito o segundo melhor destino turístico do Brasil em 2016 pelo Traveller's Choice, reconhecimento oferecido pelo aplicativo de viagens global TripAdvisor. Mas nem só de turismo vive a Serra. O que muita gente não sabe é que Gramado é referência nacional em empreendedorismo local, por duas vezes vencedor do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor.
Há dois mandatos à frente da prefeitura, Nestor Tissot (PP), que recebeu a equipe do GeraçãoE no seu gabinete, diz que o destaque se deve a uma caminhada que iniciou-se na gestão pública do município 20 anos atrás, com políticas de fomento ao desenvolvimento rural. Hoje, ele afirma, o interior de Gramado não sofre mais de êxodo, e o crescimento gerado pelo incentivo do consumo à produção local fez com que as novas gerações se mantivessem interessadas em dar continuidade à agroindústria familiar. Veja trechos da conversa:
GeraçãoE - Como surgiu a ideia do projeto de empreendedorismo no meio rural?
Nestor Tissot - Foi uma ideia do poder público, um projeto muito amplo. O turismo, há muitos anos, era benéfico à área mais urbana da cidade, mais central. E o nosso interior estava distante disso tudo. E pior do que isso, os jovens daquela época já vinham para a cidade buscar emprego, deixando as famílias e as propriedades - que, em geral, eram pequenas. Então, começaram a ser pensadas ações para levar riqueza para lá. A primeira foi a Festa da Colônia, em 1994. As duas primeiras edições foram no interior e foram um fracasso. Passaram uns três anos e decidimos trazer para o Centro da cidade. De lá para cá, nós criamos os roteiros de agroturismo, o fomento às agroindústrias que hoje são quase 100, a Casa do Colono, espaço público na região central para vender os produtos. Mais recentemente, junto à feira de produtos orgânicos, criamos um espaço para o artesanato. São três espaços gratuitos na cidade para exposição do artesanato, dois no Lago Negro e um na área central. E a prefeitura contratou, há pouco, um corpo técnico de engenheiros e agrônomos para avançar na legalização e certificação das agroindústrias, se necessário melhorando a estrutura, de graça.
GE - Ao que se deve a permanência do jovem?
Tissot - Ao bolso. As pessoas que vinham do interior para a cidade não vêm mais, porque eles viram que lá na propriedade as coisas funcionam e geram lucro. Ou melhor, o jovem vem para a cidade, conhece as coisas como são, e volta. Hoje, a gente pode garantir para o colono que, se ele souber fazer queijo, ele pode fazer porque terá onde vender. Se não tem o turismo, tem os hotéis e os restaurantes. Há uma perspectiva muito mais positiva, já tem um comprador esperando este produto. E eles começam a perceber estas oportunidades.
GE - O maior incentivo está no apoio técnico?
Tissot - Totalmente, e é feito de forma gratuita. No primeiro prêmio que ganhamos (2013-2014), fomos para Nova Zelândia e Austrália. Se no nosso sistema entra um projeto de novo negócio, ele é prioridade, porque a prefeitura entende que ele é geração de riqueza, de receita, de emprego, e nos interessa.
GE - Munido destes prêmios, qual o próximo passo?
Tissot - O nosso interior agora é como se fosse uma secretaria à parte, está montado e vai seguir. Não tem como retroceder porque este jovem que está lá agora fazendo as coisas vai querer aumentar a agroindústria, vai querer incorporar uma pousada ao terreno dele, vender isso também. Essa cultura já está muito bem projetada na nossa comunidade. O investidor de fora não percebe isso rápido, mas o morador sabe que a porta está aberta.
 
 
 
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