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BORRACHA

- Publicada em 15 de Maio de 2016 às 04:03

Competitividade do setor está em xeque

Queda na produção de borracha gerou cerca de 30% de demissões

Queda na produção de borracha gerou cerca de 30% de demissões


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
A queda de produtividade das cadeias automotiva, de máquinas e equipamentos e da construção civil atingiu em cheio a demanda da indústria de borracha, que se retraiu pelo segundo ano consecutivo. Segundo o IBGE, a produção e venda de pneumáticos e artefatos encolheu 10% em 2015, e as projeções para 2016 não fogem desse cenário. Além da produção, as exportações também registraram queda no ano passado, principalmente entre os pneumáticos, que influenciam diretamente a competitividade do setor no mercado externo.
A queda de produtividade das cadeias automotiva, de máquinas e equipamentos e da construção civil atingiu em cheio a demanda da indústria de borracha, que se retraiu pelo segundo ano consecutivo. Segundo o IBGE, a produção e venda de pneumáticos e artefatos encolheu 10% em 2015, e as projeções para 2016 não fogem desse cenário. Além da produção, as exportações também registraram queda no ano passado, principalmente entre os pneumáticos, que influenciam diretamente a competitividade do setor no mercado externo.
Em valores, segundo análise do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha no Rio Grande do Sul (Sinborsul), o segmento nacional exportou, no ano passado, US$ 1,76 bilhão, próximo aos números de 2009, e a receita do que foi exportado cresceu 14% em reais (de R$ 6,1 bilhões) em relação a 2014. O mercado interno, no entanto, diminuiu, e o comportamento do consumo aparente se retraiu 24% entre 2014 e 2015.
No Rio Grande do Sul, houve, no ano passado, crescimento de 2,1% na indústria de borracha, mas o faturamento não foi suficiente para enfrentar a crise, e o emprego caiu 0,9%, acompanhado da redução de 2% nas horas trabalhadas. As exportações gaúchas do segmento também sofreram baixa, de 10,6% (US$ 206 milhões) entre 2014 e 2015, não suprindo a queda da demanda interna, segundo dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE). "2015 foi um ano decepcionante. Tivemos alguns avanços em faturamento, em função do câmbio, mas não em peças vendidas, e as perspectivas para 2016 não são boas", aponta o presidente do Sinborsul, Gilberto Brocco.
Segundo maior polo de produção de borracha no Brasil, perdendo apenas para São Paulo, o Estado concentra no polo de São Leopoldo as maiores empresas do segmento, e a queda na produção gerou em média 30% de demissões, números não oficiais. Para fortalecer a cadeia e mantê-la competitiva, a Associação Brasileira de Tecnologia da Borracha (ABTB) defende a necessidade de atualização das empresas e profissionais, e incentiva investimentos em educação, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação. "Os momentos de crise são de grandes oportunidades para se propor mudanças de conceitos, estratégias, produtos e serviços", opina o presidente nacional da entidade, Henrique Brito.
Para 2016, o Sinborsul prevê piora nos indicadores, em decorrência da manutenção da atividade econômica fraca e do nível de confiança abaixo do empresariado. "Não temos perspectiva de melhora e, mesmo que haja avanço na política e economia, vemos possibilidade de melhora somente a partir de 2018", comenta Brocco.

Esforço para manter a produção

Queda na produção de borracha gerou cerca de 30% de demissões

Queda na produção de borracha gerou cerca de 30% de demissões


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
Com 79 anos de mercado, a Borbonite S.A. Indústria da Borracha, fabricante de laminados, apara-barros para caminhões e chapas de borracha, sente as dificuldades que o segmento enfrenta, principalmente em função da retração do setor automotivo. Localizada em Novo Hamburgo e com uma produção de 1.600 metros de borracha e de 900 unidades de apara-barros por mês, a empresa reduziu o faturamento, entre 2015 e o primeiro trimestre de 2016, em 60% e dispensou 28 colaboradores, tendo hoje 20 funcionários. "Estamos nos adequando à crise, reduzimos o faturamento, os funcionários, e só compramos a matéria-prima que vamos usar", conta a gerente Glória Franco.
Fornecedora também de laminados de borracha para academias e quadras esportivas e de laminados de borracha em chumbo para salas de exame radiológico, a Borbonite concentra sua produção apenas no mercado interno, priorizado entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Até 2014, a empresa exportava para a Argentina, operação cancelada por conta da diminuição gradual do número de pedidos do país vizinho.
Para enfrentar as dificuldades e seguir com as atividades ao longo de 2016, a empresa aguarda as mudanças econômicas e a nova condução da política brasileira, e segue apostando na força e confiança de seus colaboradores como principais incentivos para não desistir. "Temos fé no nosso trabalho, na qualidade de nossos produtos e de que a crise vai passar. Nossa equipe é boa e persistente, e temos tudo pra continuar dando certo", ressalta.