O diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Tiago de Barros, afirmou ontem que a falta de recursos pode levar o órgão a paralisar as atividades. "Do jeito que está, a gente não fecha o ano. Daqui a dois meses, teria que parar o serviço, porque não tem dinheiro para pagar a conta de luz", disse, na Fundação Getulio Vargas (FGV).
A Aneel é responsável pela licitação e fiscalização dos serviços responsáveis pelo suprimento de eletricidade no País. A agência propôs orçamento de R$ 240 milhões para este ano, mas os últimos números aprovados ainda pela presidente afastada Dilma Rousseff garantiram R$ 200 milhões. "Gastamos
R$ 165 milhões com salários e só sobrariam pouco mais de R$ 40 milhões para gastar com luz, fiscalização e passagens. É impossível", justifica Barros.
No início de maio, a Aneel suspendeu os serviços de teleatendimento ao consumidor. Barros diz que foram suspensas também as audiências públicas para discussão de temas regulatórios. Segundo o diretor, a falta de recursos põe em risco também o trabalho de fiscalização da qualidade do fornecimento de energia no País. "Não faz sentido o contingenciamento imposto na Aneel", reclamou Barros, argumentando que a agência gera superávit com a arrecadação de taxas de fiscalização e que esses recursos não podem ser destinados ao custeio de outras áreas.