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NOVO GOVERNO

- Publicada em 17 de Maio de 2016 às 22:08

Meirelles anuncia Ilan Goldfajn para o Banco Central

A partir da esquerda: Ladeira, Hamilton, Goldfajn, Temer, Meirelles, Godoi, Mansueto Almeida e Rachid

A partir da esquerda: Ladeira, Hamilton, Goldfajn, Temer, Meirelles, Godoi, Mansueto Almeida e Rachid


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
O economista Ilan Goldfajn foi confirmado ontem no cargo de novo presidente do Banco Central (BC). O atual presidente, Alexandre Tombini, deve permanecer no cargo até que Goldfajn seja sabatinado pelo Senado. Goldfajn já fez parte da diretoria do BC na gestão Henrique Meirelles no BC e ocupava atualmente o posto de economista-chefe do Itaú. Os novos dirigentes foram apresentados em cerimônia na tarde de ontem com a presença do presidente interino Michel Temer.
O economista Ilan Goldfajn foi confirmado ontem no cargo de novo presidente do Banco Central (BC). O atual presidente, Alexandre Tombini, deve permanecer no cargo até que Goldfajn seja sabatinado pelo Senado. Goldfajn já fez parte da diretoria do BC na gestão Henrique Meirelles no BC e ocupava atualmente o posto de economista-chefe do Itaú. Os novos dirigentes foram apresentados em cerimônia na tarde de ontem com a presença do presidente interino Michel Temer.
Outro ex-diretor do BC, Carlos Hamilton Araújo será secretário de Política Econômica. O economista do Ipea Marcelo Caetano irá comandar a Secretaria de Previdência. Também do Ipea, o economista Mansueto de Almeida, colaborador do programa de governo do candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, será secretário de Acompanhamento Econômico.
O presidente do BC deixa de ser ministro de Estado, mas a prerrogativa de foro especial que é garantida aos ministros será determinada através de proposta de emenda constitucional, que será estendida à diretoria da instituição. "Autonomia de decisão do BC não se confunde com independência", disse Meirelles. Segundo ele, no momento, não há definição de mandatos, como no caso de uma independência formal do BC.
Mansueto deve focar as atividades na Secretaria de Acompanhamento Econômico nas despesas públicas, de acordo com Meirelles. Ele vai ser responsável por analisar as despesas públicas para embasar as medidas que serão adotadas pelo ministério.
Carlos Hamilton vai ajudar a formular as políticas econômicas. "A Secretaria de Acompanhamento Econômico vai fornecer a base de dados e avaliação dos componentes de despesas públicas com precisão e tranquilidade", afirmou o ministro da Fazenda. Caetano, secretário de Previdência, tem como principal finalidade formular uma política para o setor, o que inclui participar das discussões sobre reformas. O ministro descarta tomar qualquer atitude precipitada em relação ao tema.
Meirelles disse que outros nomes estão sendo anunciados gradualmente. "Estaremos continuando, nos próximos dias, a avaliar e tomar decisões." Segundo o ministro, a próxima rodada de decisões será sobre os bancos públicos - Banco do Brasil (BB), Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia.
Otávio Ladeira continua como secretário do Tesouro Nacional; e Jorge Rachid, como secretário da Receita Federal.
Em nota, o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que Goldfajn é profissional reconhecido, com larga experiência no setor financeiro brasileiro, ampla visão da economia nacional e internacional, além de já ter passagem pela diretoria colegiada dessa instituição.

Equipe econômica

Banco Central
Ilan Goldfajn é economista com mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) - já ocupou uma cadeira no Banco Central anteriormente: foi diretor de Política Econômica da instituição entre 2000 e 2003, na gestão de Arminio Fraga. Desde 2009, é economista-chefe e sócio do Itaú-Unibanco. No Banco Central, trabalhou alguns meses com Meirelles, que assumiu a presidência da autoridade monetária no primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Secretário da Previdência
Marcelo Abi-Ramia Caetano é economista e trabalhava no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desde 1997. Desde o início de sua atuação no instituto, ele se dedicou à área de Previdência Social. A partir de 2012, passou a exercer o cargo de coordenador de Previdência do instituto. Caetano é afinado com o pensamento liberal e autor de estudos que defendem reformas na Previdência.
Secretário de acompanhamento econômico
Mansueto Facundo de Almeida Jr. é economista pela Universidade Federal do Ceará, mestre em economia pela USP. É técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea. Já trabalhou como assessor econômico do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e foi colaborador do programa de governo do tucano Aécio Neves durante sua candidatura à presidência, em 2014. Almeida ficou conhecido por seu blog, no qual costumava criticar a política econômica do governo Dilma.
Secretário de política econômica
Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo é doutor e mestre em Economia pela FGV e engenheiro civil pela Universidade Federal do Ceará. Trabalhou no Banco do Estado do Ceará entre 1984 e 1990. Posteriormente, passou pela Secretaria do Tesouro Nacional e estava no Banco Central desde 2000. A partir de 2010, assumiu a diretoria de Política Econômica do BC, onde teve diversos atritos por conta da política de redução dos juros.
Secretário da Receita Federal
Jorge Antônio Deher Rachid é formado em administração pela Faculdade Cândido Mendes. Entrou na Receita Federal como auditor fiscal em 1986. Em 2003, passou a ser secretário da Receita e, em 2005, acumulou o cargo da Receita Previdenciária, órgão ligado ao extinto Ministério da Previdência Social. Rachid deixou a secretaria em 2008, na época do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, e foi trazido de volta por Joaquim Levy.
Secretário do Tesouro Nacional
Otavio Ladeira de Medeiros é analista de finanças com mestrado em ciências econômicas pela UNB. Possui MBA de finanças pelo Ibmec e extensão na área pela George Washington University. Ladeira é servidor da secretaria desde 1994 e chegou ao posto de secretário na gestão Nelson Barbosa. Por vezes, ainda que de maneira extraoficial, manifestou-se contrário às políticas do ex-secretário Arno Augustin, que é acusado de maquiar contas públicas.

Repercussões

Para a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), os novos integrantes da equipe econômica do governo do presidente interino Michel Temer reforçam a sinalização de que o atual governo vai priorizar o reequilíbrio fiscal e "buscará maior coordenação entre as políticas monetária e fiscal". "Isto é imprescindível para a retomada de confiança dos agentes econômicos e a recuperação da economia", disse a entidade.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) analisa como positivas as escolhas do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para compor a equipe econômica do novo governo. Na visão da entidade, a nova equipe tem condições técnicas para restabelecer a confiança de consumidores, empresários e investidores e, com isso, viabilizar a retomada do crescimento da economia.
A consultoria de risco político Eurasia diz que os nomes anunciados pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para os cargos da equipe econômica sugerem que o governo Michel Temer deve apostar em uma ambiciosa agenda de reformas. Além disso, afirma a consultoria, a escolha do economista Ilan Goldfajn para o Banco Central (BC) representa um ganho de credibilidade para a autoridade monetária.
Na opinião do economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan, o ponto alto na troca da equipe econômica é a guinada na forma de avaliar as razões da crise fiscal. De acordo com Molan, a equipe da presidente afastada Dilma Rousseff via o desajuste nas contas públicas como uma consequência da falta de crescimento econômico. Já a nova equipe anunciada ontem vê o desarranjo fiscal como a causa da recessão.