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Energia

- Publicada em 10 de Maio de 2016 às 22:23

Tractebel discutirá com a Fepam retirada de equipamentos de usina

Empresa elabora um PDV, explica Zaroni

Empresa elabora um PDV, explica Zaroni


PLINIO BORDIN/DIVULGAÇÃO/JC
A Tractebel marcou, para 31 de agosto, o desligamento da térmica a carvão de Charqueadas, apesar do esforço do governo do Estado para convencer a companhia a estender a operação, pelo menos, até o final do ano. Independentemente dessa tentativa do governo, a empresa já vislumbra os próximos passos. Um plano para deixar o terreno limpo, sem instalações industriais, será discutido com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) nos próximos dias.
A Tractebel marcou, para 31 de agosto, o desligamento da térmica a carvão de Charqueadas, apesar do esforço do governo do Estado para convencer a companhia a estender a operação, pelo menos, até o final do ano. Independentemente dessa tentativa do governo, a empresa já vislumbra os próximos passos. Um plano para deixar o terreno limpo, sem instalações industriais, será discutido com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) nos próximos dias.
O gerente regional da Tractebel, Renato Barbosa, diz que não há prazo definido para executar a ação. "Poucas e pequenas coisas poderão ser aproveitadas em outras usinas da companhia, como computadores, sistemas de controles, baterias, compressores de ar, geradores a diesel, pequenas bombas d'água e motores", antecipa. Barbosa acrescenta que os grandes equipamentos (como turbinas e filtros) são sucata pelo elevado número de horas de operação que cada um tem e pela tecnologia antiga, que não contempla a eficiência exigida hoje em dia. O motivo alegado para a interrupção da térmica foi justamente a obsolescência técnica dos equipamentos e a baixa eficiência.
Segundo o gerente, o que será feito com o terreno, se dividido e vendido em lotes ou o aproveitamento de alguns prédios, isso tudo ainda está em análise. "Provavelmente, os prédios menores e próximos às ruas laterais serão segregados e vendidos ao comércio e a pequenas empresas de serviços que queiram fazer uso", projeta. Os estudos e a valoração dos serviços de desmonte da térmica somente serão vistos com mais profundidade após o desligamento definitivo da usina. O que se faz, normalmente, nesses casos é contratar empresas especializadas que fazem as desmontagens, seguindo as regras de segurança e proteção ao meio ambiente, com as corretas destinações de cada componente e equipamento, dando prioridade à reciclagem dos materiais. "Nossa intenção é a geração mínima de resíduos nessas operações de desmontes", frisa Barbosa.
Quanto ao quadro de trabalhadores, de acordo com a empresa, 72 pessoas são funcionárias diretas da companhia na termelétrica de Charqueadas, mas há em torno de 2 mil empregos indiretos proporcionados na cadeia produtiva (o Sindicato dos Mineiros calcula 2,4 mil). O diretor-presidente da Tractebel, Manoel Zaroni, comenta que a empresa tem desenhado um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para dar apoio e prêmio ao colaborador que trabalhou vários anos na companhia. A adesão dos empregados é voluntária. Há regras de prazos de adesões, datas de saídas, pagamento de um prêmio por ano trabalhado, além de assistência médica por dois anos após o desligamento. Além disso, a empresa está oferecendo a oportunidade de, em havendo vagas, os empregados de Charqueadas participarem de processos de recrutamento interno para outras usinas da companhia, como as do complexo termelétrico Jorge Lacerda (SC) e a térmica Pampa Sul (Miroel Wolowski), que está em implantação em Candiota, com entrada em operação prevista para janeiro de 2019.

Limitação de potência foi obstáculo para uma nova planta

A Tractebel avaliou erguer uma usina de 80 MW no local da atual, aproveitando parte dos equipamentos. Mas as análises demonstraram que, em 25 anos, que é o tempo utilizado para amortização desses investimentos no setor elétrico, não haveria retorno financeiro. "Vale ressaltar que o aumento da potência não pode ser pensado além dos 80 MW, porque isso demandaria novo licenciamento, que provavelmente não teria sucesso nessa localização atual, pois o terreno e as vias de acesso não comportam uma usina maior", enfatiza o diretor-presidente do grupo, Manoel Zaroni.
A estrutura que opera hoje tem uma capacidade instalada de 36 MW (cerca de 1% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul). O executivo reitera que não é viável implementar uma outra usina, pelo baixo retorno do investimento, planta de pequena potência e escala, e o alto preço do carvão na região de Charqueadas. Zaroni cita que o preço do carvão na região de Candiota, por exemplo, é bem menor, e as usinas lá ficam ao lado da mina. Já a térmica de Charqueadas está a 70 quilômetros da mina, sendo que o frete onera o preço do carvão.
O diretor-presidente da Tractebel revela ainda que foi feita uma pesquisa para queimar biomassa (matéria orgânica), mas, técnica e economicamente, o projeto não foi viável. As caldeiras e os filtros que a empresa utiliza em Charqueadas não são adaptados para esse combustível, e o custo da biomassa e de seu transporte são maiores do que o do carvão. Outros combustíveis, como, por exemplo, o gás natural, não estão disponíveis em quantidade e preço para a escala viável de geração.