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Energia

- Publicada em 08 de Maio de 2016 às 21:53

Governo tenta estender operação da Tractebel

Termelétrica emprega hoje cerca de 2.400 trabalhadores indiretos

Termelétrica emprega hoje cerca de 2.400 trabalhadores indiretos


ECOEFICIÊNCIASOLAR/DIVULGAÇÃO/JC
Um pouco mais de tempo para buscar opções que atenuem as demissões que serão consequência do fim da operação da termelétrica a carvão de Charqueadas é a sugestão que será apresentada pelo governo do Estado à Tractebel Energia. Na sexta-feira, a companhia, através de nota distribuída à imprensa, comunicou que resolveu desativar em 31 de agosto o empreendimento, que gera energia há 54 anos. O motivo alegado foi a obsolescência técnica dos equipamentos e baixa eficiência.
Um pouco mais de tempo para buscar opções que atenuem as demissões que serão consequência do fim da operação da termelétrica a carvão de Charqueadas é a sugestão que será apresentada pelo governo do Estado à Tractebel Energia. Na sexta-feira, a companhia, através de nota distribuída à imprensa, comunicou que resolveu desativar em 31 de agosto o empreendimento, que gera energia há 54 anos. O motivo alegado foi a obsolescência técnica dos equipamentos e baixa eficiência.
O secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, admite que ficou surpreso com a decisão. Inclusive porque, na terça-feira da semana passada, houve uma reunião em Brasília que contou com representantes da empresa, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ministério de Minas e Energia, deputados e senadores para discutir o assunto. Na ocasião, foi feita a proposta, que seria apresentada ao Conselho de Administração da Tractebel, para que se mantivesse a usina em atividade pelo menos até o fim de 2017.
Redecker adianta que um novo encontro será realizado na capital federal, na segunda quinzena de maio, e a tentativa do governo gaúcho será no sentido de convencer a Tractebel a seguir com as operações, no mínimo, até o final deste ano. "Sabemos que uma empresa privada tem liberdade de ação, mas também acreditamos que tem uma responsabilidade social", defende o secretário.
O presidente do Sindicato dos Mineiros do Rio Grande do Sul, Oniro Camilo, rotulou como uma "surpresa desagradável" a informação do fechamento da usina. O dirigente ressalta que, além da falta que fará para a segurança do setor elétrico, a interrupção criará um sério problema de desemprego na região, que já vem sofrendo com as demissões de pessoal realizadas por outras empresas como, por exemplo, a Gerdau. Conforme a Tractebel, de forma direta, a térmica gera 72 empregos. No entanto, Camilo enfatiza que indiretamente, ao longo da cadeia (extração do carvão, transporte etc.), o número de trabalhadores envolvidos com a atividade da estrutura chega a cerca de 2,4 mil.
Questionado sobre para onde essa mão de obra poderia ser deslocada, o presidente do sindicato é pessimista. "Não tem, na região não tem", alerta. Para Camilo, a Tractebel não demonstrou grande interesse em manter a usina de Charqueadas funcionando. "Desde que surgiu a possibilidade de a empresa produzir energia lá na fronteira (a Tractebel está construindo uma termelétrica a carvão em Candiota), ela abriu mão da região, ela estava simplesmente empurrando com a barriga", sustenta o dirigente.

Companhia afirma ser inviável economicamente modernização do empreendimento

No comunicado repassado pela Tractebel Energia, o diretor-presidente do grupo, Manoel Zaroni, informa que a empresa até pensou em realizar adaptações e levantou custos para modernizar a planta de Charqueadas, o que se mostrou inviável economicamente, principalmente pelo preço do combustível. O executivo acrescenta que as limitações da usina não são ambientais, pois o complexo cumpre adequadamente com o que está previsto na licença ambiental. "Nossas restrições são de final de vida útil dos equipamentos, pois alguns deles já estão alcançando a marca de 300 mil horas de operação", detalha.
O consumo normal de carvão da termelétrica é de 28.886 toneladas ao mês e a companhia tem estoque suficiente para operar até agosto. Atualmente, a unidade tem uma capacidade instalada de 36 MW (cerca de 1% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul). Em fevereiro deste ano, houve a redução da capacidade da estrutura (inicialmente era de 72 MW) para enquadrar o complexo nos critérios de eficiência da Resolução Normativa nº 500 da Aneel e assim não perder o subsídio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Segundo dados da Tractebel, a eficiência média líquida da usina é hoje de 18,6%, sendo que as regras de eficiência da CDE exigem 30%. Com a diminuição da potência da térmica para 36 MW, a exigência mudou para 25%, mesmo assim, de acordo com a companhia, é um número muito alto.
A Tractebel enfatiza que foram realizados muitos esforços para manter a usina operando. "Em 2013, já sabedores da resolução que alteraria os reembolsos da CDE, iniciamos ações de engenharia para dimensionar e levantar os investimentos necessários para uma nova planta de 80 MW, a carvão, no mesmo lugar, aproveitando parte dos equipamentos", diz Zaroni.
Porém, os diferentes estudos demonstraram que uma outra planta não teria retorno financeiro em 25 anos, que é o tempo utilizado para amortização desses investimentos no setor elétrico. Apesar de afirmar ter analisado a possibilidade da implantação de uma nova térmica, a nota divulgada pela companhia também frisa que "o fechamento da usina está alinhado com a estratégia do grupo controlador da Tractebel Energia de descarbonizar sua matriz de geração de energia".