Michele Rolim
O estatuto que busca definir que uma família é formada a partir da união de homem e mulher gerou polêmica. Acompanhando essa discussão, o 9º FestFoto - Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre, de hoje a domingo, é dedicado aos retratos de família. "Esse debate é mais atual do que nunca, ainda mais com esse congresso conservador que está no poder, temos o estatuto versus a família que a sociedade vem construindo", diz o coordenador do evento, Carlos Carvalho.
Segundo ele, a ideia é construir um mosaico de imagens dos tipos de família existentes, que começa com os acervos dos fotógrafos populares, os lambe-lambes, e se desdobra em diversas possibilidades de formação e núcleos familiares, como as famílias homoafetivas.
Em imagens que mobilizam memórias, forjam a posteridade e os projetos de futuro, a fotografia é espaço para construir narrativas, revelar tempos e protagonismos. Atenta aos movimentos de um emaranhado de relações, a produção fotográfica interage nessa família contemporânea, forjada sob novas demandas. Os resultados ajudam a revelar processos sociais que acontecem em relações do cotidiano.
Com abertura marcada para as 19h, no Centro Cultural da CEEE Erico Verissimo, a programação do FestFoto inclui, além de mostras fotográficas, como Viventes, de Marian Starosta, e Postcards from Brazil, de Gilvan Barreto, exposições multimídia, conferências, oficinas, livraria especializada e leituras de portfólio.
A palestra de abertura fica por conta do mexicano Francisco Mata Rosas. Ele traz a Porto Alegre seu trabalho mais recente. São imagens captadas com aparelho telefônico móvel, que retratam o cotidiano de mulheres que convivem com os chefes do narcotráfico. Os debates seguem nos outros dias com o curador brasileiro Eder Chiodetto, que apresenta a obra do fotógrafo carioca Alair Gomes - que se dedicou à realização de imagens que redesenham a geografia da sensualidade dos homens. E outro destaque é a palestra de Nair Benedicto sobre mulheres e cidadania.
O coordenador também chama a atenção para os 20 trabalhos que compõem o programa Fotograma Livre e que foram resultado de uma convocatória internacional que mobilizou autores em 10 países, além do Brasil.
Aprofundando sua aposta na convergência digital, o FestFoto, criado em 2007, dá ênfase e espaço privilegiado para trabalhos que experimentam as ferramentas digitais tanto para produção quanto para a exibição das imagens, favorecendo a circulação e o compartilhamento dos trabalhos em ambiente eletrônico. "Nós acertamos no entendimento do rumo que a fotografia iria tomar, as possibilidade que a nova tecnologia ia proporcionar, isso tudo se confirmou de uma maneira que é muito maior do que a gente imaginava", conta Carvalho.
As atividades são abertas, gratuitas e ocorrem no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Andradas, 1.223). Outras informações no site
www.festfoto.art.br.