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seguros

- Publicada em 23 de Maio de 2016 às 13:58

Mercado segurador aposta em inovação para crescer

Visto como conservador, ramo busca oferecer novos tipos de assistências

Visto como conservador, ramo busca oferecer novos tipos de assistências


VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Toda novidade, seja no campo que for, envolve riscos. Afinal, com o novo, perde-se a cômoda previsibilidade das consequências. É de se imaginar, portanto, que um mercado como o segurador, cuja finalidade é justamente reduzir ao máximo os riscos, tenha algum tipo de diferentes produtos e assistências na busca por manter o ritmo de um segmento que, há vários anos, cresce a dois dígitos no País.
Toda novidade, seja no campo que for, envolve riscos. Afinal, com o novo, perde-se a cômoda previsibilidade das consequências. É de se imaginar, portanto, que um mercado como o segurador, cuja finalidade é justamente reduzir ao máximo os riscos, tenha algum tipo de diferentes produtos e assistências na busca por manter o ritmo de um segmento que, há vários anos, cresce a dois dígitos no País.
Ainda que os três principais eixos mais consolidados - que envolvem coberturas de automóveis, vida e saúde - continuem a dominar o mercado e os portfólios das seguradoras, não é difícil se confrontar com produtos menos tradicionais. Há, claro, aqueles que apareceram porque os próprios bens segurados eram praticamente inexistentes há algum tempo, como os seguros de aparelhos eletrônicos, caso de celulares e tablets. Mas não para por aí.
"O aperfeiçoamento é uma busca constante, não só pela rentabilidade, mas porque vivemos de atender às necessidades dos consumidores", defende o presidente do Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Capitalização e de Resseguros do Rio Grande do Sul (Sindseg-RS), Guacir de Llano Bueno. O dirigente aponta que, desde 2011, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros (Cnseg) passou a organizar o Prêmio Antônio Carlos de Almeida Braga, que condecora os projetos mais arrojados no setor no País e, com isso, incentivou as seguradoras a se mexerem.
Atualmente, segundo Bueno, é comum que as empresas tenham equipes focadas exclusivamente na pesquisa de mercado e na concepção de produtos e processos. "Por outro lado, a própria população indica a necessidade que surge por outros tipos de seguros", defende o presidente. Muitas vezes, isso ocorre por intermédio dos corretores, que são o elo da cadeia que mantém contato direto com o cliente e repassam os seus desejos às seguradoras.
Há situações mais complexas, como solicitações feitas por fábricas de tintas, por exemplo, cujo risco de incêndio seria elevado demais, argumenta o vice-presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), Celso Vicente Marini. "De resto, a maioria se consegue cobrir de um jeito ou de outro", garante o corretor, ao lembrar que, para o sucesso comercial de um produto, é necessário que os corretores tenham conhecimento total do que estão oferecendo. Muitas demandas, segue Marini, embora não possuam produtos específicos, podem se encaixar em outros eixos.
É o caso do seguro de eventos, comercializado pela Porto Seguro há seis anos. Não quer dizer que a empresa não oferecesse cobertura a feiras, palestras, casamentos e espetáculos há mais tempo. "Antes, o vendíamos na linha de responsabilidade civil, que engloba todos os setores. Mas quantos setores existem no mercado? Passamos para a segmentação até para deixar claro aos clientes", argumenta o gerente de Ramos Elementares da Porto Seguro, Marcelo Santana, afirmando que apenas três empresas possuem esse produto em sua carteira.
A estratégia, garante Santana, surtiu efeito em termos de conhecimento do seguro pelos possíveis contratantes. Houve caso de cantor que, ao chegar à empresa por outro motivo, já saiu com uma apólice. "Mencionamos sobre o seguro e na mesma hora contratou, porque tinha várias ações judiciais dos seus shows", brinca Santana. A venda seria ainda mais fácil nos shows internacionais, pois vários artistas estrangeiros exigem a cobertura já na negociação do contrato.
O produto cobre danos a terceiros, danos ao local ou aos equipamentos e roubo da renda dos ingressos. Nos casamentos, por exemplo, caso um dos noivos não possa comparecer por doença ou morte, há até cobertura dos gastos com a festa. Até abril, em relação ao ano passado, Santana afirma que as vendas do produto cresceram 26%.

Regulação desafia lançamentos

Mesmo que quisessem, é quase impossível para as empresas seguradoras lançarem novos produtos em um curto período de tempo. Além da própria concepção e desenho do seguro internamente, que envolvem diversos cálculos atuariais complexos, há uma série de fatores da porta para fora que fazem com que o produto demore a decolar. Um dos motivos é que, por conta da regulação do setor, toda proposta de produto deve ser aprovada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que avalia os termos do contrato, as coberturas, riscos excluídos e perdas de direito. A etapa, porém, não é vista com maus olhos. "É a garantia, para as famílias, de que o produto vai ser bem ofertado", defende o professor da Escola Nacional de Seguros, Lauro Faria, lembrando que poucas pessoas possuem o conhecimento técnico para avaliar sozinhas sobre a viabilidade de um seguro ofertado.
"Preferimos que o produto demore mais do que seja lançado e demonstre defeitos, gerando um recall", concorda o presidente do Sindseg-RS, Guacir de Llano Bueno. Faria acrescenta, porém, que a situação poderia ser diferente nos produtos voltados a grandes empresas, que possuem equipes especializadas para avaliar contratos e poderiam, portanto, assumir os riscos. A postura pouco aventureira, aliás, é uma marca do setor, e se expande também à esfera comercial. Vice-presidente de Automóveis e Massificados da SulAmérica, Eduardo Dal Ri conta que, com o tempo, a empresa percebeu que seria melhor gastar em pesquisas do que ofertar produtos sem consultar o mercado. Antes de um lançamento nacional, a empresa entrevista possíveis clientes, realiza testes do produto e, só então, coloca-o no varejo.
"Seguradoras são entidades que buscam se preservar. Vendemos o seguro, mas não sabemos quanto vamos pagar depois, já que os sinistros são eventos aleatórios", analisa. Dal Ri comemora que, mesmo assim, produtos sejam lançados. A falta de previsibilidade, aliás, é outro entrave para uma nova oferta. Quanto mais fora da curva for o produto - e, portanto, sem histórico de sinistro -, mais difícil é ter ideia do risco assumido. Segundo Faria, nos Estados Unidos, para precificarem seguros contra catástrofes, por exemplo, é comum utilizar modelos geográficos e não atuariais. A estratégia, forma de driblar eventos tão esporádicos, ainda é incipiente no Brasil.
As seguradoras tendem a optar, portanto, por dois caminhos: lançar em período de teste, com coberturas de baixo valor e um contrato de resseguro mais elevado, ou abandonar o projeto. Produtos de nicho ainda sofrem com o pequeno número de participantes, o que tende a aumentar a frequência de sinistros e o preço de venda do seguro. "É por isso que seguro contra alagamento não existe", explica Marcelo Santana, gerente de Ramos Elementares da Porto Seguro. "Só funcionaria se conseguíssemos fazer quem está longe das áreas de risco contratar também, mas isso é muito difícil, porque a chance de ser atingido é muito pequena", completa Santana.

Nova assistência inclui 'check-up mosquito'

 Empresas &Negócios - seguro 5 - divulgação visualhunt.com

Empresas &Negócios - seguro 5 - divulgação visualhunt.com


VISUALHUNT.COM /DIVULGAÇÃO/JC
Mais ágil do que o lançamento de produtos inteiramente novos, a criação de novas assistências para seguros que já existem dá uma roupagem mais contemporânea aos planos de cobertura. A gama de serviços embutidos surgidos nos últimos anos é extensa, e, em alguns casos, bastante atual. Desde março, por exemplo, o seguro residencial da SulAmérica passou a disponibilizar um serviço chamado de "check-up mosquito", com o qual um profissional identifica e adapta a residência do cliente para evitar focos do Aedes aegypti, em voga com os surtos de dengue, zika vírus e chikungunya.
"Os clientes questionavam se havia algo desse tipo, e chegamos à conclusão de que valeria criar esse serviço", comenta o vice-presidente da SulAmérica, Eduardo Dal Ri. "Temos de sempre estar junto com o público-alvo e seduzi-lo a partir de uma necessidade que tenha", continua, lembrando que, nos planos residenciais, as assistências são mais utilizadas do que as coberturas em si. Outros serviços oferecidos pela empresa identificam pontos críticos nas casas para idosos e crianças, além de coletar móveis e utensílios que os clientes queiram se desfazer.
A seguradora HDI montou um time responsável apenas pela busca por inovações e passou a oferecer assistências como dedetização e reformas de bicicletas em seu seguro residencial. Para atender mais rápido, a empresa adquiriu diversos carros compactos, com deslocamentos mais ágeis nas grandes cidades.
"As novas tecnologias e as novas gerações, que começam agora a consumir seguros, querem respostas imediatas, inclusive em seus atendimentos. Isso exige das seguradoras a inovação constante", comenta o diretor de Automóvel e Massificados da HDI, Fabio Leme. Em seu plano para automóveis, a empresa também lançou um aplicativo pelo qual o segurado, em caso de acidente, pode enviar fotos dos veículos envolvidos sem necessidade de reparos - os que precisarem, ainda dependem da vistoria pessoal. "É um início, uma conveniência que temos que buscar", continua Leme.
Outro motivador para as mudanças é a crise econômica, que dá sinais de que finalmente começa a chegar ao setor. Após anos beirando os 20% de crescimento anual, a arrecadação do setor como um todo, que engloba também os seguros-saúde, cresceu 11,6% em 2015, segundo dados da Cnseg. Pouco acima da inflação, portanto, que bateu em 10,67% no ano. "Já em 2016, o mercado está crescendo abaixo da inflação, o que gera uma postura defensiva de algumas seguradoras, enquanto outras podem entender que é a oportunidade para ganhar mercado em novos produtos", analisa o professor da Escola Nacional de Seguros, Lauro Faria. Uma das respostas ao momento foi dada pelo grupo BB/Mapfre, que flexibilizou a duração das apólices. Tradicionalmente anuais, a seguradora passou a oferecer coberturas por seis meses ou, para quem busca descontos, de até dois anos.

Apólice popular de automóveis é estrela dos portfólios

Entre os produtos com potencial para realmente mudar o mercado, o mais próximo da realidade é o chamado seguro popular de automóveis. Após consultas públicas, o segmento foi regulamentado, no fim de março, pela Resolução
nº 336/16 do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e, na prática, já pode ser oferecido pelas empresas. A principal mudança quanto ao seguro tradicional é a possibilidade de utilização de peças usadas no conserto de partes que não afetam a segurança dos veículos, com base na chamada Lei do Desmonte, que disciplinou os desmanches no País.
As novas regras podem permitir descontos de até 40% no preço do seguro em alguns casos. Com isso, a expectativa é alcançar grande parte dos veículos ainda não segurados da frota brasileira - apenas 17 milhões, quase 40% de todos os carros do País, possuem cobertura hoje. "Vemos essa modalidade com bastante otimismo, pelo imenso potencial de penetração, principalmente para a frota com mais idade", comenta o diretor de Automóveis e Massificados da HDI, Fabio Leme. O executivo lembra que, atualmente, praticamente toda a massa de segurados possui cinco anos ou menos, por conta da necessidade de peças novas.
Para que o produto chegue ao varejo, porém, as seguradoras ainda solicitam algumas mudanças nas regras. As principais reivindicações são a utilização exclusiva de oficinas credenciadas pelas seguradoras, a liberação de uso das chamadas peças alternativas certificadas (iguais às originais, mas sem a marca da montadora) e a limitação do produto à frota com mais de cinco anos de uso. "Da forma que está, já foi um grande avanço, porém ainda não dá um grande desconto. Tudo que pudermos fazer para reduzir o preço final ao cliente, estamos tentando", afirma o diretor-geral de Automóvel e Massificados do BB/Mapfre, Jabis Alexandre, que lembra que a lei também dará destinação aos veículos salvados, hoje quase inutilizados.
Com ou sem mudanças, Alexandre espera que o produto entre no portfólio da empresa ainda no terceiro trimestre. O diretor estima que a diminuição média no preço poderá variar de 10% (com as regras atuais) a 30% (se as mudanças forem aceitas). Já Leme, da HDI, afirma que o sucesso do produto depende das modificações, e que o lançamento virá após decisão por parte dos órgãos reguladores.
A SulAmérica estuda o projeto, sem definição sobre a oferta do produto. "Não é porque existe uma circular que signifique que o cliente realmente irá aderir a esse seguro", relativiza o diretor da empresa, Eduardo Dal Ri. Para o professor da Escola Nacional de Seguros, Lauro Faria, entretanto, o seguro popular terá sucesso. "Trará um crescimento muito maior do que o microsseguro, que era a grande coqueluche e acabou não acontecendo", analisa. Outros seguros em estudo englobam cobertura para fundos de pensão e maior participação em grandes obras.