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Empresas & Negócios

- Publicada em 16 de Maio de 2016 às 14:29

Um banho para lavar a alma

Vera Lúcia (e) , Letícia e Mari (d) esperam contar com mais voluntários

Vera Lúcia (e) , Letícia e Mari (d) esperam contar com mais voluntários


JONATHAN HECKLER/JC
Maria Eugenia Bofill
Um reboque adaptado, com chuveiros feminino e masculino, puxado por um carro. Em alguns dias Porto Alegre terá um destes circulando pelas ruas e estacionado em parques e lugares públicos da cidade. A iniciativa faz parte do projeto Banho Solidário, que irá proporcionar banho às pessoas que vivem em situação de rua.
Um reboque adaptado, com chuveiros feminino e masculino, puxado por um carro. Em alguns dias Porto Alegre terá um destes circulando pelas ruas e estacionado em parques e lugares públicos da cidade. A iniciativa faz parte do projeto Banho Solidário, que irá proporcionar banho às pessoas que vivem em situação de rua.
As idealizadoras do projeto Vera Lúcia Souza de Paula, Letícia Andrade, Mari Sanchez e Tatiana Xavier explicam que a proposta não é apenas oferecer uma higiene e que o projeto não tem como objetivo fazer caridade. "O plano não tem um cunho assistencialista, a ideia é oferecer algo digno a essas pessoas, é um direito de todos. Um banho aumenta a autoestima, abre portas, as pessoas se sentem bem", diz Letícia.
A ideia surgiu após Letícia observar um morador de rua resgatando uma tartaruga do meio da avenida José Bonifácio e devolvendo-a para água. Ao questioná-lo sobre o fato, escutou a resposta "a água é boa para todo mundo, um banho é sempre legal". A partir de então, passou a buscar alternativas de como poderia auxiliar na higiene de quem vive na rua e encontrou o Banho Solidário, criado em Vitória da Conquista, na Bahia, pelo empresário Cláudio Lacerda.
Em uma rede de colaboração, Letícia saiu aos parques de Porto Alegre para conversar com as pessoas. Além da descrença da maioria deles, identificaram as dificuldades de cada um para se higienizar. Entre as conversas, encontraram pessoas que pagavam R$ 5,00 para ter acesso a um chuveiro, ou entrasse em contêineres de lixo assim que eram limpos para fazer ali sua higiene e quem cruzasse Porto Alegre em busca de um banho. "Entrevistamos diversos moradores, com histórias completamente diferentes uma da outra, mas todos passando muito trabalho para fazer seu asseio pessoal", conta Vera Lúcia, uma das integrantes.
Após as pesquisas, a proposta foi divulgada por meio de um vídeo produzido com relatos das pessoas entrevistadas. Além disso, foram vendidos vale-banhos no valor de R$ 5,00, promovida uma festa em prol da causa e um crowfounding com duração de dois meses para arrecadar os R$ 20 mil necessários para colocar em prática o feitio do reboque. "A intenção era que as pessoas colaborassem e se sentissem um pouco donas, sem uma ideia paternalista. É um projeto de quem acredita em uma causa", explica a idealizadora.
O próximo desafio é recolher roupas, para que após o banho, as pessoas tenham algo para vestir. Em dois dias na semana o carro será estacionado em um lugar de fácil acesso ao público-alvo. A água oferecida é quente e o projeto ocorrerá durante todo o ano, independente da estação. A intenção é criar uma parceria com outras causas relacionadas às pessoas em situação de rua. "Queremos formar uma tribo na qual os movimentos conversem. Assim, fazemos uma coisa muito mais forte", salienta Letícia.
A última pesquisa da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) realizada em 2011, apresenta 1.347 moradores em situação de rua em Porto Alegre. Um novo levantamento está sendo realizado e deve ser finalizado em novembro. As estimativas é que o número esteja entre 3 e 5 mil. Segundo o presidente da Fasc, Marcelo Soares, o aumento de pessoas que vivem nessa situação ocorre por um fator denominado materialização do caos social. "É um conjunto de fatores que fazem as pessoas viverem na rua, empobrecimento, desemprego, falta de vínculo familiar, falta de políticas públicas", cita o presidente.
A prefeitura oferece três albergues que totalizam 615 vagas no verão e 785 no inverno. Porém, Soares afirma que ainda há uma resistência por parte dos moradores de irem aos abrigos, por não aceitar regras e também o cumprimento de horários. O presidente reitera o papel da Fasc em superar as dificuldades e discutir os problemas existentes em Porto Alegre, "é necessário o fortalecimento de políticas públicas para organizar a cidade".
Confira informações sobre quando o carro estará nas ruas, onde será estacionado e pontos de coleta de doações de materiais podem ser encontradas na página do facebook Banho Solidário Porto Alegre.
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