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Empresas & Negócios

- Publicada em 26 de Maio de 2016 às 11:37

Guatambu aposta no enoturismo associado à vitivinicultura

 Gabriela Hermann Pötter, Sócia Poprietária da Estância Guatambu

Gabriela Hermann Pötter, Sócia Poprietária da Estância Guatambu


RODRIGO ALVES VIEIRA /DIVULGAÇÃO/JC
Luiz Eduardo Kochhann
Em 2002, Gabriela Hermann Pötter concluiu a graduação em Agronomia e não teve dúvida: voltou à Estância Guatambu, em Dom Pedrito, onde o pai e o avô desenvolviam, desde a década de 1950, atividades de agricultura e pecuária. A proposta de plantar uvas na região da Campanha foi ouvida com certa reticência, mas meio hectare foi cedido. Hoje, os parreirais de oito variedades ocupam 22 hectares, com uma vinícola boutique produzindo 100 mil litros anuais. Em paralelo, o projeto de enoturismo atrai 10 mil visitantes por ano. Nos quatro primeiros meses de 2016, a comercialização cresceu 134% na comparação com o mesmo período de 2015.
Em 2002, Gabriela Hermann Pötter concluiu a graduação em Agronomia e não teve dúvida: voltou à Estância Guatambu, em Dom Pedrito, onde o pai e o avô desenvolviam, desde a década de 1950, atividades de agricultura e pecuária. A proposta de plantar uvas na região da Campanha foi ouvida com certa reticência, mas meio hectare foi cedido. Hoje, os parreirais de oito variedades ocupam 22 hectares, com uma vinícola boutique produzindo 100 mil litros anuais. Em paralelo, o projeto de enoturismo atrai 10 mil visitantes por ano. Nos quatro primeiros meses de 2016, a comercialização cresceu 134% na comparação com o mesmo período de 2015.
JC Empresas & Negócios - Como foi a decisão de implantar a vitivinicultura na estância?
Gabriela Hermann Pötter - Estava bem claro, para mim, que a região da Campanha era a mais propícia do Brasil para essa atividade, mas, até então, a estância não tinha um parreiral, só lavoura de arroz, soja e milho, e atividades de pecuária e melhoramento genético de alto valor agregado. Naquela época, as vinícolas da Serra incentivavam a vitivinicultura por meio de parcerias, e várias propriedades da região estavam iniciando o plantio. Nós fomos totalmente autônomos em uma época em que a atividade era nova na região. No início, vendíamos as uvas para vinícolas da Serra. Depois, a Embrapa demonstrou interesse em pesquisar o perfil dos vinhos da Campanha e começou a fazer microvinificações dessas uvas. Foi assim que, em 2008, fizemos, por meio dessa entidade, uma vinificação em escala industrial do nosso cabernet sauvignon, o Rastros do Pampa, primeiro vinho que apresentamos ao mercado. O vinho acabou premiado dentro e fora do Brasil. Foi nesse momento que o projeto tomou mais corpo para fazermos toda a vinificação em Dom Pedrito, desde a produção, passando pelo processamento até a rotulagem.
Empresas & Negócios - Qual a importância da diversificação das atividades da Guatambu?
Gabriela - A diversificação no setor primário é essencial, pois há oscilações cambiais, no valor das commodities, além da influência do clima. É bom ter mais de um produto para não ficar dependente em uma situação crítica. O trabalho do meu pai e do meu avô conseguiu que a Guatambu fosse uma marca reconhecida pela qualidade. Com isso, também conseguimos associar a história da Guatambu ao vinho. Ao mesmo tempo, quando vendemos genética, tentamos associar ao vinho. Ou seja, um impulsiona a venda do outro. O vinho, que veio depois, se valeu dessa marca, que já era consolidada em outras atividades.
Empresas & Negócios - Por que a proposta de uma boutique?
Gabriela - É uma visão familiar que se encaixa em nosso perfil familiar de trabalho, com produtos em menor escala e de alto valor agregado. Toda a planta da vinícola foi pensada para isso, com cuidados extremos em cada etapa do processo. Até porque o foco sempre foi valorizar o terroir da região. Ao mesmo tempo, investimos na estrutura dos prédios para receber o enoturismo. Nosso consumidor não quer só conhecer a vinícola, mas quer uma experiência completa de um dia inteiro, com almoço harmonizado, por exemplo.
Empresas & Negócios - Qual avaliação pode ser feita desse mercado no Brasil?
Gabriela - A demanda está cada vez maior, especialmente em estados como o Rio de Janeiro. Toda a nossa produção, de 100 mil litros anuais, sendo 50% de espumantes e 50% de vinhos tintos, fica no mercado interno, pois a demanda brasileira cresce, e não temos escala para exportar ainda. De 2014 para 2015, o faturamento aumentou 162%. Nos quatro primeiros meses de 2016, houve acréscimo de 134% na comparação com o mesmo período de 2015. Em breve, devemos saltar para algo entre 120 mil e 150 mil garrafas por ano. Começamos também a desenvolver novos tipos de vinhos. Temos desde uma linha de entrada até a mais cara, o que nos torna uma vinícola mais completa, capaz de aproveitar nichos de mercado, pois o Brasil tem, hoje, todos os tipos de público consumidor.
Empresas & Negócios - Como é a competição com os importados?
Gabriela - Logo que começamos, a competitividade era desleal, inclusive pela presença do contrabando na região da Fronteira. Os importadores, entretanto, sentiram a valorização do dólar, o que favoreceu o vinho brasileiro. Desde então, notamos um aumento da procura por representantes comerciais e distribuidores, o que ajudou a impulsionar a comercialização.
Empresas & Negócios - Qual é a participação do enoturismo?
Gabriela - O enoturismo oportuniza a fidelização da marca. Fizemos um projeto muito audacioso nesse sentido. Do faturamento anual, 25% vem de comercialização direta na loja da vinícola. São mais de 10 mil visitantes por ano, o que é ótimo, já que estamos distantes dos grandes centros. Além disso, as pessoas que passam aqui e conhecem o produto acabam retornando. Cria-se um vínculo forte com o cliente que se identifica, inclusive, com a história familiar. Da mesma maneira, essa atividade ajuda a propagar a imagem e a sentir a demanda e o gosto do público. Hoje, temos 23 avaliações no Trip Advisor, todas classificadas como "excelentes" por visitantes. Não existe melhor propaganda que o depoimento das pessoas.
Empresas & Negócios - As especificidades do terroir da Campanha trazem vantagens?
Gabriela - Os formadores de opinião e o consumidor brasileiro com alguma informação sobre vinhos já sabem e procuram as garrafas da Campanha. Mas estamos trabalhamos, por meio da associação das vinícolas da região, para divulgar a marca no Sudeste. No início, quando participávamos de feiras, era vergonhoso. Falávamos em região da Campanha, e as pessoas nem sabiam onde ficava. Houve uma consolidação da marca, mas é um processo em andamento. Os vinhos da região têm se destacado cada vez mais em concursos fora do País, o que chama muito a atenção. Além disso, as grandes vinícolas da Serra gaúcha investiram na região da Campanha, pois o clima seco faz com que se precise de menos tratamento na uva. Assim, o custo é mais baixo, e o terreno pouco acidentado facilita a mecanização, exigindo pouca mão de obra.
Empresas & Negócios - Quais são os projetos para 2016?
Gabriela - Inauguramos um parque de energia solar de 600 células fotovoltaicas, projetado para um pico de consumo de 120 mil quilowatts por mês. Quando há excedente, jogamos na rede e temos dois anos para usar os créditos de energia. O investimento foi de R$ 1,5 milhão, com retorno esperado em oito anos. Também temos a vantagem ambiental ao utilizarmos uma energia totalmente limpa para produzir nossos vinhos, o que devemos comunicar em todas as garrafas em breve. Ainda iremos lançar, no inverno, a linha Lendas, com lotes de mil garrafas de três variedades, com parcelas de uvas cabernet sauvignon, tannat e tempranillo. A ideia é valorizar, além da qualidade do vinho, a cultura da região, consolidando a marca.
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