Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Crise Política

- Publicada em 27 de Abril de 2016 às 21:56

Michel Temer quer apoio institucional dos tucanos

Renan Calheiros (c) recebe Michel Temer e o senador Aécio Neves (d)

Renan Calheiros (c) recebe Michel Temer e o senador Aécio Neves (d)


ANTONIO CRUZ/ABR/JC
Na saída do primeiro encontro público com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou ontem que o peemedebista "tem dito que quer o apoio institucional do PSDB" e que a sigla "dará a sua contribuição ao País".
Na saída do primeiro encontro público com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou ontem que o peemedebista "tem dito que quer o apoio institucional do PSDB" e que a sigla "dará a sua contribuição ao País".
Aécio falou com Temer em duas ocasiões nesta quarta-feira. Na primeira, a sós, delineou ao vice os principais pontos da agenda que o PSDB pedirá que Temer adote em troca do apoio a ele no Congresso. Se o vice o fizer, "deverá ficar livre para montar seu ministério com os melhores nomes que encontrar", afirmou Aécio.
Ele voltou a dizer que a sigla não vai "criar dificuldades" se o peemedebista nomear tucanos, mas reiterou que o partido não indicará ninguém a cargos.
Aécio vem modulando seu discurso com relação à participação de filiados ao PSDB em ministérios. Disse que, pessoalmente, acharia melhor que a participação do partido se limitasse ao apoio no Congresso, mas que não criará dificuldades se Temer buscar por conta própria quadros tucanos.
"Nossa conversa não gira em torno de cargos", afirmou Aécio. "Tínhamos duas opções: lavar as mãos ou ajudar o País a sair da crise. Vamos dar a nossa contribuição. E seremos julgados pelo que fizermos e pelo que deixarmos de fazer", concluiu.
Depois do encontro a sós com Temer, o tucano voltou a se reunir com ele, desta vez, na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Na terça-feira, Renan Calheiros esteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, foi sondado pelo petista sobre a viabilidade de abrir caminho para a realização de novas eleições neste ano.
Aécio negou que Renan tenha abordado o assunto com ele nesta quarta e rechaçou qualquer iniciativa neste sentido via Congresso ou Executivo. Segundo ele, a única maneira "constitucional" de se fazer um novo pleito é via um julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Nós temos um projeto para o País e o buscaremos pela via eleitoral no momento adequado. Agora, temos circunstâncias da vida que, provavelmente, vão levar o PMDB à presidência."

Governo vai sonegar informações para dificultar transição

Em reunião com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, ontem, deputados federais do PT traçaram uma estratégia de reação ao eventual governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB). A ordem do Palácio do Planalto é deixar Temer "à míngua", sem informações sobre a gestão, e acelerar os programas em andamento pela presidente Dilma Rousseff (PT). Com a certeza de que a votação do impeachment no Senado, prevista para o dia 11 de maio, afastará Dilma por até 180 dias, o governo e o próprio PT já preparam os próximos passos do divórcio litigioso. O encontro de ontem contou com a presença de 45 dos 57 deputados federais petistas e ocorreu na sede do PT. Na reunião com Berzoini e deputados petistas, houve também críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda não se posicionou sobre o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para afastar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo.

Líder do PT critica peemedebista por 'sentar na cadeira antes da hora'

 Senador Humberto Costa

Senador Humberto Costa


FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/DIVULGAÇÃO/JC
O líder do governo, Humberto Costa (PT-PE), fez duras críticas ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) durante sessão da Comissão Especial do Impeachment na manhã de ontem. O senador petista acusou o vice de "sentar na cadeira antes da hora" e de tratar o Congresso como um órgão auxiliar. "Queria demonstrar o meu repúdio ao vice-presidente da República, que, ignorando que ainda estamos em um processo de análise do impeachment, faz reuniões abertas para tratar de cargos no governo", criticou.
O senador também criticou a forma como Temer tem agido como presidente, ao montar seu possível governo, ignorando o processo em curso no Senado. "Ele trata esse Congresso como um órgão de homologação e já se considera presidente da República."
Em sua crítica, o líder do governo relembrou um célebre acontecimento político, há 30 anos, quando o então eleito prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, desinfetou a poltrona da prefeitura. Na véspera da eleição, o candidato Fernando Henrique Cardoso havia sentado na cadeira para posar para uma foto. "Gostaria que os senhores testemunhassem que estou desinfetando esta poltrona, porque nádegas indevidas a usaram", foi a fala de Quadros na época, parafraseada hoje pelo líder Humberto Costa.
Temer já teria escolhido Henrique Meirelles para assumir o Ministério da Fazenda. Eliseu Padilha ficaria na Casa Civil. Romero Jucá (RR) pode liderar o Planejamento. O tucano José Serra (SP),, demonstrou interesse em ser parte do governo , pode ficar no Ministério da Educação.

Sindicatos e movimentos sociais farão manifestação no Dia do Trabalho

Centrais sindicais e movimentos sociais vão aproveitar o "Primeiro de Maio", data em que se comemora o Dia do Trabalho, para fazer frente a um eventual governo Michel Temer (PMDB). Em entrevista coletiva ontem em São Paulo, organizadores dos atos disseram que "há uma grande expectativa" que a presidente Dilma Rousseff (PT) participe da manifestação no Vale do Anhangabaú, Centro da capital paulista. A presença do ex-presidente Lula (PT), segundo eles, está confirmada.
"(O impeachment) não é um golpe só contra a democracia. Há também um interesse claro de retirada de diretos dos trabalhadores, a aprovação da terceirização do Senado. Não é à toa que tem apoio da Fiesp, da CNI", disse Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT.
Os representantes dos movimentos e centrais mostraram preocupação com o documento "Uma Ponte para o Futuro", elaborado pelo PMDB e divulgado em outubro de 2015, que propõe o fim das indexações, seja para salários, benefícios previdenciários, seja para outros gastos do governo.
"O Michel Temer chama de 'Uma Ponte para o Futuro', e nós chamamos de 'Uma Ponte para o Passado'. Querem acabar com os programas sociais e culpam eles pelo desarranjo das contas públicas, vão mexer na previdência", completou Nobre.
"O Senado é uma casa mais qualificada. Nós vamos debater muito com os senadores, mostrar que esse impeachment vai agravar a crise econômica. Não vamos reconhecer nenhum governo que não passe por eleição", afirmou o secretário-geral da CUT.

Lula não se compromete com proposta de novas eleições

O grupo de senadores que defende eleição direta em outubro se reuniu, na manhã desta quarta-feira, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para pedir apoio à proposta. Segundo participantes do encontro, Lula não quis se comprometer com a proposta dos senadores, que defendem que o impeachment não resolverá o problema da crise política e econômica do país. Lula disse que iria "refletir" sobre a proposta, mas não pareceu animado.
Além disso, Lula voltou a dizer que o impeachment é "golpe" e que os senadores deveriam rejeitar o afastamento da presidente Dilma Rousseff. O grupo ainda se reuniu com Marina Silva, da Rede. Os senadores apresentaram uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) instituindo para 2 de outubro a data para a eleição presidencial.
O café da manhã ocorreu com o ex-presidente Lula na residência da senadora Lídice da Mata (PSB-BA). "Lula ouviu muito a posição sobre as eleições e pode se pronunciar depois", disse a senadora Lídice da Mata. "Ele não disse que sim nem que não à nossa proposta. Mas fomos lá para pedir o apoio dele, não para ouvir o discurso do PT de que é golpe", acrescentou o senador João Capiberibe (PSB-AP).
Lula foi informado pelos senadores de que a aprovação da abertura do impeachment e do afastamento de Dilma é "inevitável" no Senado. Lula afirmou que irá "lutar até o fim". Rouco, o petista disse que o que aconteceu é algo de uma "brutalidade muito grande".