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Crise Política

- Publicada em 26 de Abril de 2016 às 21:59

Temer chama de 'golpe' antecipação de eleições

Michel Temer

Michel Temer


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) chamou de golpe a tentativa de antecipação das eleições presidenciais para 2016 e disse que, nos Estados Unidos, "as pessoas ficariam coradas" de apresentar uma proposta que não está prevista na Constituição.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) chamou de golpe a tentativa de antecipação das eleições presidenciais para 2016 e disse que, nos Estados Unidos, "as pessoas ficariam coradas" de apresentar uma proposta que não está prevista na Constituição.
A avaliação foi feita ontem em encontro com dirigentes sindicais no Palácio do Jaburu. Segundo presentes, o peemedebista disse que, caso Dilma Rousseff (PT) seja afastada temporariamente, ele pretende abrir canal de diálogo com todos os partidos, inclusive o PT.
Temer teria afirmado ainda que movimentos de esquerda podem protestar contra ele durante o período interino, "contanto que não infernizem a vida do País".
O PT discute com Dilma a antecipação da eleição presidencial, mesmo que a presidente vença o impeachment no Senado.
A cúpula nacional do partido, contudo, tem pressionado o Planalto a apoiar a iniciativa já após um eventual afastamento temporário de Dilma. A estratégia é tentar enfraquecer a administração interina e reforçar o discurso de que Temer não tem legitimidade.
Além disso, sob orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), movimentos de esquerda farão paralisações e protestos.
Dilma já foi avisada por petistas que o Senado vai autorizar o impeachment. Em jantar no Palácio da Alvorada, na segunda-feira, o próprio Lula disse à presidente que ela precisa se preparar para o afastamento de até 180 dias. Nesse período, haveria pressão sobre Temer, aliada à cobrança por novas eleições.

Em Salvador, Dilma critica propostas de um eventual governo do PMDB

 Querem sentar na minha cadeira sem voto, diz Dilma

Querem sentar na minha cadeira sem voto, diz Dilma


ROBERTO STUCKERT FILHO/PR/JC
O ato de entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida, em Salvador, ontem, se transformou numa trincheira para a presidente Dilma Rousseff (PT). Em um dos mais fortes discursos desde que foi admitida a abertura do processo na Câmara, no dia 17, Dilma defendeu a legitimidade de seu mandato, acusou adversários de golpistas e corruptos e criticou indiretamente o programa "Uma Ponte para o Futuro", elaborado pelo PMDB com diretrizes para a macroeconomia a serem aplicadas num eventual governo do vice Michel Temer (PMDB).
Em pouco mais de 30 minutos de discurso, Dilma repetiu que "há um golpe em curso no País", afirmando, mais uma vez, que não cometeu crime de responsabilidade. "Sou acusada de algo que é praticado no País desde 1994. Até 2013, não era crime. Em 2014, virou crime; e em 2015, virou crime", disse.
Sem citar nomes, a presidente afirmou que "o mais estranho é que quem me julga é corrupto". "Não acharam nenhum outro motivo, como aqueles que me acusam praticaram, como crimes de corrupção. O mais estranho é que quem me julga é corrupto. Essa pessoa, que é o presidente da Câmara, todo mundo sabe que tem conta no exterior, que tem diversos processos na Justiça", disse. Neste momento, a militância passou a gritar "Fora Cunha" e "ai, ai, ai, ai, empurra o Cunha que ele cai".
A presidente repetiu ainda que o "golpe" em curso é uma "tentativa de eleição indireta" feita por quem não tem voto. Em uma referência indireta ao vice Michel Temer, a presidente afirmou que, "se eles querem chegar ao poder, e não tem crime, só tem um caminho: disputem eleições e digam para o povo o que querem".
Em outra referência indireta a Temer, a presidente disse que "querem sentar na minha cadeira sem voto". Ela afirmou que um governo que não foi eleito diretamente pelo povo não teria responsabilidade com as demandas da população. "Claro que isso é muito confortável. Você não tem que prestar contas com o povo brasileiro, não tem que dizer o que vão fazer", disse.
Foi neste momento que a presidente fez referência às diretrizes apresentadas pelo PMDB. "É aumentar muito o valor da prestação, ou diminuir o número de unidades", disse para uma plateia de beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida.
Na cerimônia, que marcou a entrega de 5.293 unidades, a presidente citou o nome de cada um dos 24 deputados eleitos pela Bahia que votaram contra a admissibilidade do processo de impeachment na Câmara. "Foi o maior número de votos por federação", disse. "O Brasil me deu 54 milhões de votos, e tenho certeza que a Bahia foi responsável por boa parte deles."