Em sua primeira fala pública depois da aprovação do impeachment pela Câmara dos Deputados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que a Casa é comandada por uma "quadrilha legislativa". O petista reconheceu falhas do governo e afirmou que o Brasil viverá um "período de muita luta". "Uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa implantou a agenda do caos no País", disse Lula.
Ao atacar os deputados que votaram contra a presidente Dilma Rousseff (PT), Lula lembrou declaração feita por ele em 1993, quando disse que pelo menos 300 "picaretas" legislavam em causa própria na Casa. "Há uma maioria de uns 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses", disse, à época. Doze anos depois, Lula foi acusado de governar pagando mensalão a deputados em troca de apoio no Congresso.
Com problemas na voz, o ex-presidente preparou um discurso lido pelo diretor de seu instituto e ex-ministro Luiz Dulci durante seminário realizado, em São Paulo, pela Aliança Progressista, uma rede de partidos de vários países. A organização informou que o ato reuniu representantes de 20 legendas de 17 países. O evento serviu para o PT manter a estratégia de propagar no exterior que a presidente Dilma estaria sendo vítima de um golpe. Lula chegou a pedir que os líderes partidários levassem essa mensagem aos seus países.
Ainda ontem, Lula viajou a Brasília para se reunir com Dilma. Em reunião no Palácio da Alvorada, os dois trataram das estratégias que petistas chamam de "resistência" enquanto o processo de impeachment tramita no Congresso. Também participaram das audiências os ministros que integram o núcleo duro do governo. A ordem de Lula é montar uma frente de resistência para defender o mandato de Dilma.