De olho na sobrevivência política, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não deve segurar a tramitação do pedido de impeachment na Casa diante da expressiva votação contra Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados. Aliados de Renan afirmam que, com o ampliado placar desfavorável à presidente, fica reduzida sua margem de atuação em favor de um prazo maior para a decisão do afastamento de Dilma.
Na semana passada, Renan disse a auxiliares e senadores que não aceleraria o rito. Sua assessoria já fez simulações que indicam que a votação sobre o afastamento só ocorreria em 11 de maio a definição do rito deve ser definida hoje em reunião de líderes. Em duas reuniões, chegou a dizer que não "mancharia" sua biografia imprimindo novo rito.
Mas, para aliados, esse prazo de 24 dias pode ser encurtado em pelo menos uma semana para reduzir pressão das ruas e incertezas políticas. Uma pessoa próxima avalia que ele não cometeria "suicídio político" de ficar contra a maré.
A decisão terá de ser tomada por maioria simples dos 81 senadores. Renan não se pronunciou deste domingo. Ele passou o fim de semana em Alagoas e chegou a Brasília no fim do dia.
Um aliado de Renan que era próximo a Dilma, o líder do PMDB do Senado, Eunício Oliveira, almoçou ontem com o vice Michel Temer (PMDB) no Palácio do Jaburu e já trabalha para fazer indicações para a Comissão Especial do Impeachment. A senadora gaúcha Ana Amélia Lemos (PP) é cogitada para ser relatora do pedido.