Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

- Publicada em 12 de Abril de 2016 às 19:28

Dilma chama Temer de 'chefe conspirador'

Em ato no Planalto, petista afirmou que seu vice é golpista

Em ato no Planalto, petista afirmou que seu vice é golpista


JOSÉ CRUZ/ABR/JC
Em um de seus discursos mais duros, a presidente Dilma Rousseff (PT) chamou ontem o vice-presidente Michel Temer (PMDB) de "golpista" e de "chefe conspirador", e ressaltou que o peemedebista tem desapego pelo Estado Democrático de Direito e pela Constituição.
Em um de seus discursos mais duros, a presidente Dilma Rousseff (PT) chamou ontem o vice-presidente Michel Temer (PMDB) de "golpista" e de "chefe conspirador", e ressaltou que o peemedebista tem desapego pelo Estado Democrático de Direito e pela Constituição.
Em mais um evento no Palácio do Planalto transformado em palanque contra o seu afastamento, a petista afirmou que o vice-presidente lançou mão da "farsa do vazamento" ao ter distribuído discurso no qual falava como se o impeachment já tivesse sido aprovado pelo plenário da Câmara.
Segundo ela, o vazamento foi "deliberado" e "premeditado", além de ter demonstrado a "arrogância" e "desprezo" do peemedebista, que, de acordo com ela, subestimou a inteligência do povo brasileiro.
"Nós vivemos tempos de golpe, de farsa e de traição. Agora, conspiram abertamente, à luz do dia, para desestabilizar uma presidente legitimamente eleita", disse. "O gesto revela a traição contra a mim e contra a democracia e que o chefe conspirador não tem compromisso com o povo."
Em estratégia explorada pelo Palácio do Planalto, a petista fez questão de associar Temer ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ela, ambos agem de forma premeditada e são "chefe e vice-chefe assumidos da conspiração", que atuam em uma espécie de "gabinete do golpe". Para Dilma, eles estão tentando "montar uma farsa" para interromper no Congresso Nacional o mandato da presidente.
"Um deles é a mão não tão invisível, que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e ensaia a farsa de um vazamento de um pretenso discurso de posse", criticou. "Cai a máscara dos conspiradores, e o País e a democracia não merecem tamanha farsa", acrescentou.
A petista também rebateu a crítica feita pelo comando nacional do PMDB sobre a distribuição de cargos para siglas como PP, PR e PSD com o objetivo de recompor a base aliada. Segundo ela, na verdade, é o partido que "leiloa posição no gabinete do golpe".
"Ao longo da semana, acusaram-me de usar expedientes escusos para recompor a base de apoio, me julgando por seus espelhos, porque são eles que utilizam tais metas. Eles caluniam enquanto leiloam posições no gabinete do golpe, em um governo sem voto", disse.
A presidente reconheceu que ficou "chocada" com o episódio e disse que o vazamento do discurso retira a legitimidade e legalidade para que o vice-presidente assuma o Planalto caso o processo de impeachment seja aprovado pelo Congresso Nacional.
A petista ainda ironizou o fato de o vice-presidente ter se comprometido a manter os programas sociais do atual governo. "Ele diz que é capaz de anunciar que está pensando em manter as conquistas sociais. Pensando e pensando, como se, para manter conquista social, deva-se pensar", disse.
Ela disse ainda que, por não ter sido eleito, o peemedebista também não teria legitimidade para impor sacrifícios à população, como afirmou no áudio. "Como acreditar em um pacto de salvação nacional sem uma gota de legitimidade democrática de quem propõe?", questionou.
A petista também criticou o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO). Segundo ela, o documento é um "instrumento de uma fraude", "frágil" e "sem fundamento". "Eles pretendem me derrubar sem provas e sem justificativa jurídica e rasgar os votos de 54 milhões de eleitores", disse.

Governo vai reafirmar compromissos com aliados

Para evitar debandada de aliados nesta reta final da votação do pedido de impeachment, o Palácio do Planalto e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começaram, ontem, conversas com aliados para reafirmar compromissos de distribuição de ministérios já na próxima semana.
Lula e Ricardo Berzoini estão agendando reuniões com PP, PR e PSD para garantir que os acordos feitos nos bastidores sejam formalizados tão logo a Câmara vote o pedido de impeachment.
O PP deve ganhar o Ministério da Saúde e a presidência da Caixa Econômica Federal. PR tem a promessa de levar mais um ministério de peso e pleiteia o comando da Agricultura. PSD vai ter a oferta de uma nova pasta, possivelmente Turismo, para tentar aumentar o número de deputados que votam com o governo.
Além disso, o Palácio do Planalto espera contar com votos de peemedebistas e, por isto, prometeu que o PMDB seguirá com o comando de alguns dos ministérios que já tem no governo. Teoricamente, os ministros do PMDB teriam que deixar os cargos ontem, mas, em reunião na segunda-feira, a maioria teria optado por ficar no governo.

Temer articula encontro com Armínio

Às vésperas da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) já articula encontro com possíveis nomes que poderiam fazer parte de um eventual mandato presidencial comandado pelo PMDB.
Ele já teria marcado um jantar com o economista Armínio Fraga, sócio da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central no governo FHC.
Questionado sobre o encontro após participar de evento em São Paulo, Fraga disse a jornalistas que "esse assunto de agenda vocês têm de falar com ele (Temer)".
"Eu gastei muito tempo pensando o que fazer (com a economia) durante minha vida inteira. Tenho sugestões a dar. Sugestões de quem estava próximo a assumir." Armínio descartou, no entanto, a possibilidade de assumir um cargo. Ele explicou que passou o ano de 2014 assessorando o senador Aécio Neves em sua campanha presidencial e, na ocasião, vendeu sua empresa, a Gávea, ao JP Morgan. Ao final da campanha, ele recomprou o negócio.
Enquanto Temer articulava, quem rebateu as críticas da presidente Dilma Rousseff (PT) foi o presidente do PMDB, senador Romero Jucá, que classificou os ataques do governo como "apelação" e "perda de equilíbrio".
Para Jucá, a presidente está tentando reduzir o processo de impeachment a um golpe, mas deveria fazer uma análise das próprias limitações do governo.

Rosso diz que voto foi para dar chance a Dilma se defender

O presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso (PSD-DF), afirmou ontem que votou a favor da abertura do processo de impeachment para dar a Dilma Rousseff (PT) a chance de se defender no Senado.
Líder da bancada do PSD, posto que reassumiu nesta terça-feira, Rosso rebateu as críticas de que tenha traído o governo (o partido comanda o Ministério das Cidades) e também negou pretensão de disputar a presidência da Câmara em 2017 com o apoio de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Votei com a consciência tranquila. Estudei o processo e considerei importante admitir a denúncia para que a presidente se defenda no Senado", disse, acrescentando não ter votado nela em 2014 e não ter tido o apoio eleitoral do PT no Distrito Federal.