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Geral

- Publicada em 28 de Abril de 2016 às 22:10

'Não existe resiliência sem o protagonismo do cidadão'

Silva Filho defende a preparação dos cidadãos para superar desafios

Silva Filho defende a preparação dos cidadãos para superar desafios


GIOVANNA K. FOLCHINI/JC
Suzy Scarton
Instalada no dia 6 de abril deste ano, a Comissão Especial do Rio Grande Resiliente da Assembleia Legislativa do Estado realizou, nesta quinta-feira, a segunda das 13 audiências públicas que discutirão o tema. Composta por 12 deputados de variados partidos, a comissão pretende contribuir para a elaboração de uma legislação que resulte na implementação de um Estado resiliente, com cidades preparadas para enfrentar diversidades. O Jornal do Comércio conversou com Luis Carlos Pinto da Silva Filho, um dos palestrantes desta quinta-feira. Silva é mestre em Engenharia Civil e Construção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), diretor da Escola de Engenharia da Ufrgs e diretor do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres (Ceped/RS).
Instalada no dia 6 de abril deste ano, a Comissão Especial do Rio Grande Resiliente da Assembleia Legislativa do Estado realizou, nesta quinta-feira, a segunda das 13 audiências públicas que discutirão o tema. Composta por 12 deputados de variados partidos, a comissão pretende contribuir para a elaboração de uma legislação que resulte na implementação de um Estado resiliente, com cidades preparadas para enfrentar diversidades. O Jornal do Comércio conversou com Luis Carlos Pinto da Silva Filho, um dos palestrantes desta quinta-feira. Silva é mestre em Engenharia Civil e Construção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), diretor da Escola de Engenharia da Ufrgs e diretor do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres (Ceped/RS).
Jornal do Comércio - Qual o objetivo de tornar uma cidade mais resiliente?
Luis Carlos Pinto da Silva Filho - A resiliência é uma das agendas mais importantes do século XXI. Trabalha com o conceito de preparar nossas cidades e nossos cidadãos para poder superar choques, dificuldades ou desafios que o próprio processo de desenvolvimento urbano gera. Em Porto Alegre, a estratégia de resiliência está mais avançada. Ampliá-la em âmbito estadual é complexo, mas é possível. Não somos absolutamente resilientes ou sustentáveis, mas vamos nos tornando. Não basta apenas uma lei, não existe resiliência sem o protagonismo do indivíduo. Por que dizemos que, nas cidades modernas, as pessoas se tornam sozinhas nas multidões? Perdemos aquela rede de relacionamento que as cidades menores conseguem estabelecer. São redes que dão suporte quando há um choque, uma modificação econômica ou um desastre natural. A resiliência ensina a recuperar o equilíbrio depois de uma perturbação, é a aplicação do princípio da sobrevivência em um sistema complexo, como uma cidade.
JC - O Rio Grande do Sul enfrenta, anualmente, problemas de inundações e alagamentos. Como o Estado pode se prevenir?
Silva - A questão da gestão das águas é crônica no Estado. Tivemos casos de municípios que decretaram estado de emergência por inundação e por estiagem, no mesmo ano. Uma única ação não vai resolver. Precisamos melhorar previsões meteorológicas, buscar variedades de culturas que não provoquem quebra total de safra em caso de muita ou pouca chuva, estabelecer previsões econômicas de longo prazo e trabalhar com planejamento urbano, para evitar que margens de rios sejam ocupadas. São conjuntos de soluções que passam por reconhecer os problemas e se esforçar para buscar soluções, com envolvimento da sociedade. É muito difícil promover resiliência ou gestão de riscos sem envolver o cidadão.
JC - Como o cidadão pode participar efetivamente da construção de uma cidade resiliente?
Silva - São muitas as possibilidades. Cada pessoa pode fazer escolhas que contribuam. A promoção do uso de transportes não poluentes, o trabalho em zonas de ocupação sensíveis, implantação de regime de armazenamento de água nos prédios, gestão de resíduos, economia criativa... A solidariedade entre as pessoas é importante, mas muito mais eficaz se já ocorre cotidianamente. Essa, inclusive, é a fórmula da resiliência. As pessoas podem utilizar habilidades em troca de outros bens, uma espécie de escambo, por exemplo. Além isso, precisam entender o motivo pelos quais as decisões são tomadas no ambiente que vivem. Aqui no Estado, temos um bom nível cultural, mas esse conhecimento precisa se transformar em participação.
JC - O ambiente político instável e a grave crise financeira do Estado podem atrapalhar essa evolução?
Silva - Vivemos um momento de descrença, as pessoas estão segregadas, e a resiliência se faz com redes, com solidariedade. Tem que ser uma agenda de estado, não de partido político. Procurar bons exemplos e desenvolvê-los aqui, além de criar exemplos nossos. As pessoas, hoje, estão com uma sensibilidade social mais aguçada. As redes sociais acabaram conectando as pessoas, gerando mecanismos como o crowdfunding, ações de ocupação de espaços públicos. Existe uma certa vontade de trabalhar por agendas positivas. Claro que a crise financeira e a impossibilidade de investimento do Estado dificultam, mas não impedem que as ações sejam adotadas, ainda que não se desenvolvam tão rapidamente como gostaríamos.
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