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Infraestrutura

- Publicada em 29 de Abril de 2016 às 18:23

Uma usina gaúcha vende energia em leilão

PCH Cazuza Ferreira tem capacidade instalada de 9,1 MW, o que permite atender mais de 30 mil pessoas

PCH Cazuza Ferreira tem capacidade instalada de 9,1 MW, o que permite atender mais de 30 mil pessoas


CAZUZA FERREIRA /DIVULGAÇÃO/JC
Apesar de 89 empreendimentos de energia já construídos ou a serem implementados no Rio Grande do Sul terem sido habilitados para participar do leilão promovido pelo governo federal nesta sexta-feira, apenas a pequena central hidrelétrica (PCH) Cazuza Ferreira teve êxito na disputa. No total de iniciativas previstas no Estado, ingressaram no certame 80 projetos eólicos (1.834 MW), cinco PCHs (62 MW), uma termelétrica a biomassa (37 MW) e três usinas a carvão (1.327 MW). Somados, os 3,26 mil MW representariam cerca de 80% da demanda média de eletricidade dos gaúchos.
Apesar de 89 empreendimentos de energia já construídos ou a serem implementados no Rio Grande do Sul terem sido habilitados para participar do leilão promovido pelo governo federal nesta sexta-feira, apenas a pequena central hidrelétrica (PCH) Cazuza Ferreira teve êxito na disputa. No total de iniciativas previstas no Estado, ingressaram no certame 80 projetos eólicos (1.834 MW), cinco PCHs (62 MW), uma termelétrica a biomassa (37 MW) e três usinas a carvão (1.327 MW). Somados, os 3,26 mil MW representariam cerca de 80% da demanda média de eletricidade dos gaúchos.
A Cazuza Ferreira vendeu energia ao preço de R$ 189,15 o MWh. O presidente da Certel, Erineo Joé Hennemann, diz que ficou satisfeito com o valor apresentado. A cooperativa é a líder nesse projeto e tem como sócias a Coprel e a Geopar. A usina está localizada na vila de Cazuza Ferreira, no rio Lajeado Grande, dentro do município de São Francisco de Paula. O dirigente ressalta que o empreendimento, devido ao fato de não extrapolar prazo e orçamento de execução, tem um custo de produção de energia muito competitivo. A usina, que recebeu um investimento de cerca de R$ 34 milhões, teve as obras iniciadas em julho de 2014, foi inaugurada oficialmente em fevereiro deste ano e começou a operar comercialmente em março.
Hennemann explica que, no momento, o complexo está fornecendo energia para o mercado livre (ambiente formado por grandes consumidores de eletricidade, que podem escolher de quem vão comprar a energia). Apesar de ter uma capacidade instalada de 9,1 MW (6,13 MW de energia firme - garantida), a Cazuza Ferreira vendeu apenas 25% do volume de eletricidade que tem disponível. O presidente da Certel adianta que o planejamento prevê que a PCH destine o restante da energia para outros leilões (que visam atender ao sistema elétrico nacional) ou para o mercado livre.
O diretor da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidroelétricas (Abrapch), Paulo Arbex, argumenta que um fator que fez com que algumas PCHs conseguissem vender energia no leilão foi justamente a participação de projetos já desenvolvidos. Esses complexos tinham comercializado energia anteriormente através de leilões ou no mercado livre e estavam prontos para fornecer mais eletricidade. Apesar das PCHs terem sido o destaque do certame, com o maior número de empreendimentos vendendo suas gerações, Arbex esperava que fosse demandado um volume mais relevante de energia.
Ao final das negociações, foram contratados 29 empreendimentos de geração, sendo 20 PCHs (82,9 MW médios), uma nova usina hidrelétrica (34,1 MW médios de energia contratada), sete térmicas movidas a biomassa (81,5 MW médios contratado) e uma planta alimentada a gás natural em ciclo combinado (3,3 MW médio), o que soma 201,8 MW médios de energia contratada. Os estados com os empreendimentos contratados foram o Paraná (sete usinas), Mato Grosso (seis), São Paulo (quatro), Goiás (três), Minas Gerais e Santa Catarina (duas), e Maranhão, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rondônia (uma).
O leilão movimentou, ao todo, R$ 9,7 bilhões em contratos, equivalentes a um montante de 49.206.048 MWh de energia. O preço médio, ao final das negociações, foi de R$ 198,59 por MWh, com deságio de 8,65% em relação aos preços-tetos estabelecidos, o que representou uma economia de R$ 925,6 milhões para os consumidores de energia. As usinas deverão iniciar o fornecimento de energia elétrica a partir de 1 de janeiro de 2021.
 

Certame contrata menos de 2% da capacidade instalada apresentada

Se for levado em conta que os 802 empreendimentos que se habilitaram ao leilão somavam uma capacidade instalada de 29.628 MW, nem 2% desse volume de energia foi contemplado na disputa. No total, os projetos vencedores representavam um pouco mais de 528 MW de potência instalada, sendo que 278,4 MW de energia nova (complexos a serem construídos) e o restante de usinas já existentes.
O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Edilson Deitos, lamenta que o resultado do leilão, com uma baixa contratação, demonstra uma visão de curto prazo quanto ao setor elétrico. O dirigente destaca que o desempenho reflete uma diminuição no consumo de energia no cenário atual causada, entre outros fatores, pela retração econômica. No entanto, Deitos adverte que quando houver uma mudança desse panorama, se as obras no setor elétrico não tiverem sido encaminhadas, pode haver problemas para atender à retomada da demanda elétrica.
O integrante da Fiergs acrescenta que o certame, realizado na sexta-feira, também aponta para a perda da competitividade dos projetos desenvolvidos no Rio Grande do Sul. Entre as explicações para isso, Deitos cita condições melhores de financiamento nas regiões Norte e Nordeste e uma maior exigência quanto à questão ambiental no Estado.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, também frisa que, com o atual cenário econômico apresentado, não é surpreendente o pequeno volume de energia contratado neste leilão.
Contudo, a dirigente afirma que esse resultado não serve de indicador de tendência para o restante do ano para o segmento eólico. Elbia se diz otimista quanto à participação e ao sucesso de projetos dessa fonte no leilão de reserva previsto para ocorrer em outubro. Esse tipo de certame serve para ajustes no setor elétrico e tem uma perspectiva de longo prazo. Assim, a presidente da ABEEólica mantém a estimativa do início do ano de garantir a comercialização de, pelo menos, 2 mil MW eólicos em 2016.