Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Conjuntura

- Publicada em 28 de Abril de 2016 às 19:37

Juro do cheque especial chega a 300% e bate recorde do Plano Real

 Foto: Marcos Santos/USP Imagens    DINHEIRO    ARQUIVO FOTOGRÁFICO

Foto: Marcos Santos/USP Imagens DINHEIRO ARQUIVO FOTOGRÁFICO


MARCOS SANTOS/USP IMAGENS/IMAGENS PÚBLICAS/DIVULGAÇÃO/JC
A taxa média de juros do cheque especial para pessoas físicas chegou a 300,8% ao ano em março. Com isso, superou, pela primeira vez, o percentual recorde verificado em julho de 1994 (294% ao ano), primeiro mês de apuração desse dado pelo Banco Central (BC). O custo dessa linha de crédito praticamente dobrou em dois anos. Estava em 159% em março de 2014.
A taxa média de juros do cheque especial para pessoas físicas chegou a 300,8% ao ano em março. Com isso, superou, pela primeira vez, o percentual recorde verificado em julho de 1994 (294% ao ano), primeiro mês de apuração desse dado pelo Banco Central (BC). O custo dessa linha de crédito praticamente dobrou em dois anos. Estava em 159% em março de 2014.
O estoque dessa modalidade encolheu 0,4% nos últimos 12 meses. A inadimplência passou de 12,8% para 15,3% no mesmo período. A linha mais cara para a pessoa física continua sendo o rotativo do cartão de crédito, que alcançou 449,1% ao ano no mês passado. Um ano antes, essa modalidade estava com uma taxa de juros média de 345,8% ao ano, segundo o Banco Central.
Ao contrário do que aconteceu com o cheque especial, aumentou o uso dessa modalidade. O estoque cresceu 18,6% nos últimos 12 meses, e inadimplência passou de 34,1% para 36,6% no mesmo período. Há quase quatro anos, no dia 1 de maio de 2012, a presidente Dilma Rousseff criticou as altas taxas de juros no cheque especial (159% na época) e no cartão de crédito (326%) ao afirmar que era "inadmissível" que o Brasil tivesse os juros mais altos do mundo. Aquele foi o início da política de redução de juros do governo (da taxa básica e dos juros nos bancos públicos), que começou a ser revertida já em 2013 por causa da alta da inflação.
No relatório divulgado nesta quinta-feira, o BC informou ainda que o estoque de crédito encolheu pelo terceiro mês seguido em março. A queda foi de 0,7% em relação a fevereiro. Nos últimos 12 meses, cresceu 3,3% (abaixo da inflação de 9,4%), o que representa desaceleração em relação aos 5,2% até fevereiro.
Apenas o crédito para pessoas físicas com recursos direcionados (basicamente imobiliário e agrícola) cresceu em março em relação a fevereiro e se mantém com desempenho acima da inflação na comparação em 12 meses, com expansão de 10,5%. O crédito ao consumo (para pessoas físicas com recursos livres) encolheu 0,7% no trimestre e avançou 1,7% em 12 meses.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o crédito para empresas com taxas de mercado ficou estagnado. Os empréstimos com subsídios do Bndes caíram 0,7% nessa comparação.
A inadimplência no crédito ao consumidor passou de 5,3% para 5,6% entre dezembro de 2015 e março de 2016. Para as empresas, aumentou de 5,2% para 6,2% nas modalidades sem subsídios. Nos empréstimos com recursos subsidiados, esses atrasos passaram de 1,1% para 1,5% na pessoa física e de 1,8% para 2,1% na jurídica.

Estoque de crédito dos bancos públicos apresenta queda de 0,6% em março

Os bancos públicos e privados reduziram seus estoques de crédito em março. De acordo com dados do Banco Central, as instituições oficiais ficaram com um saldo de R$ 1,784 bilhão em março, valor 0,6% menor que o de fevereiro. Nos bancos privados nacionais, houve recuo de 0,7% na margem, para R$ 921,477 bilhões. A última projeção do BC, apresentada no fim do mês passado, estimava que a oferta de crédito pelos bancos privados nacionais em 2016 ficará 1% menor do que a de 2015. Em 12 meses até março, a baixa está em 2,6% nesse segmento. A estimativa da autoridade monetária para o estoque dos bancos públicos é de uma alta de 8% em 2016. Em 12 meses, já há uma elevação de 6,9%.
A inadimplência nas instituições públicas ficou estável de fevereiro para março, em 2,8%. No caso das instituições privadas nacionais, a taxa caiu de 4,8% para 4,7%, e, nas estrangeiras, o calote aumentou no período de 3,7% para 3,8%. Entre os bancos públicos, as provisões caíram de 4,5% para 4,4%; nos nacionais privados, subiram de 8,4% para 8,5%; e, nos estrangeiros, passaram de 6,4% para 6,5% no mesmo período de comparação.

Financiamentos do Bndes para empresas caem 3% e somam R$ 608 bilhões

Muito atrelados à variação cambial, os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) para empresas recuaram 3% de fevereiro para março, somando um total de R$ 608,108 bilhões, conforme dados do Banco Central. Em 12 meses, a queda está em 0,7%.
Em março, houve recuo de 9,3% nas linhas de capital de giro (R$ 12,639 bilhões), queda de 2,9% no financiamento ao investimento (R$ 582,030 bilhões) e alta de 1,7% nas modalidades para o setor rural (R$ 13,439 bilhões) por parte do banco de desenvolvimento.
O crédito do Bndes para pessoas físicas, que reúne operações contratadas diretamente com o banco de fomento ou realizadas por outras instituições financeiras por meio de repasses, avançou 0,9% em março, para R$ 47,828 bilhões. A alta em 12 meses está em 6,1%. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que a falta de demanda tem sido determinante para o recuo do crédito do Bndes. O banco de fomento concedeu 43,8% menos crédito no primeiro trimestre, se comparado com o mesmo período do ano passado.
Segundo ele, os principais fatores são o quadro econômico, que reduz a confiança, e a elevação dos custos desses financiamentos. Em dezembro de 2014, a taxa do Bndes para crédito para investimentos era de 7,1% ao ano. Em março deste ano, atingiu 12,1% ao ano.
O técnico do BC ressaltou que a valorização cambial impactou no crédito dessa área. "Se retirássemos o efeito do câmbio no mês, o crédito, ao invés de cair 3%, teria caído 1%. O impacto do câmbio foi bem significativo neste mês", avaliou.