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Conjuntura

- Publicada em 24 de Abril de 2016 às 22:33

Skaf entrega a Temer proposta de ajuste fiscal

 Paulo Skaf é cotado para assumir ministério em eventual novo governo

Paulo Skaf é cotado para assumir ministério em eventual novo governo


ALAN MARQUES/FOLHAPRESS/JC
Acompanhado de outros dirigentes da entidade, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, se reuniu, neste domingo, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), no Palácio do Jaburu. Skaf apresentou a Temer propostas da Fiesp para um ajuste fiscal feito sem aumento de impostos. A redução do tamanho da máquina governamental estaria entre as sugestões.
Acompanhado de outros dirigentes da entidade, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, se reuniu, neste domingo, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), no Palácio do Jaburu. Skaf apresentou a Temer propostas da Fiesp para um ajuste fiscal feito sem aumento de impostos. A redução do tamanho da máquina governamental estaria entre as sugestões.
Paulo Skaf foi candidato ao governo de São Paulo, nas últimas eleições, pelo PMDB. É amigo pessoal de Temer e participou, junto com outros líderes empresariais, de um movimento a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
O presidente da Fiesp afirmou que o vice-presidente Michel Temer concorda com ele na visão de que não é preciso aumentar impostos, seja a CPMF ou qualquer outro, para fechar as contas públicas.
Skaf se reuniu com vice no Palácio do Jaburu por quase seis horas e meia e saiu afirmando que, "em hipótese alguma", apoiará, em um eventual governo Temer, o aumento da carga tributária. "Acreditamos e sabemos que é possível acertar as contas do governo pelo lado das despesas, reduzindo o desperdício e melhorando a gestão", afirmou.
Skaf disse ter apresentado ao vice a situação grave pela qual passa a economia brasileira, com o fechamento das indústrias e do comércio e o aumento do desemprego. Para ele, o aumento da arrecadação se dará "naturalmente" com a retomada do crescimento. "Não é possível sacrificar as empresas e as famílias neste momento", destacou.
O presidente da Fiesp afirmou não ter discutido com Temer sobre nomes de um eventual governo caso o pedido de impeachment da presidente Dilma seja aprovado pelo Senado. Skaf é cotado para assumir um dos ministérios em uma gestão Temer. O dirigente empresarial também disse não ter discutido o enxugamento a redução do número de ministérios.
Em entrevista, Temer disse que pretende anunciar todos os ministros de seu governo no mesmo dia em que o afastamento da presidente Dilma for aprovado no Senado.
Mas se isso não for possível, ele diz que vai anunciar os ministros da área econômica Fazenda, Banco Central e Planejamento. Foi com esse objetivo que se reuniu com empresários e banqueiros, com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga; o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; o ex-ministro do Planejamento e senador José Serra (PSDB); e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

Aliados de Temer são estrelas em evento empresarial

Apito na mão depois de um longo "priiii" para pedir silêncio, João Doria Jr., candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, dava as boas-vindas a 300 dos maiores nomes do setor produtivo do País e políticos de oposição-quase-virando-governo que se reuniram, no feriado de Tiradentes, para quatro dias de seminários e "networking" em Foz do Iguaçu.
No microfone, Doria parabenizou deputados presentes pela votação em que a Câmara aprovou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) disse, com orgulho, que "todos os que estão aqui votaram pelo impeachment" , e anunciou a presença de quatro senadores. "Todos eles também votarão pela saída de Dilma", afirmou. O salão veio abaixo em aplausos.
Os quatro senadores citados eram Romero Jucá (PMDB-RR), José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, e os tucanos Cássio Cunha Lima (PB) e Antônio Anastasia (MG), o provável relator do processo de deposição da presidente Dilma no Senado.
Governistas, outrora presenças seguras no Fórum Empresarial que está na 15ª edição , não deram as caras. Bruno Araújo (PSDB-PE), que deu o voto decisivo pelo impeachment, era celebridade. Entre os executivos estavam nomes como Flávio Ferreira, presidente da Riachuelo; Edson Bueno, da Amil; Roberto Lima, da Natura; e Pedro Faria, da alimentícia BRF.
Apesar do ar descontraído do encontro, a trinca mais próxima de Temer tirou o feriado para trabalhar. Além de Jucá, o resort recebeu Rodrigo Rocha Loures, assessor do peemedebista na vice-presidência, e Gaudêncio Torquato, consultor e estrategista de longa data do presidenciável.
Regra escrita e falada, os convidados andavam com crachá de identificação pendurado "à altura do plexo". O de Rocha Loures já o indicava como assessor da presidência, não mais da vice. "Deve ter sido ato falho do João (Doria)", brincou, ao lado de Efraim Filho (DEM-PB), logo depois de ter marcado uma audiência do deputado com Michel Temer, para cuidar da transposição do São Francisco. "Ele vai ganhar o Nordeste assim", explicou o deputado paraibano.
Jucá passou os dois dias em que esteve no encontro recebendo demandas. De deputados que queriam ser ouvidos para a formulação da política econômica do possível governo, já dado como certo, a empresários e consultores que queriam fornecer estudos e avaliações além de saber que rumo tomaria o início da gestão.
Nas palestras, o governo Dilma era tratado por políticos e empresários como "nefasto" e "avesso ao lucro". "O peso do Estado já ultrapassou a capacidade de tração da economia. Por isso a nossa carruagem parou", analisou Flávio Rocha, da Riachuelo, em um dos painéis. "Concordo com o senador Jucá, o País está se afogando em uma bacia d'água", disse, em outro momento, Pedro Faria, da BRF.
Entre palestras e eventos de lazer, Doria levou o grupo para fazer compras no Paraguai. Na volta, com o trânsito carregado na região da fronteira, Torquato fez uma brincadeira relacionando o contrabando à recessão no Brasil. "O PIB está caindo 3,5%. Olha os 3,5 quilômetros de queda do PIB aqui", repetiu algumas vezes, arrancando risos dos empresários.

Grupo de apoio defende mudança de foco dos programas sociais

O grupo de apoio ao vice-presidente Michel Temer defende a continuidade dos programas sociais, mas vê espaço para revisar as políticas em busca de melhor "eficácia". A recessão e a frustração de receitas devem motivar uma "agenda de avaliação" para um governo Temer, segundo especialistas da área que atuam como conselheiros do vice.
Os principais programas na área social, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Pronatec, vão consumir mais de R$ 40 bilhões do orçamento em 2016. Outra fonte de recursos que tem sido usada para abastecer os programas é o FGTS. O valor seria maior, mas o governo tirou R$ 25 bilhões dessas vitrines da gestão petista ao se ver obrigado a mostrar que "cortava na carne" para garantir o esforço fiscal.
Essa reavaliação sobre a eficiência dos programas sociais permitiria revalorizar aqueles com maior "taxa de sucesso". Visto como exemplo pela equipe de Temer, o Bolsa Família deve ter os benefícios reajustados, medida que traria apoio da população de baixa renda.
Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e cotado para assumir um ministério, defende que um órgão externo independente faça a avaliação dos programas. O objetivo é encontrar as principais falhas a partir de quatro pontos: o grau de eficácia das ações, os objetivos que foram colocados quando foram lançados, o público que é beneficiado e alternativas para melhorar a eficiência. "Em comparação com os demais países, o que nós conseguimos é pouco perto dos recursos que gastos", diz.
Apoiadores de Dilma afirmam que a "remodelagem" defendida por Temer é eufemismo para cortes. Argumentam que um eventual governo Temer tem cerne no aperto fiscal, o que seria incoerente com a proposta de valorização da área social. "Dizer que vai ampliar programa social e, ao mesmo tempo, cortar subsídio em um choque de ajuste fiscal é como falar de círculo quadrado, completamente contraditório", critica Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O senador e presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, acusa o governo do PT de "ação terrorista". "Não vai haver fim de programas sociais. O PT está voltando à época da eleição de 2014. Essa conversa repetida não cola mais."