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Energia

- Publicada em 19 de Abril de 2016 às 22:25

CEEE tem prejuízo de R$ 429 milhões em 2015

Área de geração e transmissão lucrou R$ 84,9 milhões, disse Machado

Área de geração e transmissão lucrou R$ 84,9 milhões, disse Machado


JONATHAN HECKLER/JC
Ao olhar o balanço de 2015 do Grupo CEEE, o otimista salientará que houve a redução de 40,83% do prejuízo em relação ao ano anterior (R$ 429,2 milhões contra R$ 725,4 milhões). Já o pessimista destacará que o revés continua gigantesco. Também é distinto o desempenho das área de geração e transmissão da estatal, que foi lucrativo, e da distribuição, que elevou o seu resultado negativo.
Ao olhar o balanço de 2015 do Grupo CEEE, o otimista salientará que houve a redução de 40,83% do prejuízo em relação ao ano anterior (R$ 429,2 milhões contra R$ 725,4 milhões). Já o pessimista destacará que o revés continua gigantesco. Também é distinto o desempenho das área de geração e transmissão da estatal, que foi lucrativo, e da distribuição, que elevou o seu resultado negativo.
O braço de distribuição do grupo, a Companhia Estadual de Distribuicao de Energia Eletrica (CEEE-D), teve um prejuízo de R$ 514,2 milhões no ano passado, representando alta de 15,50%, se comparado ao revés de R$ 445,2 milhões em 2014. Já o segmento de geração e transmissão, com a Companhia Estadual de Geracao e Transmissao de Energia Eletrica (CEEE-GT), obteve lucro líquido de R$ 84,9 milhões no exercício de 2015, uma alta de 130,32% e reversão de um prejuízo apresentado em 2014, de R$ 280,1 milhões.
O presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, atribui o incremento do prejuízo na área de distribuição ao contexto atual do setor elétrico. Entre as explicações dessa consequência está o fato que o crescimento da receita líquida foi da ordem de 18%, o que não foi suficiente para cobrir o aumento das despesas, especialmente com o custo de energia, que subiu 27%. O dirigente cita ainda a energia proveniente de Itaipu, cujo contrato é dolarizado, e uma redução média de consumo de energia da ordem de 4%.
Além disso, encerrou-se o recebimento de receitas oriundas da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), relativas a indenizações de ativos, e a inadimplência na área de concessão da distribuidora saltou de 1,5% para 3,2% (em relação ao faturamento da companhia). Refletiram no prejuízo da CEEE-D despesas como as com os chamados funcionários ex-autárquicos e passivos judiciais (a projeção para 2016 é de um gasto de R$ 73 milhões com essas ações). No caso da CEEE-GT, com a valorização da geração de energia, houve o crescimento da receita maior do que a despesa. Desde 2011, a estatal não verificava lucro na área de geração e transmissão.
O diretor financeiro e de relações com investidores do Grupo CEEE, Roberto Calazans, indica como medidas que foram tomadas para tentar melhorar a saúde da empresa como um todo a criação do comitê de racionalização do gasto, a priorização de investimentos estratégicos para a companhia e a renegociação de dívidas (na ordem de R$ 700 milhões). O dirigente reforça que o grupo (somando-se as áreas de distribuição e geração e transmissão) conseguiu cortar, em custos e despesas operacionais, R$ 206 milhões em 2015 em relação ao ano anterior, sobrando um total de custos de cerca de R$ 1,65 bilhões.
Quanto às perspectivas para 2016, Pinheiro Machado espera que nos próximos dias a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publique uma resolução possibilitando a renegociação dos contratos de energia de diversas distribuidoras brasileiras, entre as quais a CEEE-D. O dirigente ressalta que essa ação terá uma influência capital para o futuro dessas companhias. Pinheiro Machado aponta que, hoje, aproximadamente 80% das concessionárias do País encontram-se com excesso quanto à contratação de energia. "Significa que dentro de um cenário de redução de consumo e inadimplência, a energia comprada não vai ser repassada", detalha.

Presidente da Companhia admite preocupação quanto a cumprimento das metas da concessão

 Entrevista com o presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, sobre resultados financeiros da companhia.    na foto: Paulo de Tarso Pinheiro Machado

Entrevista com o presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, sobre resultados financeiros da companhia. na foto: Paulo de Tarso Pinheiro Machado


JONATHAN HECKLER/JC
Em dezembro, a CEEE-D assinou a renovação do seu contrato de concessão por mais 30 anos. No entanto, como no caso de dezenas de outras distribuidoras, a continuidade da concessão dependerá do cumprimento de metas de qualidade quanto ao abastecimento de energia e econômico-financeiras. Questionado se são alarmantes os objetivos estipulados, o presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, afirma que prefere usar a palavra "preocupante".
O dirigente revela que, na semana passada, houve uma reunião com o governador José Ivo Sartori para detalhar o compromisso do acionista controlador (no caso da CEEE-D, o Executivo gaúcho) para evitar uma eventual caducidade da concessão. A partir deste ano, como contrapartida da renovação, a CEEE-D já terá que atingir a geração de caixa positiva. "O mais importante é o seguinte: tudo que não alcançarmos neste ano, o Estado é obrigado a aportar até 180 dias após a publicação do balanço", adverte o diretor Financeiro e de Relações com Investidores do Grupo CEEE, Roberto Calazans. Ou seja, se a CEEE-D tiver um prejuízo de R$ 100 milhões em 2016, por exemplo, o governo gaúcho precisará investir esse montante na companhia. A distribuidora não pode deixar de atingir os objetivos programados no conjunto de dois anos, dentro de um intervalo de cinco anos, sob o risco de perder a concessão. Pinheiro Machado enfatiza que várias empresas que renovaram os seus contratos em 2015 terão dificuldades em cumprir as exigências, o que deve fazer com que a Aneel reavalie a questão.
Se a situação financeira preocupa, o dirigente comemora a melhora quanto aos índices que verificam a qualidade no fornecimento de energia da CEEE-D. No indicador Duração Equivalentede Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), a concessionária obteve uma redução de 37% de 2014 para 2015, passando de 27,45 horas/ano para 17,08 horas/ano. Já no indicador Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), a diminuição foi de 33%, passando de 17,66 o número de vezes de interrupções para 11,70.

Empresa busca parceria para finalizar projeto de parque eólico em Rio Grande

Depois de vencer um leilão de energia promovido pelo governo federal e com isso garantir a comercialização da eletricidade a ser gerada, o Grupo CEEE está construindo o parque eólico Povo Novo, no município de Rio Grande. Porém, em virtude da escassez de recursos, a estatal busca agora sócios para concluir o empreendimento. Não está definida ainda qual será proporção da participação da estatal e da empresa que ingressar na iniciativa.
A perspectiva era que o projeto, que deve absorver cerca de R$ 300 milhões em investimentos, contasse com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Porém, o Grupo CEEE não conseguiu obter esse empréstimo. O diretor Financeiro e de Relações com Investidores do Grupo CEEE, Roberto Calazans, adianta que está sendo feita uma captação, com a Caixa Econômica Federal, de R$ 500 milhões para a CEEE-GT e parte dos recursos serão destinados ao parque eólico.
O complexo terá potência instalada de 55 MW (cerca de 1,5% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul). Atualmente, a usina, que já deveria, por contrato, estar operando desde janeiro deste ano, apresenta apenas 35% de avanço nas obras. O novo cronograma prevê o início de operação em abril de 2017. O presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, recorda que, para fortalecer financeiramente a estatal, está prevista a reavaliação das participações societárias do grupo e alienação de imóveis. Também para reduzir as despesas, recentemente, o Grupo CEEE demitiu 197 empregados, o que deve gerar uma redução na folha de pessoal de cerca de R$ 54 milhões ao ano.