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Conjuntura Internacional

- Publicada em 17 de Abril de 2016 às 18:36

Brasil é risco para a América Latina, diz FMI

Menor dinamismo da China afeta os países mais dependentes da exportação de matérias-primas

Menor dinamismo da China afeta os países mais dependentes da exportação de matérias-primas


AFP/JC
O Brasil em crise é um fator de risco para a América Latina, segundo avaliação divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A região é vulnerável a um crescimento chinês menor que o previsto, a novas baixas dos preços das commodities "e a uma deterioração ainda maior da situação do Brasil", comentou o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner. O menor dinamismo da China afeta os países mais dependentes da exportação de matérias-primas. Apesar disso, o desempenho dessas economias é geralmente melhor que o da brasileira.
O Brasil em crise é um fator de risco para a América Latina, segundo avaliação divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A região é vulnerável a um crescimento chinês menor que o previsto, a novas baixas dos preços das commodities "e a uma deterioração ainda maior da situação do Brasil", comentou o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner. O menor dinamismo da China afeta os países mais dependentes da exportação de matérias-primas. Apesar disso, o desempenho dessas economias é geralmente melhor que o da brasileira.
Além de travar o crescimento na vizinhança, o maior país sul-americano continua prejudicando os números globais da região. Sem Brasil, Argentina, Equador e Venezuela, o Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul teria crescido 2,9% no ano passado e poderia crescer 2,6% neste ano. As estatísticas ficam bem mais feias com a inclusão dos quatro países, com resultado negativo de 1,4% em 2015 e perspectiva de contração de 2% em 2016. O contraste é também visível em outros detalhes.
O cenário mundial piorou desde janeiro e as previsões para a América Latina também se reduziram. Mas a maior parte dos latino-americanos continua em crescimento, embora mais moderado. Com crescimento previsto de 2,4%, o México, juntamente com os países da América Central, acompanha a recuperação dos Estados Unidos. Na América do Sul, a maioria dos exportadores de commodities tem conseguido se ajustar à nova situação.
No Chile e no Peru, houve folga suficiente para políticas contracíclicas e as taxas de expansão projetadas para cada um são 1,5% e 3,7%. Na Colômbia, foi necessário um aperto para ajustar as contas externas, mas a expansão se mantém e está estimada em 2,5%. Todos esses países foram afetados pela mudança das condições externas, com redução dos preços de seus produtos de exportação.
Nas economias em recessão, no entanto, a contração se explica, principalmente, por fatores internos, segundo Werner. Mesmo entre esses países há diferenças importantes e também nesse quadro o Brasil aparece mal.
O Equador, com retração prevista de 4,5%, sofre os efeitos da depreciação do petróleo e da valorização do dólar. Como sua economia é dolarizada, exportações encarecem e, ao mesmo tempo, as importações ficam mais baratas. O ajuste envolverá um maior aperto fiscal e isso prolongará a recessão iniciada no ano passado. Para 2016, está estimada uma contração de 4,5%.
A Venezuela continuará em recessão profunda. O PIB diminuiu 5,7% no ano passado, deve diminuir mais 8% neste ano e poderá encolher mais 4,5% em 2017. A baixa do preço do petróleo certamente afetou o país, mas foi apenas mais um problema já cheio de dificuldades. Não se cuidou das distorções políticas nem dos desajustes fiscais, como se lembra no relatório. A inflação deve ultrapassar 700%, "alimentada pelo dinheiro emitido para cobrir o déficit fiscal, por um aumento na taxa de câmbio paralela e pela escassez de produtos básicos".
O maior membro do clube é o Brasil, metido em "uma das mais fundas recessões de sua história". Segundo o texto, a contração é "causada por uma combinação de desacertos nas políticas, fragilidades macroeconômicas e problemas políticos". A deterioração das contas públicas e o aumento da dívida "influíram fortemente no colapso da confiança no País", acrescenta o relatório. "As perspectivas começarão a ser mais promissoras somente quando essas incertezas forem resolvidas e as questões fiscais forem abordadas", completou Werner.

Para o Fundo Monetário Internacional, Argentina põe a casa em ordem com medidas difíceis

A nova equipe econômica da Argentina iniciou um processo para "por a casa em ordem", mas no curto prazo deverá adotar medidas difíceis de se digerir. A afirmação é do titular do comitê financeiro do FMI (Fundo Monetário Internacional), Augustín Carstens.
"Acredito que os argentinos serão os principais beneficiados, mas não é necessário dizer que, no curto prazo, algumas medidas serão difíceis de digerir", disse Cartens, que é mexicano, durante o encontro no fim de semana do FMI, em Washington (EUA).
Carstens recordou que a expectativa de crescimento da América Latina neste ano é negativa. "Vários países têm trabalho pela frente, em particular a Argentina. É a terceira maior economia da região e é essencial que avance rápido."
Ele destacou as tentativas do presidente argentino Mauricio Macri de tentar recompor as relações com o mercado financeiro e organismos multilaterais, como o FMI. "Todos os países associados (ao FMI) exaltaram o enorme progresso que o governo está obtendo em por um ponto final a um período muito difícil em suas relações com os mercados. É um enorme passo à frente, e como latino-americano é bom ver a Argentina tratando de por a casa em ordem", acrescentou.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, assinalou que a visita de uma missão técnica ao país, prevista para setembro - a primeira em uma década -, é o melhor sinal da mudança de atitude do país em relação ao fundo. Em 2013, o FMI censurou publicamente a Argentina pela falta de confiança de suas estatísticas, em particular as relacionadas à inflação.
Em 2007, ano em que a ex-presidente Cristina Kirchner recebeu a faixa presidencial do marido, Néstor, eleito em 2003, o governo passou a manipular (para menos) os índices de preços. Eles corrigiam os títulos da dívida pública argentina. Com o tempo, os cálculos sobre a pobreza e o PIB também acabaram sob suspeita.
Segundo Lagarde, a visita dará ao fundo melhor informação sobre o estado atual da economia argentina, que é uma das condições do organismo para recomendar políticas econômicas. O FMI prevê que a economia argentina deve encolher 1% neste ano, após crescimento moderado de 1,2% em 2015. Para 2017, a estimativa é que o país acelere a expansão para 2,8%.
O país deverá sair formalmente na próxima semana do default técnico - situação em que está desde julho de 2014. Com isso, o país deve ir ao mercado captar cerca de US$ 15 bilhões.