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Conjuntura

- Publicada em 07 de Abril de 2016 às 20:03

Presidente do BC descarta redução de juros

 PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL ALEXANDRE TOMBINI PARTICIPA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS DO SENADO_FOTO ANTONIO CRUZ ABR

PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL ALEXANDRE TOMBINI PARTICIPA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS DO SENADO_FOTO ANTONIO CRUZ ABR


ANTONIO CRUZ/ABR/JC
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, listou razões para que a inflação fique mais controlada em 2016, mas descartou redução da taxa de juros. "Após uma inflação elevada no mês de janeiro, causada principalmente pelo aumento significativo dos alimentos 'in natura' e de transporte, o mês de fevereiro representou o início do declínio da inflação acumulada em 12 meses", disse no evento Macro Vision, organizado pelo Itaú BBA em São Paulo.
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, listou razões para que a inflação fique mais controlada em 2016, mas descartou redução da taxa de juros. "Após uma inflação elevada no mês de janeiro, causada principalmente pelo aumento significativo dos alimentos 'in natura' e de transporte, o mês de fevereiro representou o início do declínio da inflação acumulada em 12 meses", disse no evento Macro Vision, organizado pelo Itaú BBA em São Paulo.
Tombini ressaltou que a evolução da inflação em 2015 foi mais marcante em função de ajustes de preços relativos, especialmente dos administrados, e da variação do câmbio. "No que diz respeito ao ajuste monetário, a inflação em 2015 foi intensa e negativamente afetada pelo fortalecimento do dólar norte-americano e pelo realinhamento dos preços administrados em relação aos preços livres da nossa economia", ponderou.
Para o presidente do BC, essa mudança nos preços relativos se mostrou "mais prolongada e mais profunda" que a inicialmente prevista, perdurando durante todo o ano de 2015, mas não se limitando a ele. Ele destacou o processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual no início deste ano, "o que nos levou aos patamares de inflação observados recentemente e repercutiu sobre o horizonte de convergência da inflação para a meta".
Segundo sua perspectiva, o IPCA estará no centro da meta de 4,5% ao ano em 2017. Um dos fatores citados por Tombini foi a expectativa de maior convergência entre preços livres e administrados neste ano, após o ajuste dos preços controlados. Em 2015, o governo liberou reajuste da gasolina e implantou as bandeiras tarifárias para compensar o uso das termelétricas, mais caras. Para este ano, Tombini espera comportamento "moderado" para os preços.
O presidente do Banco Central avaliou ainda que as condições econômicas atuais também ajudam no processo de desinflação. Com a crise econômica, o desemprego maior e a renda em queda diminuem a demanda.
O câmbio também deve contribuir para a "trajetória declinante" da inflação em 2016, porque a depreciação é menor e também porque há menor espaço para repassar o custo dos importados para os preços. O presidente do BC elencou uma série de benefícios trazidos pela valorização cambial, atribuída por ele ao regime flutuante da moeda, à economia. Entre os pontos positivos, ele citou ganhos de produtividade, aumento das exportações e substituição de itens importados pelos produzidos aqui.
Apesar dos fatores listados para arrefecimento da inflação, Tombini refutou uma redução na taxa básica de juros da economia ao dizer que o cenário não "nos permite trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias". Ele citou que a taxa elevada recente e os mecanismos de indexação da economia dificultam o afrouxamento monetário.
Embora tenha admitido que o Brasil passa por um momento "desafiador", o presidente do BC mostrou otimismo com a situação atual, a qual classificou de "transitória". Por várias vezes durante seu discurso, de 20 minutos, ele salientou a importância de a economia nacional sofrer ajustes, sobretudo o fiscal. "O ajuste fiscal é crucial. É imprescindível. É o caminho para a retomada da confiança", destacou.
O presidente do BC, que viu o auditório se esvaziar enquanto falava, terminou seu discurso lembrando que "há muito o que fazer para recuperar a confiança da sociedade na economia".

Ministro da Fazenda diz que governo precisa focar reformas estruturais

 ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, fala sobre proposta de readequação da meta fiscal para 2016 foto Wilson Dias Agência Brasil)

ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, fala sobre proposta de readequação da meta fiscal para 2016 foto Wilson Dias Agência Brasil)


WILSON DIAS/ABR/JC
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, ressaltou, nesta quinta-feira, em discurso durante o evento promovido pelo Itaú BBA, que o governo precisa focar reformas estruturais. Ele apontou que o governo foi criticado por propor determinadas reformas neste momento, já que elas não têm impactos fiscais imediatos e serão difíceis de aprovar em meio ao ambiente político conturbado.
Mesmo assim, Barbosa explicou que as reformas passam uma sinalização positiva para os agentes econômicos. "A sinalização de que o Estado tem controle sobre as despesas já se reflete em juro e câmbio", afirmou. Segundo ele, o governo avalia combinar metas de resultado primário com limites para os gastos públicos já no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para o período de 2017 a 2019. Mesmo assim, reconheceu que o debate sobre a reforma da previdência, por exemplo, tem sido prejudicado pelo atual momento político.
Barbosa comentou ainda que o governo se inspirou em exemplos de outros países na proposta de criar um limite para os gastos públicos. Ele mencionou o caso dos Estados Unidos, onde uma das medidas punitivas quando se extrapola os limites é o chamado "sequestro" de recursos do governo. "Combinar estabilização fiscal e creditícia com medidas estruturais deu certo em outros países", comentou. "Controlando gastos, evitamos a saída de criar receitas fictícias nos projetos orçamentários", acrescentou.
Ele também reconheceu que, no passado, o governo "desperdiçou tempo" promovendo somente soluções de curto prazo. "Precisamos de medidas de estabilização e estruturais, para que a estabilização não seja desperdiçada."
Entre os poucos pontos positivos da economia atualmente, Barbosa comentou que a inflação está desacelerando que as contas externas estão melhorando mais rápido do que todos previam, mas reconheceu que isso não será suficiente para tirar a economia da recessão.
O ministro disse que, no campo político, os discursos estão cada vez mais polarizados, com tons "beirando o religioso e messiânico". "Devemos evitar as guerras econômicas entre a Igreja da Microeconomia do Corte de Gastos e a Igreja da Ressurreição Keynesiana de estímulo de demanda", apontou.
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco afirmou, durante o mesmo evento promovido pelo Itaú BBA, que a autoridade monetária sozinha não vai conseguir resolver o problema da inflação, e, nesse contexto, é melhor o BC "não fazer muita marola". "A política monetária perdeu a eficácia e não dá para o BC ser herói se o resto do time está jogando contra", comentou.
Falando sobre a recente melhora nas projeções de inflação para este ano na pesquisa Focus, Franco foi bastante cético. "Se a inflação começou a ceder nas últimas semanas, não é porque as pessoas estão percebendo uma situação melhor, é porque nós temos a pior recessão da história. Esse tipo de queda da inflação não é confiável, porque, se no futuro a economia se recupera, a inflação volta", afirmou.
Em painel realizado logo após a fala de Nelson Barbosa, o ex-presidente do Banco Central criticou fortemente o governo, que, na sua opinião, é o maior responsável pela atual crise. "Parece uma tentativa de ganhar o Prêmio Nobel de Economia fazendo tudo errado, com desarrumação fiscal, uma política de compadres nas estatais", afirmou.

Barbosa cancela participação em reunião do FMI

A crise política no Brasil levou o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, a cancelar sua participação na reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorre na próxima semana em Washington. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estará no encontro.
Barbosa tem um papel fundamental na defesa da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados. A prática de crimes de responsabilidade fiscal é a principal acusação do pedido de afastamento da presidente.
Na semana passada, Barbosa falou à comissão que analisa a solicitação de impeachment para refutar as acusações. "No ano passado, o governo fez o maior contingenciamento da história. Não há que se falar de flexibilidade fiscal, de irregularidade fiscal ou de crime de responsabilidade fiscal no momento em que o governo fez o maior contingenciamento da história", disse na ocasião.