Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Conjuntura Internacional

- Publicada em 04 de Abril de 2016 às 21:57

Emergentes contagiam o mercado financeiro

Fundo Monetário Internacional divulgou Relatório de Estabilidade Financeira Global

Fundo Monetário Internacional divulgou Relatório de Estabilidade Financeira Global


MANDEL NGAN/AFP/JC
A repercussão para o mercado financeiro mundial de eventos em países emergentes como Brasil, China e Rússia aumentou de forma significativa nos últimos anos, conclui um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta segunda-feira, que faz parte do Relatório de Estabilidade Financeira Global. Mais de um terço da variação na rentabilidade dos ativos nas bolsas e moedas dos países avançados é explicado por essas repercussões financeiras.
A repercussão para o mercado financeiro mundial de eventos em países emergentes como Brasil, China e Rússia aumentou de forma significativa nos últimos anos, conclui um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta segunda-feira, que faz parte do Relatório de Estabilidade Financeira Global. Mais de um terço da variação na rentabilidade dos ativos nas bolsas e moedas dos países avançados é explicado por essas repercussões financeiras.
"As repercussões financeiras de mercados emergentes têm ficado significativamente mais fortes desde a crise financeira mundial", afirma o relatório, destacando que o movimento é mais intenso nos preços dos ativos nas bolsas de valores e moedas ao redor do mundo. Por conta disso, o FMI alerta que os governos de países do primeiro mundo precisam levar em conta, cada vez mais, a evolução da economia e das políticas nos mercados emergentes.
O FMI calcula que o contágio para o resto do mundo do que ocorre em mercados emergentes cresceu 28% desde a crise, mas quando se consideram os principais - Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul - houve aumento de 40%. O que vem acontecendo com a economia da China nos últimos meses, por exemplo, tem tido peso importante na precificação dos ativos ao redor do mundo, nos países emergentes e avançados, de acordo com o relatório. Brasil, México e África do Sul são as três principais fontes de repercussões para o resto do mundo para as taxas de câmbio.
Contágios de eventos em países emergentes como o Brasil, México e China para o resto do mundo sempre existiram, mas, no passado, eram limitados a períodos de crise grave, ressalta o FMI. Foi o que ocorreu com as crises da Ásia, México e da Rússia nos anos 1990. Depois da crise financeira mundial, em 2008/2009, as repercussões ficaram bem mais frequentes e não se limitam mais a momentos de dificuldades, na medida em que o peso dos emergentes na economia mundial também aumentou no período.
O contágio para outros países cresceu no momento em que as economias emergentes ficaram mais integradas com o resto do mundo. "A integração comercial e financeira dos emergentes na economia mundial e no sistema financeiro aumentou consideravelmente nas últimas duas décadas", afirma o FMI.
"Em consequência, as repercussões de choques nos mercados emergentes sobre os preços das ações e taxas de câmbio nos países avançados e emergentes são também muito mais intensas", conclui o documento. "A maior integração dos mercados financeiros reforçou as repercussões entre países." A exceção é no mercado de bônus, ainda guiado principalmente pelo que ocorre nos países desenvolvidos.
As repercussões internacionais nos preços dos ativos são mais fortes dentro dos setores, diz o FMI. Os segmentos mais dependentes do financiamento externo estão mais sujeitos às repercussões, e o mesmo ocorre nas empresas com menos liquidez e mais endividadas. Países com fundamentos macroeconômicos semelhantes também estão mais sujeitos ao contágio internacional.
Outro fator que tem colaborado para aumentar a repercussão internacional dos eventos são as mudanças estruturais nos mercados financeiros. Entre elas, o FMI destaca o crescimento da intermediação de fluxos de capital por fundos mútuos. Ao realocar e recompor suas carteiras de ativos, esses fundos são uma fonte de contágio para o resto do mundo de eventos em determinado mercado.

Documento do FMI aponta para o crescimento do risco sistêmico das companhias de seguro

O peso das seguradoras, segmento que vem tendo crescimento rápido sobretudo nos países emergentes, aumentou no mercado financeiro mundial e essas companhias já contam com US$ 24 trilhões em ativos financeiros. Com isso, cresceu também o risco sistêmico das empresas de seguro, especialmente em um cenário de juros negativos em regiões como Europa e Japão, alerta o FMI em um estudo que faz parte do Relatório Estabilidade Financeira Global.
As operações das seguradoras de vida e não vida têm registrado crescimento rápido em países emergentes como o Brasil e China, afirma o relatório do FMI, mas ainda possuem negócios mais amplos nos países desenvolvidos, como EUA e Japão, e também na Europa.
Desde a crise mundial, as seguradoras têm aumentado o papel no sistema financeiro global, sendo um dos principais investidores institucionais do planeta. Com isso, passaram a ficar mais sujeitas às oscilações dos preços dos ativos e mais recentemente aos juros negativos, que passaram a ser adotados no Japão e na zona do euro, além de outras regiões.
"Quanto mais baixas as taxas de juros, mais vulneráveis as seguradoras se tornam", afirma o relatório do FMI, destacando que as companhias de vida podem ter dificuldades em conseguir cumprir suas obrigações futuras com retornos tão baixos dos ativos no mercado financeiro. Nos países avançados, a contribuição das seguradoras de vida para o risco sistêmico aumentou nos últimos anos, embora ainda permaneça "claramente abaixo da contribuição dos bancos", afirma o relatório do FMI.
A recomendação do FMI é que os governos precisam ficar mais atentos à importância sistêmica das seguradoras, por meio de uma avaliação macroprudencial. Reguladores e supervisores do setor devem ir além da análise de solvência e riscos de contágio de seguradoras individuais e redobrarem a atenção ao fato de que as companhias de seguro são crescentemente vulneráveis aos mesmos riscos de outras instituições do setor financeiro.
O fator de o risco sistêmico das seguradoras ter aumentado, afirma o FMI, não está relacionado ao fato de o setor como um todo ter elevado a exposição a papéis de maior risco. A parcela da exposição a ativos mais arriscados tem se mantido constante. Contudo, tem havido crescente diferenciação entre as seguradoras ao redor do mundo. "Companhias menores, mais fracas e menos capitalizadas parecem ter tomado mais riscos em um número de países nos últimos anos", afirma o FMI. Além disso, seguradoras de vida têm mais passivos futuros do que ativos, o que as tornam particularmente vulneráveis a juros negativos.
"Fatores amplos de mercado, como a maior correlação observada entre as classes de ativos, significam que mudanças nos preços dos papéis afetam as seguradoras de vida em formas cada vez mais similares", constata o chefe da divisão de análise da Estabilidade Financeira Global, Gaston Gelos.
Uma das medidas específicas para as seguradoras sugeridas pelo FMI são a constituição de colchões de proteção de recursos, uma reserva financeira extra criada em tempos de crescimento para ser usada em épocas de maior fraqueza, como foi proposto para os bancos pelas regras de Basileia.
 

BCE vai agir com rigor para combater inflação global baixa

Um período duradouro de inflação baixa na zona do euro seria muito prejudicial, afirmou o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Peter Praet, enfatizando a disposição da instituição de adotar mais medidas de estímulo para impulsionar os preços, se houver necessidade.
Dados publicados na semana passada mostraram que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro teve queda anual de 0,1% em março, permanecendo bem abaixo da meta de inflação de médio prazo do BCE, que é de taxa ligeiramente inferior a 2%. No final de um discurso feito em Roma, Praet ressaltou a importância de o BCE combater os preços baixos.
"O prolongado período de inflação baixa em que estamos hoje elevou os riscos de que o não cumprimento de metas de inflação se torne persistente, o que seria profundamente prejudicial para a economia", afirmou Praet. "É por isso que reagimos com tanto vigor para garantir nosso objetivo - e continuaremos a fazê-lo, se necessário."
No mês passado, o BCE implementou uma série de novas medidas para impulsionar a inflação e a atividade econômica da zona do euro, incluindo cortes de juros.