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Crise política

- Publicada em 29 de Março de 2016 às 23:16

Em ato de três minutos, PMDB deixa governo

Votação simbólica pelo desembarque do governo federal marcou convenção da sigla em Brasília

Votação simbólica pelo desembarque do governo federal marcou convenção da sigla em Brasília


LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
Em cerca de três minutos, o PMDB oficializou, na tarde de ontem, sua saída do governo federal. Aos gritos de "Brasil para frente, Temer presidente" e "Fora PT", o partido aprovou, em reunião presidida pelo vice-presidente do partido, Romero Jucá, uma moção que determina a entrega de todos os cargos no Executivo e a punição de quem desobedecer isso.
Em cerca de três minutos, o PMDB oficializou, na tarde de ontem, sua saída do governo federal. Aos gritos de "Brasil para frente, Temer presidente" e "Fora PT", o partido aprovou, em reunião presidida pelo vice-presidente do partido, Romero Jucá, uma moção que determina a entrega de todos os cargos no Executivo e a punição de quem desobedecer isso.
Jucá leu a moção, de autoria do diretório regional da Bahia, assinada por Geddel Vieira Lima. O texto fala em "imediata saída do PMDB do governo com entrega dos cargos em todas as esferas do Poder Executivo Federal, importando a desobediência a esta decisão em instauração de processo ético contra o filiado".
A votação ocorreu de forma simbólica. Nos bastidores, foi decidido que não haveria exposição dos peemedebistas que se posicionassem contrários à decisão. "A partir de hoje, nessa reunião histórica, o PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma (Rousseff, PT), e ninguém no País está autorizado a exercer qualquer cargo em nome do partido do PMDB", afirmou Jucá.
Peemedebistas frisaram, contudo, que, "a partir de hoje", é uma colocação simbólica. Segundo o ex-ministro Eliseu Padilha, no entanto, "a decisão é a partir de agora". "Por óbvio, o cara não vai sair daqui correndo para arrumar a gaveta dele", acrescentou.
Nos bastidores do partido, ficou combinado que as cadeiras ocupadas pelo partido na Esplanada dos Ministérios devem ser entregues até 12 de abril.
Jucá reiterou, ao final, que cada caso será avaliado separadamente, podendo inclusive serem avaliadas as reivindicações de alguns ministros, como Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde), de se licenciar do partido.
Padilha disse, no entanto, que a licença não está prevista no estatuto da legenda. "Se houver o pedido, por óbvio, vai ser avaliada essa possibilidade. Só devo antecipar que, pelo que analisei, não há essa previsão no estatuto da legenda", disse.
O vice-presidente do PMDB, Romero Jucá, explicou que a decisão que determina a saída do partido da base aliada do governo federal não é vinculada à postura da sigla em relação ao impeachment da presidente.
"Nós seremos independentes e vamos votar questões importantes para o País. Não teremos mais atrelamento à base do governo federal", disse. "Mas impeachment é uma questão que será tratada apenas no momento devido", acrescentou.
O vice-presidente Michel Temer não estava presente na reunião que oficializou o desembarque. Os ministros peemedebistas também não compareceram. Nomes como José Sarney, Eduardo Paes e Sergio Cabral também não compareceram. No entanto, enviaram aliados para o encontro, como a ex-governadora Roseana Sarney e os secretários do Rio de Janeiro Pedro Paulo e Marco Antonio Cabral.
Primeiro peemedebista a romper publicamente com o governo e um dos maiores adversários políticos de Dilma Rousseff (PT), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegou sorrindo à reunião na qual seu partido selou o fim da aliança de uma década com o PT.
Tudo começou às 15h10min. Três minutos depois, o divórcio entre PMDB e PT já era oficial. "Até achei longa", disse Cunha, questionado pela reportagem sobre a duração do ato. "Eu teria feito em um minuto." Um dos poucos integrantes da cúpula do partido a comparecer ao ato, Cunha disse que não poderia deixar da participar do evento. "Defendi isso antes de qualquer outro. No dia que acontece, eu vou faltar?", indagou, ainda com um sorriso no rosto.
A tomada de posição foi articulada pelo grupo do vice-presidente Michel Temer. A decisão foi tomada após reunião realizada entre Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerado o "último bastião" do governismo no PMDB.
Apesar dos apelos da presidente Dilma e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Planalto não conseguiu conter a tendência de debandada do PMDB, agravada nos últimos dias com a exposição das posições anti-Dilma dos maiores diretórios estaduais da sigla, como Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Renan espera que processo de impeachment não chegue ao Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que a decisão do PMDB de desembarcar do governo de Dilma Rousseff (PT) foi "democrática", mas acrescentou esperar que o processo de impeachment da presidente não chegue ao Senado.
Perguntado se estava defendendo a permanência da presidente da República, Renan respondeu que, "com relação à crise, à possibilidade de o impeachment chegar ao Senado, devo dizer que tenho que me preservar o máximo possível para continuar com isenção e independência, porque, se chegar no Senado o impeachment, vamos conduzi-lo, presidir a instituição até o julgamento final, que acontecerá em até seis meses".
Renan repetiu várias vezes que continuará atuando como presidente do Senado e do Congresso de forma isenta.