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Crise política

- Publicada em 23 de Março de 2016 às 22:14

Lista cita 47 políticos do Rio Grande do Sul

A lista da Odebrecht é a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira até agora. Nas planilhas encontradas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, figuram pagamentos para cerca de 200 políticos de 18 partidos, dentre os quais o Rio Grande do Sul figura com quase um quarto dos citados. Há menção a 47 gaúchos, que foram candidatos nas eleições de 2012 (prefeito ou vereador), 2010 e 2014 (deputado estadual, deputado federal, senador ou governador).
A lista da Odebrecht é a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira até agora. Nas planilhas encontradas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, figuram pagamentos para cerca de 200 políticos de 18 partidos, dentre os quais o Rio Grande do Sul figura com quase um quarto dos citados. Há menção a 47 gaúchos, que foram candidatos nas eleições de 2012 (prefeito ou vereador), 2010 e 2014 (deputado estadual, deputado federal, senador ou governador).
Não é possível de antemão saber se os pagamentos são doação eleitoral ou propina. Mesmo que não estejam na prestação de contas registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral, é possível que sejam as chamadas "doações ocultas", ou seja, repasses feitos aos partidos de forma legal, que depois se destinam aos candidatos.
Os investigadores apuram se os repasses se tratam de uma contabilidade paralela da empresa, que foi alvo da 26ª fase da Lava Jato, deflagrada na terça-feira. Ainda não há uma conclusão se os pagamentos são ilícitos. As planilhas apontam também pagamentos a candidatosindicados por líderes políticos de expressão. Também projeta pagamentos para grupos de "parceiros históricos" - relação que inclui o ex-presidente José Sarney, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros, e o senador Romero Jucá, todos do PMDB.
As listas detalham ainda quanto cada empresa do grupo Odebrecht doaria para cada político. As empresas são chamadas de "sponsor" (patrocinador, em inglês).
Entre os nomes nacionais mencionados na lista, estão os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ) e o ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), que morreu em agosto de 2014, quando era candidato à presidência da República.
No Rio Grande do Sul, os nomes de destaque são o ex-governador Tarso Genro (PT), a senadora Ana Amélia Lemos (PP), além do presidente estadual do PSB, Beto Albuquerque, que concorreu como senador na chapa de José Ivo Sartori (PMDB) ao governo do Estado e, posteriormente, como vice na chapa de Marina Silva (Rede) à presidência.
Outro nome importante é o do ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB) que, apesar de não ter concorrido nas eleições de 2010, 2012 e 2014, é um dos quadros históricos da legenda no Estado.
Em Porto Alegre, foram citados quatro candidatos à prefeitura na última eleição: o prefeito José Fortunati (PDT), a deputada estadual Manuela d'Ávila (PCdoB), o deputado estadual Adão Villaverde (PT) e Wambert Di Lorenzo (PSDB).
Há também menção a deputados, vereadores e candidatos majoritários nas eleições municipais de 2012, caso dos prefeitos de Canoas (Jairo Jorge, PT), Gravataí (Marco Alba, PMDB), Esteio (Gilmar Rinaldi, PT), Triunfo (Mauro Poeta, PMDB), Caçapava do Sul (Otomar Vivian, PP), Santa Maria (Helen Cabral, candidata do PT em 2012) e do secretário estadual de Desenvolvimento, Fábio Branco (PMDB), que concorreu em Rio Grande.

O que disseram os citados

“Todas as minhas contas foram aprovadas pelo TRE, sem caixa-2, e sem qualquer relação clandestina, com qualquer pessoa física e jurídica. Todas as contribuições dadas às campanhas que concorri foram legais, declaradas. Sem exceção.” Tarso Genro (PT), ex-governador
“Doações oriundas da empresa Braskem, subsidiária desse grupo e com atuação conhecida no Rio Grande do Sul, foram feitas ao diretório nacional do Partido Progressista (PP), o qual repassou para a minha conta de campanha ao Senado, em 2010, parte desses recursos.” Ana Amélia Lemos (PP), senadora
“A doação feita pela empresa Odebrecht, de acordo com as normas eleitorais, foi realizada para a direção nacional do PDT que fez o repasse para a minha campanha eleitoral da prefeitura de Porto Alegre. O montante faz parte, tanto da prestação de contas do PDT nacional, como também da prestação de contas da minha campanha para a Prefeitura, devidamente aprovada pelo TRE. A Odebrecht não teve e não tem qualquer obra na cidade de Porto Alegre.” José Fortunati (PDT), prefeito de Porto Alegre
“Todas as doações que recebi foram lícitas, todas as prestações de contas foram aprovadas. Entretanto, não recebi doação de nenhuma empresa do Grupo Odebrecht para a candidatura de 2012 (à prefeitura de Porto Alegre). Especulo – a partir da impressão que fiz das listas disponibilizadas para a imprensa – que a Odebrecht, munida das pesquisas de opinião, fez projeções de contribuições à minha candidatura a partir de meu favoritismo pré-eleitoral. Com a queda vertiginosa que tive nas pesquisas, tais doações não aconteceram.” Manuela d’Ávila (PCdoB), deputada estadual
“Todas as doações dadas à campanha foram declaradas como absolutamente legais e as contas aprovadas pelo TRE, sem nenhuma exceção ou apontamento.” Adão Villaverde (PT), candidato a prefeito de Porto Alegre em 2012
“Minha campanha para prefeito recebeu doações da Braskem devidamente registradas nas prestações de contas.” Wambert di Lorenzo, candidato do PSDB à prefeitura em 2012
“Já constaram em prestações de contas eleitorais minhas e do meu partido, a doação formal e devidamente declarada da Odebrecht e de outras empresas. Tudo devidamente declarado.” Beto Albuquerque (PSB), ex-deputado federal e candidato ao Senado e a vice-presidência em 2014
“A empresa Odebrecht, de forma legal, doou através do diretório nacional do PT o valor expresso na lista. Trata-se, portanto, de uma doação dentro da lei e devidamente registrada, cuja prestação de contas foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.” Jairo Jorge (PT), prefeito de Canoas.
“Jamais tive contato com representantes da Odebrecht. Constam na prestação de contas do PMDB nacional doações da referida empresa, feitas nos termos da lei. O Comitê Financeiro Único Municipal recebeu doações do PMDB Nacional e Estadual, que estão declaradas na prestação de contas da campanha de 2012, aprovadas pela Justiça Eleitoral.” Marco Alba (PMDB), prefeito de Gravataí.
“Quanto às doações eleitorais feitas à nossa campanha, em 2012, pela Braskem, compartilho a imagem do registro da doação junto ao TSE, de R$ 50 mil, que recebemos, de forma legal e declarada.” Mauro Poeta (PMDB), prefeito de Triunfo.
“Todas as contribuições que recebi durante a campanha estão registradas na Justiça Eleitoral e foram aprovadas integralmente pelo Tribunal Regional Eleitoral, caracterizando-se por absoluta legalidade.” Fábio Branco (PMDB), secretário estadual de Desenvolvimento e candidato a prefeito de Rio Grande em 2012.
Sobre Otomar Vivian (PP), prefeito de Caçapava do Sul, o jornal local notícia que o chefe do Executivo afirma estar indignado com a divulgação da planilha e garante que irá recorrer na justiça contra a divulgação.
“A respeito da divulgação da lista de doações da empresa Odebrecht para campanhas eleitorais divulgadas nesta manhã, venho a público esclarecer a referência ao meu nome. A planilha cita “indicações Maria do Rosário – CAM Porto Alegre”. Trata-se de uma doação legal feita em 2012 a qual indiquei, ao PT Nacional, à então candidata a vereadora de Porto Alegre, Ariane Leitão. A prestação de contas da candidata demonstra o devido registro ao TRE em 19 de setembro daquele ano.” Deputada federal Maria do Rosário (PT).
"Toda e qualquer contribuição destinada à minha campanha eleitoral foi devidamente aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e registrada na Justiça Eleitoral, estando, portanto, absolutamente dentro do abrigo da legalidade." Deputado estadual Frederico Antunes (PP).
“O valor que consta nas planilhas apreendidas é compatível com a minha declaração na Justiça Eleitoral. A doação foi via PMDB e, por isso, a pequena diferença na declaração já que o partido fica com 5%. O importante é reafirmar que existem doações legítimas de campanha, que foi o meu caso. As doações privadas sempre foram uma anomalia do processo eleitoral. Felizmente teremos eleições sem doações privadas já no próximo pleito, decisão que contou inclusive com meu voto.” Deputado federal Osmar Terra (PMDB).
O deputado federal Afonso Hamm, por meio desta nota, vem a público esclarecer que todas as doações recebidas para sua campanha eleitoral foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e registradas na Justiça Eleitoral. O deputado informa que recebeu doação oficial da empresa gaúcha Braskem, cuja principal acionista é a Odebrecht, e que essa e as demais contribuições percebidas estão disponíveis para consulta no site do TRE: http://www.tre-rs.jus.br Por estar absolutamente dentro do abrigo da legalidade, ressaltamos que estamos à disposição para todos os esclarecimentos necessários. Deputado federal Afonso Hamm (PP).
“Doação para minha campanha de 2014 da Braskem SA/Odebrecht de R$ 30.000,00 mil direto e de R$ 68.600,00 via Partido Estadual. Totalmente legal.” Deputado federal Renato Molling (PP).
“Até a recente e acertada decisão do STF de proibir o financiamento privado, praticamente 100% das campanhas eleitorais eram financiadas por empresas. A contribuição ocorreu ao Diretório Nacional do partido, que repassou o valor ao Diretório Municipal. Portanto, trata-se de uma contribuição legal, devidamente contabilizada na prestação de contas e aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RS).” Deputado estadual Tarcísio Zimmermann (PT).
“Gostaria de deixar claro que o que consta como doação na minha campanha em 2014 pela Braskem, empresa da Odebrecht, foi obviamente declarado.” Ex-deputado estadual Mano Changes (PP).
“Tendo em vista as notícias divulgadas pela imprensa de que 47 políticos gaúchos, entre os quais consta meu nome como beneficiado de doações da Odebrecht, esclareço que recebi recursos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) Nacional, cujo doador originário foi a Cetrel Lumina Tecnologia e Engenharia Ambiental, empresa ligada ao grupo Odebrecht, e que esta doação está devidamente declarada em nossa prestação de contas de campanha, que pode ser acessada pelo link: http://inter01.tse.jus.br/…/abrirTelaReceitasCandidato.acti…
Me coloco à disposição de todos para quaisquer esclarecimentos.” Deputado federal Heitor Schuch (PSB).
“Sou totalmente contra qualquer ato de corrupção, e sou a favor da Lava Jato. Esclareço que não concorro a nenhum cargo público desde 2008 e que desde então não recebi qualquer tipo de doação pessoalmente ou de forma ilegal. Ainda estou em busca de mais informações, mas imagino que deva se tratar de doação partidária legal e oficial para campanha que apoiei do Partido Progressista.” Leonardo Hoff (PP), diretor de administração na CEEE.
“Recebi duas doações da maior empresa em retorno de ICMS no Estado, a Braskem (cuja principal acionista é a Odebrecht). Essas doações somaram R$ 50 mil. Não há problema legal algum em receber doação de campanha de empresas. O problema é quem as recebe e não as declara. Minha prestação de campanha é pública e todos os valores foram declarados com transferência eletrônica e recibo eleitoral. Basta acessar o site do TSE e comprovar estas informações, inclusive que as contas foram aprovadas sem ressalvas pelo Tribunal” Deputado estadual João Fischer – Fixinha (PP).
“Necessário esclarecimento: prestação de contas de minha campanha 2012 (site TSE) apresenta todas as doações eleitorais que recebi de pessoas físicas e jurídicas. Todas as doações que recebi foram declaradas e legais. Faz parte do estar na política esclarecer situações e ser transparente. Que não reste nenhum mal-entendido, principalmente em momentos como este, em que interessa aos que estão devendo puxar para a vala comum os que agem de maneira ética e legal.” Tarsila Crusius (PSDB), candidata a vereadora em Porto Alegre.

Nomes que constam nas planilhas apreendidas com a Odebrecht

Prefeitos
  • José Fortunati (sem partido - Porto Alegre)
  • Jairo Jorge (PT - Canoas)
  • Marco Alba (PMDB - Gravataí)
  • Gilmar Rinaldi (PT - Esteio)
  • Mauro Poeta (PT - Triunfo)
  • Otomar Vivian (PP - Caçapava do Sul)
  • Ex-governador Tarso Genro (PT)
Senador
  • Ana Amélia Lemos (PP)
Deputados federais
  • Fernando Marroni (PT)
  • Marco Maia (PT)
  • Maria do Rosário (PT)
  • Ronaldo Zülke (PT)
  • Afonso Hamm (PP)
  • José Otavio Germano (PP)
  • Renato Molling (PP)
  • Osmar Terra (PMDB)
  • Nelson Marchezan Junior (PSDB)
Deputados estaduais
  • Adão Villaverde (PT)
  • Tarcísio Zimmermann (PT)
  • Manuela D’Ávila (PC do B)
  • Heitor Schuch (PSB)
  • Frederico Antunes (PP)
  • Gilmar Sossela (PMDB)
  • João Fischer - Fixinha (PP)
  • Paulo Azeredo (PDT)
Vereadores
  • Adeli Sell (PT)
  • Engenheiro Comassetto (PT)
  • João Carlos Nedel (PP)
  • Kevin Krieger (PP)
  • Pablo Mendes Ribeiro (PMDB)
  • João Bosco Vaz (PDT)
  • Jussara Cony (PC do B)
  • Toni Proença (PPL)
Secretários
  • Fabio Branco (PMDB, Desenvolvimento Estadual)
  • Márcio Biolchi (PMDB, Casa Civil do Estado)
  • Mauro Zacher (PMDB, Obras de Porto Alegre)
Ex-candidatos a prefeito
  • Wambert Di Lorenzo (PSDB)
Outros*
  • Sérgio Zambiasi (PTB)
  • Helen Cabral (PT)
  • Tarsila Crusius (PSDB)
  • Carlos Todeschini (PT)
  • Marcos Daneluz (PT)
  • Mano Changes (PP)
  • Beto Albuquerque (PSB)
  • Leonardo Hoff (PP)
  • Marcelo Esswein (PDT)
  • Heitor Luiz Lermen (PT)
*Ex-parlamentares, candidatos não eleitos e eleitos mas afastados

Vereadores da Capital justificam citação em lista

Os candidatos a vereador em 2012 citados na superplanilha de doações da Odebrecht lançaram notas afirmando que as doações vindas da Construtora Odebrecht ou de sua subsidiária, a Braskem, foram aprovadas em prestação de contas pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Na Câmara Municipal, oito parlamentares eleitos foram citados. Kevin Krieger (PP), líder da base do governo no Legislativo afirmou que recebeu a doação via Braskem e criticou divulgação da lista. "Lamentamos que uma lista com pessoas sérias e que sempre trabalharam e fizeram política, Com o respaldo da legislação vigente, esteja sendo colocada na mídia em meio a um cenário conturbado de nossa política", explicou em nota o vereador. Seu colega de bancada e listado João Carlos Nedel (PP) também reprovou o fato.
João Bosco Vaz (PDT), Mauro Zacher (PDT), Adeli Sell (PT) e Engenheiro Comassetto (PT) explicaram que o dinheiro foi repassado via diretórios municipais, estaduais e nacionais de seus partidos. Jussara Cony (PCdoB) afirmou que nunca solicitou recursos para campanhas eleitorais à Odebrecht. Pablo Mendes Ribeiro se manifestou nas redes sociais e alegou ter as contas aprovadas, mas não explicou se o dinheiro foi doado para o conselho financeiro do partido.

Caranguejo e Escritor são alguns dos apelidos citados

As planilhas de pagamentos da Odebrecht a cerca de 200 políticos encontradas pela Polícia Federal e que vieram a público ontem trazem "codinomes" curiosos para alguns dos envolvidos. As planilhas trazem, em alguns casos, além do nome dos políticos - e seu cargo, cidade, partido e empresa de origem do repasse -, um campo de "codinomes". O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por exemplo, tem o apelido de "Caranguejo" nos documentos. O ex-senador e ex-presidente José Sarney (PMDB) é chamado de "Escritor" - ele também é membro da Academia Brasileira de Letras. Ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, coube o codinome "Nervosinho". "Proximus" é como é apelidado o ex-governador fluminense Sérgio Cabral, também do PMDB. Outro político do Estado, o deputado estadual Jorge Picciani, do mesmo PMDB, leva a alcunha de "Grego".
Também recebem codinomes os senadores petistas Lindbergh Farias, o "Lindinho", e Humberto Costa, o "Drácula".
Outros apelidos curiosos na planilha da Odebrecht são os da hoje deputada estadual gaúcha Manuela d'Ávila (PCdoB) - conhecida como "Avião" -, o do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), o "Bruto", o do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), apelidado de "Pastor", e o de Jarbas Vasconcelos Filho, o "Viagra".
Há, ainda, alcunhas para políticos menos conhecidos nacionalmente. Daniel Almeida (PCdoB-BA) é o "Comuna"; o também baiano Edvaldo Brito, o "Candomblé"; o deputado estadual gaúcho Adão Villaverde (PT) é "Eva". Nelson Pelegrino (PT-BA), o "Pelé".