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Opinião

- Publicada em 23 de Março de 2016 às 19:02

Crise financeira chegou aos 244 anos na Capital

Quando apenas se fala nos desdobramentos das acusações via delações premiadas e na Operação Lava Jato, com as idas e vindas das decisões jurídicas, eis que se abre um hiato para saudar o aniversário de Porto Alegre.
Quando apenas se fala nos desdobramentos das acusações via delações premiadas e na Operação Lava Jato, com as idas e vindas das decisões jurídicas, eis que se abre um hiato para saudar o aniversário de Porto Alegre.
Porém, a crise financeira que assola o Brasil e o Rio Grande do Sul desde o ano passado acabou chegando em Porto Alegre, como, de resto, na maioria das prefeituras do Estado. Por isso, o prefeito José Fortunati bloqueou uma série de despesas e admitiu a possibilidade de parcelamento dos salários.
Parcelamento que será aplicado, outra vez, no mês de março pelo Tesouro estadual. É uma consequência da crise internacional e do descalabro das contas federais. O déficit é na União, mas, via de consequência, também nos estados e prefeituras, com as isenções fiscais em tributos compartilhados entre os entes federados. Coincidentemente, o aperto municipal foi anunciado há dois dias do aniversário de 244 anos de Porto Alegre. O que dizer para uma cidade que está completando 244 anos?
Em 26 de março de 1772, aqui chegaram 60 casais açorianos. Parte desses casais se fixou no Porto de Viamão, depois freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, Porto de Viamão, Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre e, em julho de 1773, quando era governador José Marcelino de Figueiredo, recebeu o nome de Porto Alegre. Hoje, nem tanto metrópole, pois temos hábitos tradicionais e arraigados. Somos modernos, mas não esquecemos o passado. Pelo contrário, o cultivamos.
Tivemos fases de agitação, de ebulição política, de movimentos revolucionários, festas imponentes como a Exposição do Centenário Farroupilha, em 1935, e cujo grande legado foi o parque Farroupilha, a querida Redenção. No entanto, o que diriam os moradores do início do século XIX e início do século XX se pudessem revisitar o povoado, a freguesia, a vila e a hoje cidade de Porto Alegre?
No aspecto visual, teriam, provavelmente, dois sentimentos antagônicos. Primeiro, não acreditariam que aquele acampamento à beira do rio, onde aportaram há mais de 240 anos, hoje é uma grande cidade. Não entenderiam os altos edifícios, a correria dos veículos, a pressa das pessoas, o barulho e o tipo de vida absolutamente diferente do bucolismo com que se acostumaram e aqui lançaram as sementes do povoado. Ficariam estupefatos com a grandeza e o número de habitantes.
Simultaneamente, criticariam o mau aspecto de algumas paradas de ônibus, a falta de cuidados dos atuais habitantes que é visível quando os porto-alegrenses sujam demais as ruas. Também a capital do Rio Grande do Sul incorpora a modernidade, mas sofre com as desigualdades.
Quem não se entristece ao ver crianças e adultos esmolando nos cruzamentos? Quem não se entristece com as vilas fétidas, onde seres humanos vivem em meio à insalubridade, à falta de água encanada, chafurdando no meio do lixo? Porto Alegre, apesar de tudo, é demais. Quem não nasceu, se criou e vive aqui acaba por se apaixonar pelas ruas, pelos edifícios históricos, pela velha Redenção, pelo Parcão, pelos centros comerciais.
Uma cidade que depende de seus cidadãos para ser ainda melhor, mais bonita, acolhedora e tranquila. Que não tenha tanta violência. Que possamos, como há apenas 40 anos, caminhar despreocupados olhando vitrines, indo a cinemas, jantando fora, visitando amigos. Que não sejamos obrigados a ficar vigiando para todos os lados com medo do perigo à espreita. Ao cumprimentar a cidade, reafirmamos que Porto Alegre, ainda assim, é demais.
 
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