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Empreender em Comunica��o



Luiz Ant�nio Nik�o Duarte Luiz Ant�nio Nik�o Duarte
Professor da Unisinos e Assessor de Comunica��o do Banrisul, [email protected]
Empreender no Brasil tem sido mais uma consequência da necessidade do que um produto de vocação natural. Essa tendência, de certa maneira acomodada aos tempos (e há tempos!), já revogados, em que o emprego era uma certeza, percorre das instâncias familiares às educacionais, produzindo uma cultura voltada mais para o arrumar trabalho do que para o gerar empregos. Se todos buscarão empregos, quem os gerará?
Circunstâncias próprias fazem desse um problema ainda maior nos campos da Comunicação, em que já há uma geração - talvez, duas! - necessitando ela própria prover sua colocação profissional - frente a um Jornalismo, a uma Publicidade e às atividades de Relações Públicas de quadros cada vez mais enxutos e cada vez mais terceirizados. Tal quadro, que sob certo ponto de vista pode configurar uma crise por impor óbvias ameaças à ocupação tradicional, também é alimentador de oportunidades.
Ainda que advindo mais das necessidades do que das vocações, o empreendedorismo em Comunicação tem encontrado espaço para se desenvolver a quem se dispõe aos riscos e à carga reforçada de trabalho, esta aliando tanto a carga convencional das profissões, quanto as práticas administrativas, de precificação de produtos e serviços e de prospecção de clientela.
Mas, se há problemas pela frente, também há facilidades com as quais os comunicadores podem contar no início de seus empreendimentos - e que não estão presentes na maioria das demais profissões. Pode-se trabalhar em casa, fator que, por si só, já representa significativa economia - em aluguel, condomínio, imposto predial, telefonia e internet, por exemplo. Pode-se, trabalhando em casa, fazê-lo em equipamentos e sistemas já disponíveis, o que dispensa a necessidade imediata de investimentos. Viver e trabalhar no mesmo local reduz, ainda, as despesas com veículos e transportes, e, por estarem ligadas mais às entregas de conteúdos do que de objetos, as atividades comunicacionais dispensam grandes logísticas, entre as quais a de estocar produtos.
Vinculadas a uma necessidade elementar da condição humana, as profissões da Comunicação atuam em atributos para os quais a sociedade é receptiva: informação, promoção e relacionamento - numa simplificação aqui usada apenas como reforço ao argumento de seu potencial empreendedor. Essa capacidade de se resolver, porém, tem esbarrado na barreira cultural de que empreender vai muito além das necessidades de sustentação de quem se profissionaliza; de que pode e deve ser uma vocação estimulada por quem educa e por quem forma.
Nos cursos de Comunicação da Unisinos, há mais de uma década se desenvolve o estímulo ao empreendimento, aliando teoria e prática numadisciplina cujo objetivo é simular, ao longo de um semestre, a implantação de empresas. Nesse exercício que, no meu caso de professor, exerço desde 2010, mais de uma centena de boas ideias têm sido apresentadas, numa formidável experimentação em Relações Públicas, Publicidade e Jornalismo, a provar que é possível empreender com pouco (ou sem) dinheiro.

Publicado em 28/03/2016.