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Universidade e empreendedorismo



Max Lacher Max Lacher
Diretor de Opera��es da ESPM-Sul, [email protected]
O empreendedorismo está em alta e os números comprovam isto. De cada dez brasileiros na faixa etária entre 18 e 64, três possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio, segundo os dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Um outro dado destacado pelo estudo mostra que ter seu próprio negócio continua sendo o terceiro maior sonho dos brasileiros (31%), perdendo apenas para a compra da casa própria (42%) e viajar pelo Brasil (32%).
Dados esses números, a primeira questão a ser entendida é o conceito de empreendedorismo. Se voltarmos no tempo para 1942, ano em que foi publicado o livro "Capitalismo, socialismo e democracia" veremos que o economista Joseph A. Schumpeter associava o empreendedor ao desenvolvimento econômico.
Segundo o autor, o sistema capitalista tem como característica inerente, uma força que ele denomina de "processo de destruição criativa", embasando-se no princípio que reside no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; ou seja, trata-se de destruir o velho para se criar algo novo. Assim, o agente básico desse processo de destruição criativa está na figura do que ele denominou de empreendedor.
Como se pode ver o empreendedor vai além de ter um negócio próprio. Tem relação, de alguma maneira, com um jeito de ser, um comportamento que tem na sua essência a independência.
Mas se empreender é um jeito de ser, qual o papel da universidade neste processo? A primeira vista parece que empreender tem uma relação apenas com algumas características pessoais do indivíduo.
Mas vejamos bem. Empreender exige algumas habilidades e competências. Não se consegue imaginar um bom empreendedor que não tenha a capacidade de planejar, mais do que isso, que não conheça e saiba utilizar de modo correto as ferramentas de planejamento. Também é essencial uma capacidade de liderança. Deve entender que tipo de líder é ou deseja ser e que isto envolve alguns aspectos como saber ouvir verdadeiramente, saber motivar, saber gerar comprometimento, entre outras.
Depreende-se, portanto, que mais do que vontade e iniciativa, aquele que quiser empreender precisará de técnica e uma mentalidade de negócios desenvolvida. E onde buscar isto se não nos bancos acadêmicos? É lá que se pode colher métodos e técnicas de gestão e negócios, mas, mais do que isto, é lá o lugar ideal para se discutir, destruir, reinventar o que existe na sociedade.
Mas aqui fica uma crítica à maioria das instituições de ensino superior. Forjadas sob a lógica da era industrial, elas surgiram para suprir o mercado de mão de obra. Contudo, os tempos mudaram e o papel das instituições de ensino também mudou. Lamentavelmente, poucas são as instituições que discutem negócio nos seus bancos acadêmicos.
Porém, algumas instituições estãoabertas a esta visão, entendendo que a universidade deve estar pronta para dotar o aluno de uma capacidade de decisão no mundo (dos negócios, inclusive), que o torne apto a resolver os problemas da contemporaneidade. Isto envolve não só pensar as empresas da forma que conhecemos, mas de discutir e propor novos arranjos comerciais, novas formas de produção, de comunicação, de precificação, de distribuição que atendam às necessidades atuais.
Que venham os novos tempos e a nossa mente se abra de forma cada vez mais desafiadora ao novo, ao desconhecido e que o fruto desta busca seja uma sociedade mais solidária e mais humanista.

Publicado em 28/03/2016.