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Transporte Público

- Publicada em 13 de Março de 2016 às 21:25

Déficit da passagem pode prejudicar investimentos

Gerente-técnico da Associação relata que prejuízo dos consócios supera os R$ 4 milhões

Gerente-técnico da Associação relata que prejuízo dos consócios supera os R$ 4 milhões


JONATHAN HECKLER/JC
Passadas mais de duas semanas desde a decisão da Justiça que retornou o valor das passagens de ônibus na Capital de R$ 3,75 para R$ 3,25, a partir de ação cautelar de autoria de lideranças do P-Sol, as empresas responsáveis pelo sistema calculam que o prejuízo tenha ultrapassado os R$ 4 milhões. Além de já terem anunciado que o reajuste dos rodoviários, de 11,81%, pode ser suspenso a partir do próximo mês, o gerente técnico da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Gustavo Simionovschi, afirmou, em entrevista ao Jornal do Comércio, que a situação gera insegurança para futuros investimentos, entre eles a compra de veículos do sistema BRT.
Passadas mais de duas semanas desde a decisão da Justiça que retornou o valor das passagens de ônibus na Capital de R$ 3,75 para R$ 3,25, a partir de ação cautelar de autoria de lideranças do P-Sol, as empresas responsáveis pelo sistema calculam que o prejuízo tenha ultrapassado os R$ 4 milhões. Além de já terem anunciado que o reajuste dos rodoviários, de 11,81%, pode ser suspenso a partir do próximo mês, o gerente técnico da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Gustavo Simionovschi, afirmou, em entrevista ao Jornal do Comércio, que a situação gera insegurança para futuros investimentos, entre eles a compra de veículos do sistema BRT.
De acordo com ele, a ATP está buscando as medidas jurídicas necessárias para resolver o prejuízo, como cobrar da prefeitura uma indenização pela quebra do contrato. As empresas não participaram dos dois primeiros editais de licitação, que foram desertos, exatamente por entenderem que existiria uma incapacidade de sustentabilidade econômica.
"Os termos previstos no edital que vencemos são bastante complexos e estipulam uma evolução do sistema ao longo dos próximos 20 anos. Está firmado que, quando se iniciar o sistema BRT (sistema de ônibus rápidos que andarão somente nos corredores), nós temos o compromisso de nos adaptar. E isso demanda investimentos. Acreditamos que, se a situação continuar, teremos uma paralisia, pois um impasse está sendo gerado: se não temos sustentabilidade, como vamos evoluir? E essa insegurança afeta até as futuras negociações sobre o dissídio dos rodoviários", afirma, ressaltando que existe a esperança de que a questão seja resolvida em breve.
Segundo ele, o sistema BRT só é viável se for implantado plenamente, pois trará uma racionalização da frota, com mais BRTs e menos ônibus normais, que seriam os alimentadores do sistema. A médio prazo, a mudança seria positiva para o custo do sistema e até sobre o ângulo tarifário. Contudo, seria necessário um investimento grande inicial para que o retorno viesse posteriormente. Simionovschi explica que, além dessa nova modalidade, o contrato prevê outros investimentos, como a implantação de GPS nos ônibus e a qualificação na frota constantemente.
Logo no início da operação, para o cumprimento do documento, os consórcios investiram R$ 118 milhões na compra de 296 ônibus. Quando eles foram adquiridos, foi feito um financiamento junto aos bancos, com a análise da capacidade de as empresas pagarem as parcelas. Inclusive, o contrato firmado com a prefeitura foi entregue para a transação. "Agora, os bancos já começaram a nos provocar, pois pressupunham uma receita com a tarifa de R$ 3,75, e já estão questionando se teremos capacidade de pagar as prestações. Efetivamente, vai faltar dinheiro para outras questões cotidianas. Será que terá dinheiro para o diesel? Para pagar todos os insumos da empresa, como luz e água? Isso é prematuro, mas começa a preocupar", relata.

'Estamos mais próximos é de uma situação de colapso'

Sobre o cálculo da tarifa, o gerente técnico da ATP diz que as propostas dos seis lotes e mais a planilha apresentada pela companhia Carris chegaram a um valor de R$ 3,46 em julho do ano passado. Corrigindo este valor pelo IPCA e pelo dissídio dos rodoviários, chegou-se aos R$ 3,77, que foi arredondado para R$ 3,75. O lucro das empresas também é fixado na planilha, de 7,24%. "Quando se coloca o seu capital para trabalhar, é preciso que se tenha, além de custos, lucro. A tarifa nada mais é do que pegar todos os custos do sistema, como salário, frota e diesel, e dividir pelo número de pagantes", ressalta.
Conforme Simionovschi, cerca da metade do custo da planilha é para pagar os salários dos rodoviários. Em São Paulo, por exemplo, o governo entra com um subsídio, porque o custo do transporte na cidade é muito alto. Ele acredita que até mesmo a Carris esteja enfrentando problemas com o preço atual da passagem e que a prefeitura terá que aumentar o repasse para cobrir o déficit. "Esse era um momento até de alegria para a cidade, de um começo de qualificação do sistema. E se perdurar isso, estamos mais próximos é de uma situação de colapso."