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Economia

- Publicada em 29 de Março de 2016 às 23:20

Russowsky vê amadurecimento da democracia

Presidente da Federasul diz que disputa interna fortalece a entidade

Presidente da Federasul diz que disputa interna fortalece a entidade


FREDY VIEIRA/JC
Marina Schmidt
Prestes a concluir o segundo mandato como presidente da Federasul, Ricardo Russowsky faz um balanço de sua gestão com os olhos voltados para o futuro. Articulado, não se furta a falar dos possíveis cenários que se desenham para o País, porém já dá como certa a mudança no comando da Nação, em meio ao tumultuado momento enfrentado pelo governo. E é nesse contexto de transição, como frisa, que conduz um processo eleitoral inédito na entidade, a se realizar nas próximas semanas. "A eleição é sensacional para a Federasul repensar seus caminhos e se preparar para os novos cenários que o Brasil deve trilhar", sustenta. Prevendo um ambiente conturbado para a política brasileira até 2018, mesmo no caso de uma mudança na presidência da República, Russowsky, em entrevista ao Jornal do Comércio vislumbra como efeito deste período "um amadurecimento da democracia e uma reestruturação partidária, com redução no número de partidos".
Prestes a concluir o segundo mandato como presidente da Federasul, Ricardo Russowsky faz um balanço de sua gestão com os olhos voltados para o futuro. Articulado, não se furta a falar dos possíveis cenários que se desenham para o País, porém já dá como certa a mudança no comando da Nação, em meio ao tumultuado momento enfrentado pelo governo. E é nesse contexto de transição, como frisa, que conduz um processo eleitoral inédito na entidade, a se realizar nas próximas semanas. "A eleição é sensacional para a Federasul repensar seus caminhos e se preparar para os novos cenários que o Brasil deve trilhar", sustenta. Prevendo um ambiente conturbado para a política brasileira até 2018, mesmo no caso de uma mudança na presidência da República, Russowsky, em entrevista ao Jornal do Comércio vislumbra como efeito deste período "um amadurecimento da democracia e uma reestruturação partidária, com redução no número de partidos".
Jornal do Comércio - A Federasul passa neste momento por um processo eleitoral novo. Qual é a importância dessa mudança?
Ricardo Russowsky - Pela primeira vez na história da Federasul teremos essa dupla candidatura. A entidade e a ACPA, em função dos estatutos que conduziam esses processos, sempre realizaram eleições conjuntas com um único candidato, que era apresentado como chapa oficial da direção e, normalmente, para não dizer sistematicamente, era aclamado. O último presidente que se elegeu nestas condições fui eu, porque em 2012 tivemos uma mudança estatutária que permite a participação de mais de um candidato tanto na Federasul quanto na ACPA. Neste ano, em que estamos colocando esse novo padrão em prática, temos dois candidatos para a Federasul - Simone Leite e Paulo Afonso Pereira - e um para a ACPA - Paulo Afonso Pereira. A Simone é vice-presidente de Integração e fez um trabalho na Federasul, principalmente focado no Interior, porque ela, durante esses meus quatro anos de gestão, me auxiliou na construção de uma relação muito forte e sólida com o interior do Estado, resgatando um processo de unidade, de união dessas entidades todas. Por outro lado, o Paulo Afonso Pereira, aqui na ACPA sempre se dedicou a um projeto nosso, da cidade, nos eventos técnicos que temos desenvolvido aqui pela associação em Porto Alegre, que são o Bom Dia Associado, Encontro de Marketing e Encontro Jurídico. Em função também de um trabalho que ele vem realizando e participando no interior do Estado, o Paulo Afonso Pereira entendeu que poderia se candidatar também à presidência da Federasul. Daí surgiram esses dois candidatos.
JC - Qual é o efeito dessa mudança na entidade?
Russowsky - Isso é salutar para a Federasul porque uma disputa interna na entidade faz o conjunto de entes que compõem a nossa base repensar o seu papel como programa e projeto. Aí, então, vem um pouco do ambiente político que estamos experimentando hoje no País. Começamos em 1988 um projeto de democracia. Já tivemos um impeachment dentro do processo democrático, do Collor, e estamos agora caminhando para a deflagração de um segundo impeachment. Somos ricos, aqui, em impeachment.
JC - As entidades empresariais ganham projeção nesse contexto?
Russowsky - O que eu quero dizer com tudo isso é que dentro desse novo cenário, político nacional, as entidades também têm que se reordenar para definir qual o papel e a participação que terão dentro do cenário político-institucional, porque uma entidade como a Federasul é político-institucional. Ela reúne 250 presidentes que representam o mesmo número de cidades e, por outro lado, é uma formadora nata de líderes. Temos muitos ex-presidentes que foram prefeitos, deputados, enfim, diversos cargos dentro do sistema político. A entidade tem que repensar esse programa e como ela deve se posicionar nesse ambiente político novo.
JC - A eleição da entidade reforça esse papel?
Russowsky - Esta eleição, de certa forma, exercita um pouco o processo democrático. A entidade, até então, tinha seus presidentes eleitos por aclamação. Então, temos hoje a possibilidade de ter programas diferentes, com posicionamentos diferentes e estamos discutindo ideias. Com esses dois candidatos temos capacidade de pessoas inteligentes, definidas, experientes e com muita carreira conquistada, e programas para discutir para a entidade, o que antes não tínhamos. Queremos também influenciar no processo político nacional contribuindo com isso no futuro. Entendo que devo deixar a formação da escola de líderes como uma ideia para os novos dirigentes. Tendo essa massa crítica enorme - são 45 mil empresas associadas, envolvendo mais de 200 mil pessoas - temos a capacidade enorme de encontrar diamantes.
JC - Quais foram os grandes feitos durante sua gestão?
Russowsky - Nosso principal projeto é o plano, que está amparado pela Lei Rouanet, de restauração do prédio. No ano passado, aprovamos a possibilidade de utilização dos recursos das empresas por meio da Lei Rouanet e, já no primeiro mês, tivemos a captação líquida de 20% do projeto. Já estamos com recursos destacados e temos até 2018 para encerrar a captação total para começar a restauração da fachada, depois teremos a parte interna e a criação do Museu do Comércio.
JC - O que mais o senhor destaca da sua gestão?
Russowsky - A reestruturação financeira. Quando assumimos, há quatro anos, a situação da Federasul estava muito complicada, tínhamos reclamatórias por problemas de descontroles administrativos anteriores, teve um desvio muito grande no passado que desfalcou a entidade. Fizemos uma reestruturação, criamos uma administração matricial, horizontal e compartilhada. Isso tem reduzido custo e racionalizado os sistemas, mas também tem me dado tranquilidade em gerir a Federasul, porque antes, no sistema puramente presidencial, o presidente fazia tudo, inclusive captar recurso. Agora, isso tem sido feito sistematicamente e tem funcionado. Deixamos, ainda, o projeto de Líderes e Vencedores completamente modificado, com mais duas categorias: Educação e Microempreendedor. Além disso, a criatividade nos eventos tem nos diferenciado: trouxemos palestrantes para o Tá na Mesa, que mantivemos rigorosamente todas as quartas-feiras.
Jornal do Comércio - E na ACPA quais são os destaques?
Russowsky - Temos o Bom dia Associados, que está a mil. Há os meetings e a Câmara de Arbitragem. Fizemos o primeiro congresso de Arbitragem do Rio Grande do Sul. Agora, a Câmara Fecomércio-RS está conosco, foi uma medida muito interessante do presidente Luiz Carlos Bohn. A Câmara de Arbitragem é uma nova atividade importantíssima para a Federasul institucionalmente e financeiramente. Fizemos também a Exponegócios, que não fazíamos há 10 anos e foi um sucesso.
JC - Quais são as projeções para a economia? A situação pode piorar ou chegamos ao fundo do poço?
Russowsky - Não chegamos no fundo do poço. As coisas não vão piorar, elas estão piorando. É uma tendência. Quando começa um processo, ele vai se desenrolando, tem consequências. Não tem como identificar o que é o fundo do poço. A inflação pode ter começado a diminuir, mas isso tem um preço: ela está caindo porque a economia está piorando. Temos menos emprego, menos renda, menos capacidade de consumo e menos pressão sobre os preços, aí a inflação diminui, mas não é algo satisfatório. Não dá para dizer qual é a extensão desse poço.
JC - O que levou a esse cenário?
Russowsky - Uma má condução do processo econômico, não respeitando os acontecimentos mundiais. O ex-presidente Lula disse que a crise econômica internacional era uma marolinha e não um tsunami e ficou na praia sentado. Esse tsunami abrangeu o mundo todo e pegou o Brasil.
JC - Qual é o papel das entidades empresariais agora?
Russowsky - Para poder equilibrar isso tudo que foi feito, nós temos que sofrer muito mais. Por isso, a nossa luta contra a CPMF.
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