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Política Monetária

- Publicada em 02 de Março de 2016 às 23:39

BC ignora inflação e mantém taxa básica de juros em 14,25% ao ano

O Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano mesmo com a inflação acima dos 10% em 12 meses até janeiro. É a quinta reunião consecutiva em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decide que a taxa deve permanecer inalterada.
O Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano mesmo com a inflação acima dos 10% em 12 meses até janeiro. É a quinta reunião consecutiva em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decide que a taxa deve permanecer inalterada.
A posição era esperada por 43 dos 45 economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg. Apenas dois previam alta da Selic: um estimava aumento de 0,25 ponto percentual e outro em 0,50 ponto percentual.
Seis membros do Copom votaram pela manutenção da taxa (Alexandre Tombini, Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso), enquanto dois (Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon) optaram por um aumento para 14,75% ao ano.
Nas últimas semanas, integrantes do Copom - incluindo o presidente do BC, Alexandre Tombini - vinham sinalizando que a Selic não deveria voltar a subir tão cedo. Eles argumentaram, em reuniões abertas e em encontros privados com participantes do mercado financeiro, que o cenário de recessão deveria conduzir os preços para mais perto da meta de inflação.
O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, disse, no mês passado, que as expectativas de piora das economias brasileira e mundial deve contribuir para a queda da inflação em 2016, mas que a instituição avaliava que "não pode descuidar de idiossincrasias e particularidades de nossa realidade", como a indexação de preços e a expectativa de inflação ainda alta neste e no próximo ano.
Para analistas, a decisão indica que o BC está mais preocupado com a retração da atividade econômica do que com o controle da inflação.
O IBGE divulga hoje o tombo do PIB brasileiro em 2015, que deve ficar em -3,9%, segundo economistas. Para 2016, tampouco a economia do País dá sinais de recuperação. A previsão é de nova queda do PIB neste ano. Em evento da Anbima realizado ontem, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e CEO da Mauá Capital, avaliou que a autoridade monetária não precisaria mais subir a taxa de juros, dado que o consumo está desacelerando. "O mérito estaria mais em esperar (para elevar juros) do que em ser ativista", disse.
Em janeiro, o Copom surpreendeu o mercado ao manter a taxa no atual patamar. À época, as projeções eram de alta para 14,50% ou 14,75%. No dia do primeiro de dois encontros do Copom para decidir a nova Selic, Tombini sinalizou que não haveria mais espaço para alta da taxa. Até então, a comunicação do BC era pela elevação, que mirava o controle da inflação.
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Entidades reagem à decisão do Copom

"O combate ao avanço dos preços deveria vir também da política fiscal, mas os governos apresentam muita dificuldade de controlar os seus gastos. Nos parece que só há uma saída plausível no curto prazo: o encaminhamento urgente de reformas estruturais pelo Congresso", comentou o presidente da Fiergs, Heitor Müller, ao avaliar a decisão do Copom.
Segundo Müller, a contínua piora no cenário macroeconômico brasileiro, em recessão desde o segundo trimestre de 2014, certamente pesou na decisão do Banco Central. "Entretanto, alertamos que os níveis de inflação continuam extremamente elevados e se acelerando, o que prejudica ainda mais o planejamento de longo prazo das empresas", afirmou.
Na análise da Fecomercio-SP, um conjunto de equívocos de política econômica colocou o País em uma verdadeira encruzilhada. Na avaliação da entidade, esperar que a retração da atividade econômica e o aumento do desemprego segurem a inflação diante de tal cenário parece ser praticamente a única opção viável do BC.